Tirzepatida: o que se sabe sobre nova promessa contra obesidade
Medicamento em processo de autorização apresentou resultados significativos em ensaios clínicos realizados com pacientes acima do peso
atualizado
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O medicamento tirzepatida, que ainda não tem aprovação para uso e nem nome comercial, é encarado como uma promessa para tratar a a obesidade e, tem sido comparado favoravelmente à semaglutida, base da fórmula do Ozempic, usado off label com o mesmo objetivo. Na última quinta-feira (28/4), informações sobre os resultados de fase 3 do medicamento foram divulgadas pela primeira vez e impactaram a comunidade médica.
O tirzepatida foi desenvolvida pelo laboratório Eli Lilly e os ensaios clínicos de eficácia e segurança contaram com a participação de 2.539 pessoas com quadros de obesidade e sobrepeso. Os voluntários conseguiram perder cerca de 22,5% de seu peso corporal – 24 quilos em média – com doses de 5 mg, 10 mg e 15 mg. No grupo controle, que tomou placebo, a perda de peso foi de cerca de 2,4% do peso corporal, média de 5 quilos.
“Os resultados mostram uma magnitude na perda de peso nunca antes vista com nenhum outro medicamento. A tirzepatida mostrou que, no tratamento da obesidade e sobrepeso, esse medicamento tem uma potência superior a qualquer outro usado até hoje”, afirma o endocrinologista André Vianna, presidente da regional do Paraná da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD). O especialista lembra, entretanto, que os resultados foram alcançados associando o remédio à alimentação controlada e exercícios físicos.
Ação
O medicamento age em três frentes: melhora o metabolismo dos pacientes, reduz o apetite e ajuda a controlar o açúcar no sangue. O efeito é obtido mimetizando o peptídeo inibidor gástrico, um hormônio secretado no intestino durante a digestão. Os primeiros estudos descobriram que a molécula criada em laboratório consegue ativar os receptores GLP-1 e GIP, o resultado prático é a diminuição na ingestão de alimentos e o aumento no gasto de energia.
O remédio ainda não está à venda. A farmacêutica Eli Lilly, que no Brasil usa apenas o nome Lilly, ainda precisa obter a aprovação para que o remédio entre no mercado. Nos Estados Unidos, a farmacêutica já deu início ao pedido de autorização e, a expectativa é que ela seja dupla, com indicação tanto para a obesidade quanto para diabetes. O Ozempic possui autorização apenas para tratar diabetes, apesar de estudos já terem comprovado que ele funciona contra a obesidade.
Obesidade
A obesidade é caracterizada por IMC (índice de massa corporal) acima de 30 kg/m² – uma conta feita levando em consideração peso e altura. O tratamento atual para o problema é a cirurgia bariátrica, mas nem todos os pacientes obesos têm indicação para realizá-la ou querem se submeter a ela.
Dados da pesquisa Vigitel 2021, do Ministério da Saúde, divulgados em abril mostram que 22,4% da população brasileira está obesa. Os casos correspondentes ao excesso de peso (IMC ≥25 kg/m2) totalizam 57,2%. A obesidade é considerada uma doença crônica e pode ser o resultado de uma predisposição genética e/ou de alterações metabólicas.
“Muitas pessoas acham que só é obeso quem come demais, mas isso é um grande mito e até um preconceito que temos na sociedade. O excesso de peso é uma doença séria, que, se não tratada, pode resultar em outras doenças associadas, como diabetes tipo 2, hipertensão, aumento do colesterol e triglicérideos, acúmulo de gordura no fígado, infarto do miocárdio e AVC”, afirma André Vianna.