Entenda o surto de virose no litoral paulista e quando buscar ajuda
Devo ir ao hospital com virose? Quais as causas da doença? Gastroenterologistas respondem às principais dúvidas
atualizado
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Os serviços de saúde nas cidades do litoral paulista enfrentam um aumento significativo de atendimentos médicos devido a um surto de virose. Guarujá, Santos, Praia Grande e São Sebastião registraram centenas de pessoas procurando atendimento com sintomas como diarreia, vômitos e febre. Alguns casos podem evoluir gravemente: a morte de uma mulher de 29 anos no sábado (4/1) está sendo investigada como uma possível consequência das viroses.
No Guarujá, mais de 2 mil pessoas foram diagnosticadas com gastroenterocolite, levando a prefeitura a suspeitar de vazamentos clandestinos de esgoto na praia da Enseada como possível causa. Com o aumento expressivo de casos, é importante estar atento às possíveis complicações da doença.
Para ajudar na prevenção e no controle dos sintomas, o Metrópoles elaborou um tira-dúvidas sobre a virose. Confira:
O que é uma virose?
O termo “virose” é usado popularmente para descrever diversas infecções virais que afetam o trato gastrointestinal, mas, na prática médica, o diagnóstico mais preciso é de gastroenterocolite, uma inflamação que causa os sintomas. A condição pode ser desencadeada por vírus como rotavírus e norovírus, mas também por bactérias e parasitas, o que torna o termo genérico.
Durante o verão, predominam os enterovírus, que se propagam por ingestão de alimentos e água contaminados ou contato com superfícies infectadas.
Quais são os sintomas?
Os sintomas típicos de uma virose gastrointestinal incluem náuseas, vômitos, diarreia e cólicas abdominais. Os casos mais graves podem levar a febre, desidratação e fraqueza intensa.
A perda de líquidos é a consequência mais preocupante da doença. “Nos casos severos, a desidratação pode levar a complicações como insuficiência renal. Pessoas idosas costumam ser atingidas mais intensamente, por isso é preciso redobrar o cuidado com eles”, alerta a gastroenterologista Luciane Milani, do Hcor.
Quando procurar um hospital?
A maioria das viroses pode ser tratada em casa, com hidratação e repouso. Em geral, os sintomas desaparecem em dois dias. No entanto, em alguns casos, especialmente em crianças, idosos e pessoas imunocomprometidas, os sinais da condição podem durar mais tempo e causar uma desidratação com graves consequências.
Por isso, a gastroenterologista Maira Marzinotto, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, recomenda que se deve buscar o médico quando aparecerem complicações mais graves, como febres, ou com a persistência dos sintomas por muitos dias.
“Se houver um grande desconforto, como febre maior que 38.8º em adultos ou 38.3º em crianças, sangue nas fezes, diarreia que se estende por mais de três dias, fraqueza, sede excessiva e vômitos sem controle, é importante buscar ajuda de um especialista e evitar a automedicação”, orienta.
Durante os dias de sintomas, qual deve ser a alimentação?
Como a infecção afeta o sistema digestivo, manter uma dieta leve e equilibrada é crucial. Alimentos como arroz, purê de batata, frango e legumes cozidos ajudam a manter o organismo nutrido para combater a doença, mas sem sobrecarregá-lo. Por isso, alimentos ricos em gorduras, laticínios e crus devem ser evitados durante a crise.
“Quanto à alimentação, opte por refeições leves, balanceadas, que vão lhe sustentar e dar energia. É fundamental também hidratar-se bem, além de deixar o corpo repousar e manter uma boa rotina de sono”, recomenda o gastroenterologista Guilherme Berenhauser Leite, de São Paulo.
Quem contraiu virose pode tomar banho de mar e piscina?
Os especialistas aconselham cautela, já que a principal forma de transmissão da doença é feita com a ingestão de pequenas partículas de fezes. Estar em ambientes como a praia aumenta os riscos de exposição de outras pessoas à doença, por isso o ideal é esperar no mínimo dois dias depois dos sintomas para voltar à água.
Como prevenir a virose?
A higiene pessoal e a manipulação correta de alimentos são fundamentais, já que os vírus podem ser ingeridos através da alimentação: gelo de origem desconhecida, por exemplo, costuma ser uma fonte contaminante, já que as baixas temperaturas não matam os vírus.
Para evitar a contaminação, os médicos recomendam lavar as mãos com frequência, higienizar frutas e verduras com solução de hipoclorito e consumir água de procedência segura. Em locais em surto, evitar o consumo de alimentos de vendedores ambulantes também é uma medida preventiva eficaz.
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