Thaís Alencar é primeira mulher habilitada para operar com robô no DF
Médica recebeu certificação internacional para usar equipamento que permite a realização de cirurgias mais precisas e menos invasivas
atualizado
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Thaís Alencar, 38 anos, é a primeira cirurgiã certificada do Distrito Federal para operar com robô. Coloproctologista há mais de uma década, a médica irá realizar pela primeira vez o procedimento, considerado minimamente invasivo, neste domingo (23/06/2019), no Hospital Brasília, durante uma cirurgia para tratamento de um câncer de reto.
Brasília tem outros cirurgiões certificados na área de urologia além de Thaís, e há também colegas mulheres na sua especialidade. No entanto, ela será a primeira profissional do sexo feminino a operar com o auxílio da máquina no DF. “A área cirúrgica sempre foi considerada eminentemente masculina. Apesar de haver muitas mulheres cirurgiãs, ainda pode se perceber um certo preconceito”, relata Thaís, que participa da Sociedade Brasileira de Coloproctologia, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Videolaparoscópica e do Colégio Brasileiro de Cirurgiões.
Segundo ela, conciliar a vida profissional e a maternidade sempre foi desafiador. Com filhas pequenas, uma de 7 e outra de 6 anos, a médica contou com o apoio da mãe para realizar o curso de robótica e se dedicar aos treinamentos. “Naturalmente, minhas filhas me demandam atenção e cuidado. Ao mesmo tempo, a área em que atuo exige uma dedicação enorme, especialmente em virtude das horas em sala cirúrgica e do acompanhamento constante do pós-operatório”, relata.
Para obter a certificação, Thaís passou por um longo processo de validações desenvolvido pela empresa internacional Intuitive. Além da etapa on-line de testes e simulados, são exigidas pelo menos 20 horas de atividades práticas e, por fim, o candidato passa por uma avaliação internacional, na qual uma operação semelhante com o uso do robô é realizada em um animal. Thaís cumpriu com sucesso esta última etapa no início de junho, em Bogotá, na Colômbia.
Algumas das vantagens da cirurgia robótica em relação ao modelo de videolaparoscopia são: melhor visualização da área operada, menor dor no pós-operatório, menores chances de infecções, maior amplitude de movimento de punho e facilidade para alcançar regiões mais difíceis e para dar pontos em locais mais estreitos.
Os procedimentos chegaram no Brasil em 2008, mas ainda são pouco difundidos. No caso da especialidade de Thaís, a coloproctologia, a cirurgia robótica pode ser usada em tumores de cólon e/ou reto, além de doença diverticular dos cólons e endometriose intestinal.