1 de 1 Foto mostra faixo de luz vermelha sendo aplicada por pessoa de jaleco no rosto de uma mulher
- Foto: Brás Muniz / IFSC-USP
Uma terapia criada por físicos da Universidade de São Paulo (USP) está perto de chegar aos pacientes com câncer de pele tratados no Sistema Único de Saúde (SUS). A técnica é capaz de remover 93% dos tumores.
A comissão responsável por aprovar novas tecnologias adotadas no SUS (Conitec) recomendou incorporar a terapia fotodinâmica desenvolvida pelos físicos como uma alternativa tanto para diagnóstico quanto para tratamento do carcinoma basocelular, o tipo de câncer de pele mais frequente no Brasil e no mundo.
De acordo com a comissão, esta é a primeira vez que uma universidade brasileira consegue incorporar uma tecnologia no SUS a partir de inovações tecnológicas integralmente desenvolvidas e testadas no Brasil.
O que é a terapia?
A terapia fotodinâmica usa uma combinação de cremes especiais sensíveis à luz que são estimulados por luzes vermelhas durante o tratamento. A iluminação especial ativa as reações em cadeia capazes de matar as células cancerígenas depois que elas absorvem as substâncias do creme.
Além disso, os pesquisadores brasileiros criaram um dispositivo que permite visualizar melhor o câncer de pele, permitindo identificar as margens da lesão e aplicar o tratamento de forma mais direcionada em tumores que estão na fase inicial.
“A indicação para incorporação no SUS é uma grande conquista. O Brasil pode ser o primeiro país a oferecer a terapia fotodinâmica no sistema público de saúde”, avalia a professora do Instituto de Física de São Carlos da USP e uma das criadoras da técnica, Cristina Kurachi.
A técnica foi avaliada em ensaios clínicos em 72 hospitais do Brasil. Ao menos 2 mil pessoas foram tratadas, e a tecnologia não gerou cicatrizes nem apresentou efeitos colaterais além de ardência.
Como funciona a técnica?
Após identificado o contorno exato da lesão, é aplicado um creme que passa três horas sendo absorvido pela pele. Essa pomada aumenta a sensibilidade para as sessões de 20 minutos de luz LED vermelha e intensa na região. O procedimento elimina a lesão enquanto a pele saudável é preservada.
O tratamento ocorre geralmente em duas sessões, com um intervalo de uma semana entre elas. A terapia foi capaz de eliminar até 93% dos tumores observados nas fases de estudo, que em geral não voltam a aparecer: após a aplicação, o índice de remissão permanece em 90%.
A terapia foi criada para tratar carcinoma basocelular, que é o mais frequente entre todos os tipos de câncer de pele diagnosticados. Atualmente, a primeira linha de tratamento do SUS é uma cirurgia para a retirada das lesões.
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O câncer de pele é o tipo de alteração cancerígena mais incidente no país, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca). A enfermidade pode aparecer em qualquer parte do corpo e, quando identificada precocemente, apresenta boas chances de cura
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A exposição solar exagerada e desprotegida ao longo da vida, além dos episódios de queimadura solar, é o principal fator de risco do câncer de pele. Segundo o Inca, existem diversos tipos da doença, que geralmente são classificados como melanoma e não-melanoma
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Os casos de não-melanoma são mais frequentes e apresentam altos percentuais de cura. Além disso, esse é o tipo mais comum em pessoas com mais de 40 anos e de pele clara
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O melanoma, por sua vez, tem menos casos registrados e é mais grave, devido à possibilidade de se espalhar para outras partes do corpo. Por isso é importante fazer visitas periódicas ao dermatologista e questionar sobre sinais suspeitos
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Apesar de ser um problema de saúde que pode afetar qualquer pessoa, há perfis que são mais propensos ao desenvolvimento do câncer de pele, tais como: ter pele, cabelos e olhos claros, histórico familiar da doença, ser portador de múltiplas pintas pelo corpo, ser paciente imunossuprimido e/ou transplantado
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Segundo especialistas, é importante investigar sempre que um sinal ou pinta apresentar assimetria, borda áspera ou irregular, duas ou mais cores, ter diâmetro superior a seis milímetros, ou mudar de tamanho com o tempo. Todos esses indícios podem indicar a presença de um melanoma
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Os primeiros sinais de não-melanona tendem a ter aparência de um caroço, mancha ou ferida descolorida que não cicatriza e continua a crescer. Além disso, pode ter ainda aparência lisa e brilhante e/ou ser parecido com uma verruga
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O sinal pode causar coceira, crostas, erosões ou sangramento ao longo de semanas ou até mesmo anos. Na maioria dos casos, esse câncer é vermelho e firme e pode se tornar uma úlcera. As marcas são parecidas com cicatrizes e tendem a ser achatadas e escamosas
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O câncer de pele geralmente aparece em partes do corpo onde há maior exposição ao sol, estando muito associada à proteção inadequada com filtros solares
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De acordo com o Instituto Nacional do Câncer, o não-melanona tende a ser completamente curado quando detectado precocemente. Ele raramente se desenvolve para outras partes do corpo, mas se não for identificado a tempo, pode ir para camadas mais profundas da pele, dificultando o tratamento
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O diagnóstico do câncer de pele é feito pelo dermatologista por meio de exame clínico. Em determinadas situações, pode ser necessária a realização do exame conhecido como "Dermatoscopia", que consiste em usar um aparelho que permite visualizar camadas da pele não vistas a olho nu. Em situações mais específicas é necessário fazer a biópsia
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Segundo o Ministério da Saúde, “a cirurgia oncológica é o tratamento mais indicado para tratar o câncer de pele para a retirada da lesão, que, em estágios iniciais, pode ser realizada sem internação”
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Ainda segundo a pasta, “nos casos mais avançados, porém, o tratamento vai variar de acordo com a condição em que se encontra o tumor, podendo ser indicadas, além de cirurgia, a radioterapia e a quimioterapia”
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Entre as recomendações para a prevenção do câncer de pele estão: evitar exposição ao sol, utilizar óculos de sol com proteção UV, bem como sombrinhas, guarda-sol, chapéus de abas largas e roupas que protegem o corpo. Além, é claro, do uso diário de filtro solar com fator de proteção solar (FPS) 15 ou mais
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Aprovação na Conitec
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) observou vantagens do procedimento em relação à cirurgia pelo fato de ser uma terapia mais simples, e já existem profissionais capacitados e estrutura instalada para usar o equipamento.
Em 2020, a mesma terapia havia sido rejeitada pela Conitec. Na ocasião, a comissão considerou que havia poucas informações sobre a segurança do procedimento. O processo voltou a ser submetido com mais detalhes em 2021 e estava em análise desde então.
Após essa aprovação, a técnica deve, segundo a Lei nº 12.401/2011, ser incorporada pelo SUS em até 180 dias — a previsão é que ela esteja disponível ao público no início de 2024. Esse prazo se faz necessário para os trâmites operacionais de negociação de preço, compras, distribuição e elaboração de protocolos para uso.
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