Ter muitos amigos melhora a saúde intestinal, diz estudo com macacos
Pesquisadores da Universidade de Oxford sugerem que o mesmo pode ocorrer com os seres humanos que têm muitos amigos
atualizado
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Estar na companhia de bons amigos, compartilhando momentos agradáveis, tem um efeito imediato no nosso estado de felicidade e saúde mental. Um estudo feito na Universidade de Oxford, no Reino Unido, mostra que os impactos positivos da amizade podem se refletir também na saúde do intestino, com ganhos para o sistema imunológico.
A descoberta foi feita por cientistas do Departamento de Psicologia Experimental de Oxford a partir da análise de 50 amostras de fezes de macacos da espécie rhesus que vivem em uma ilha na costa de Porto Rico. Os resultados foram publicados na revista científica Frontiers in Microbiology nesta sexta-feira (11/11).
De acordo com a principal autora do estudo, Katerina Johnson, existe uma associação bem conhecida entre a quantidade e a qualidade das relações sociais e a saúde, que é mediada em parte pelo sistema imunológico. O novo estudo comprova as evidências a partir do microbioma intestinal.
“É interessante que nossas descobertas reflitam isso no nível do microbioma intestinal, uma vez que ele regula a resposta imune. Nossas bactérias podem desempenhar um papel na ligação entre a vida social e saúde”, explica Katerina em um comunicado da universidade.
Bactérias boas
Os pesquisadores mediram os níveis de conexão social dos macacos calculando a quantidade de tempo que cada um passava no próprio asseio ou limpando outros, e a quantidade de “parceiros de limpeza”. A partir das amostras das fezes, eles analisaram o DNA do material coletado para entender a saúde intestinal dos primatas.
Os macacos mais sociáveis continham maior quantidade de bactérias boas no sistema digestivo, como a Faecalibacterium, conhecida pelas propriedades anti-inflamatórias e benefícios ao sistema imunológico. A presença desses microrganismos é importante para a saúde geral, reduzindo o risco de doenças do coração e diabetes, por exemplo.
Esses primatas também eram menos propensos a ter bactérias nocivas, como a Streptococcus, um tipo altamente infeccioso em seres humanos, que pode causar doenças como faringite e pneumonia.
“É particularmente impressionante que encontramos uma forte relação positiva entre a abundância do micróbio intestinal Faecalibacterium e o quão sociáveis os animais são”, diz Katerina.
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Os pesquisadores levantaram a hipótese de que a abundância de bactérias boas pode ser resultado de um efeito direto ou indireto. No primeiro caso, quando os macacos limpam uns aos outros, eles transmitem os microrganismos.
“Obviamente, a ação pode transmitir microrganismos desagradáveis, como todos sabemos agora em relação à Covid-19, mas também estamos transmitindo muitas opções inofensivas e benéficas”, sugere Katerina.
A segunda hipótese é que a maior interação social reduz os níveis de estresse, impactando a qualidade das bactérias do intestino. “Nossas descobertas também podem refletir um efeito indireto, pois sabemos que as amizades são muito boas para proteger contra o estresse, conhecido por afetar negativamente nossa comunidade microbiana intestinal”, acrescenta a autora do estudo.
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