Teich compara lei que autoriza ozonioterapia à liberação da cloroquina
O ex-ministro da Saúde criticou a aprovação da lei pela falta de evidências científicas que comprovem os benefícios da ozonioterapia
atualizado
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O ex-ministro da Saúde Nelson Teich usou as redes sociais para criticar a lei que autoriza o uso da ozonioterapia como terapia complementar a outros tratamentos de saúde. A lei foi sancionada na última segunda-feira (7/8) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Teich comparou a lei à liberação da cloroquina durante a pandemia de Covid-19, lembrando que falta comprovação científica a ambas. “A liberação de uso da ozonioterapia é na sua essência similar à liberação da cloroquina para Covid-19. Na minha opinião, essa liberação da ozonioterapia foi um erro”, escreveu no X (antigo Twitter).
“Os momentos são distintos. Agora não temos o caos, o medo, a pressão, a politização e a polarização do período agudo da Covid-19, por isso as duas discussões podem parecer diferentes, mas não são”, continuou.
Para o médico oncologista, a decisão mostra como é difícil o sistema de saúde ser conduzido de forma técnica e científica.
“Quando um gestor em saúde libera e recomenda uma tecnologia, ele precisa projetar não só os benefícios e riscos com o uso recomendado e adequado do produto, mas também os problemas que vão acontecer com o uso indiscriminado e inadequado”, disse na rede social. Veja a íntegra aqui.
O oncologista teve uma passagem breve pelo Ministério da Saúde em 2020, deixando a pasta após 29 dias de trabalho. Naquele ano, declarou que a insistência do então presidente Jair Bolsonaro em adotar um protocolo para o uso amplo da cloroquina contra a Covid-19 foi um dos principais motivos para deixar o cargo.
O que é a ozonioterapia?
A ozonioterapia é uma técnica minimamente invasiva que utiliza o ozônio como agente terapêutico a partir de aplicação na boca, na corrente sanguínea ou no reto.
Os defensores afirmam que a ozonioterapia melhora a oxigenação e a circulação do sangue, aumenta a ação anti-inflamatória do corpo, além de melhorar a imunidade, diminuir a dor e o inchaço e combater microrganismos.
A lei sancionada na segunda-feira define que o tratamento com ozonioterapia deve ser realizado de forma complementar às outras alternativas, com equipamento de produção de ozônio medicinal regularizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
A técnica também deve ser aplicada por um profissional de saúde com nível superior, inscrito no conselho de fiscalização da área.
A decisão divide opiniões, pois não existem evidências científicas que comprovem os benefícios da ozonioterapia em todas as áreas. A Anvisa só libera o uso da técnica para consultórios odontológicos e clínicas de estética.
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