Dispositivos individuais são tendência para monitorar saúde do coração
Aparelhos podem ajudar os médicos a avaliar a saúde cardíaca de seus pacientes. Um deles pode até realizar eletrocardiogramas em casa
atualizado
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Cada vez mais populares, os smartwatches também podem ajudar a saúde do usuário. Uma resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicada em agosto de 2024 passou a considerar um relógio de pulso da fabricante Huawei como um dispositivo médico, assim como ocorreu com o Apple Watch anteriormente, facilitando o acesso ao aparelho.
Os relógios são parte da tecnologia que está se aprimorando para facilitar o monitoramento da saúde do coração de pacientes 24h por dia. O Congresso Brasileiro de Cardiologia 2024, que será realizado em Brasília entre sexta e domingo (20 a 22/9), apresentará vários dispositivos desse tipo: para os cardiologistas, o equipamento pode ajudar a diminuir os riscos de desenvolvimento de doenças cardíacas graves e inclusive prevenir o infarto.
“Ao monitorar e tratar adequadamente a pressão arterial, estudos demonstram que é possível reduzir o risco de infarto do miocárdio em até 25%, além de diminuir significativamente as chances de AVC, insuficiência cardíaca e doença renal crônica”, explica o cardiologista Audes Feitosa, do departamento de Hipertensão da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).
Para o presidente da SBC, Weimar Kunz Sebba Barroso de Souza, os dispositivos são uma ferramenta importante para diminuir as mortes no Brasil. “As doenças cardíacas são responsáveis por mais de 30% dos óbitos no país: são quase mil falecimentos por dia. Esses números expressivos preocupam, sobretudo diante do fato que são condições que poderiam ser prevenidas e tratadas”, afirma.
Eletrocardiograma dentro de casa
Os dispositivos individuais têm evoluído tanto que, hoje, são capazes de realizar exames com a precisão de um eletrocardiograma sem sair de casa. Um desses equipamentos, aprovado pela Anvisa em 2022, passou a ocupar recentemente as prateleiras das farmácias e é um dos destaques do Congresso, com uma mesa dedicada aos seus resultados.
O Omron Complete é capaz de monitorar a pressão e realizar um eletrocardiograma com resultados emitidos em 30 segundos e que são enviados diretamente para o médico do paciente. O aparelho é especialmente importante para detectar casos de fibrilação arterial, que multiplica por cinco o risco de AVC em indivíduos não tratados.
“A detecção precoce e o controle da fibrilação atrial são fundamentais para evitar derrames, que podem ocorrer em até 5% dos casos não tratados a cada ano. O uso desse tipo de dispositivo permite um controle mais abrangente da saúde cardiovascular”, completa Feitosa.
Um estudo publicado na Revista da SBC nesta sexta-feira (20/9) usou o equipamento para monitorar a saúde cardíaca de 408 voluntários com três exames realizados diariamente. Em apenas um dia de uso, 13 participantes apresentaram fibrilação e 120 foram apontados como de alto risco. O grupo com mais chances de ter problemas cardíacos foi monitorado por mais sete dias pelo Omron Complete, e mais 43 casos de fibrilação arterial foram identificados. Assim, 13,7% dos voluntários foram diagnosticados com a ajuda do equipamento.
“Ele passa a ser especialmente útil para as pessoas com risco aumentado de fibrilação, como são os idosos, hipertensos, cardiopatas, e pacientes com insuficiência cardíaca. Com este tipo de dispositivo, a gente consegue monitorar de perto a doença e conseguir um diagnóstico preciso sem fazer o paciente sair de casa”, afirma o cardiologista.
Para Feitosa, o avanço da tecnologia de monitoramento cardíaco tem sido tão expressivo que é possível pensar um futuro em que o uso dos aparelhos se torne tão frequente que exames mais complexos, como o Holter, que registra o ritmo cardíaco continuamente por 24 horas ou mais, possa ser feito de forma facilitada.
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