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Conheça a cesariana MAC, que permite à mãe tirar bebê do próprio útero

Embora não seja aconselhada por todos os obstetras, está crescendo a quantidade de procedimentos desse tipo no mundo

atualizado

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Samara Christtiny/Divulgação
Imagem colorida mostra mulher deitada em maca com as mãos de luva, para cima, enquanto um homem segura sua cabeça e duas pessoas fazem a operação - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida mostra mulher deitada em maca com as mãos de luva, para cima, enquanto um homem segura sua cabeça e duas pessoas fazem a operação - Metrópoles - Foto: Samara Christtiny/Divulgação

Para tentar humanizar o parto cesário, algumas mulheres estão optando pela cesariana assistida pela mãe (MAC, na sigla em inglês). A técnica obstétrica permite que as mulheres retirem o filho do próprio útero durante o parto.

A cesariana MAC permite que a mãe seja a primeira a tocar o bebê e se encarregue ela própria de trazê-lo ao peito. Apesar de estar ganhando adeptos em vários países, inclusive no Brasil, o método não é consenso entre os obstetras.

A maioria dos procedimentos envolve o uso de anestesia local, permitindo às mulheres manterem o controle dos braços. Com a ajuda dos médicos e usando luvas e equipamentos cirúrgicos esterilizados, a mãe tem as mãos guiadas até o útero para ela que possa levantar o bebê e trazê-lo ao seu colo.

Os defensores dizem que o método ajuda as mães a se relacionarem com seus bebês, humanizando a cesariana. Alguns médicos, porém, se posicionam contra, afirmando que a técnica pode ferir o protocolo de segurança da cirurgia.

Uso da cesariana MAC no Brasil

A doula e fotógrafa de partos Samara Christtiny, de Goiânia, afirma ter acompanhado sete partos que já usaram esta técnica de cesariana. “Aqui é uma novidade, poucos médicos fazem, mas aumentou bastante o interesse nos últimos meses”, conta.

“É bonito participar deste momento porque o neném vai direto para o colo da mãe, como acontece em muitos partos normais. Isso tem feito toda a diferença para as mães. A gente vê que quando ela traz o neném, ela se sente protagonista do momento, tem o primeiro aconchego”, explica Samara.

A maioria dos partos acompanhados por Samara que fizeram a MAC foram com a obstetra Mariana Costa Borges, também de Goiânia. Defensora da técnica, ela compartilha em suas redes vídeos de mães que auxiliou neste tipo de parto.

“Várias mulheres buscam um parto humanizado, independente da via, vaginal ou cesárea. A cesariana assistida pela mãe é uma maneira de humanizar a cirurgia, permitindo que a mãe tenha um contato mais íntimo com o bebê desde o momento que ele sai do seu útero”, afirma Mariana.

Cesariana assistida levanta debate entre obstetras

A Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) não possui um posicionamento oficial sobre a prática, mas, ao ser procurada pelo Metrópoles, retornou com respostas de dois de seus conselheiros que são contrários à MAC.

Para o obstetra Elias Ferreira de Melo, membro da Comissão de Assistência ao Abortamento, Parto e Puérperio da Febrasgo, não há uma restrição clara para a prática, mas tampouco pesquisas que a endossem.

“Temos observado um aumento de relatos de profissionais que estão fazendo esse procedimento, porém é um número bem pequeno ainda. A prática não tem respaldo científico adequado, não há ainda nenhuma comprovação de malefício ou benefício. Alguns profissionais encaram como uma atitude que acrescenta riscos sem benefícios definidos, já que dependendo de como ela ocorre, porém, pode haver contaminação e um risco aumentado de infecção”, afirma ele.

O obstetra Ricardo Porto Tedesco, da mesma comissão, complementa dizendo que ele mesmo não vê o procedimento com bons olhos, mas é preciso uma avaliação criteriosa para saber se a “prática invasiva” de fato contribui para a humanização do parto.

“Não existe norma sobre este tipo de cesariana, então vai da prática médica. Há hospitais que não permitem e outros que oferecem o serviço. Tudo tem prós e contras. A mãe tem uma maior participação, ela é a primeira a receber o filho. No entanto, é um pouco invasivo, é uma manipulação de um corpo durante a cirurgia por alguém que não tem a experiência ou não está habituada com isso. Vamos precisar de mais tempo para avaliar se essa prática vai trazer algum prejuízo ou aumentar o risco de complicações infecciosas”, aponta ele.

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