Tarcísio Meira: idosos vacinados com Coronavac devem tomar dose reforço?
A morte do ator, que já estava imunizado, levantou dúvidas sobre a eficácia do imunizante chinês para o grupo acima de 60 anos
atualizado
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A morte do ator Tarcísio Meira, nesta quinta-feira (12/8), foi seguida de uma série de dúvidas a respeito da vacinação contra a Covid-19, pois ele e a companheira Glória Menezes já estavam imunizados com as duas doses da vacina há cerca de cinco meses.
O casal tomou a segunda dose em 16 de março e o ator fez uma postagem no Instagram informando os fãs. De acordo com os dados da Secretaria de Saúde de São Paulo, Tarcísio e Glória receberam a Coronavac – único imunizante aplicado no município de Porto Feliz na data em que eles se vacinaram.
A vacina da farmacêutica chinesa Sinovac que, no Brasil, é fabricada pelo Instituto Butantan, apresentou eficácia menor para o grupo de idosos – justamente o grupo do qual Tarcísio fazia parte. Até aí, nada diferente do geral das outras vacinas, que também costumam ser menos efetivas por conta da menor resposta imunológica apresentada pelas pessoas mais velhas.
No entanto, ainda em maio, um estudo focado no grupo etário acima de 60 anos iniciou o debate sobre a necessidade de uma terceira dose para os idosos. De acordo com o trabalho, a taxa de proteção da Coronavac seria de apenas 28% para o grupo acima de 80 anos. No Chile, onde o imunizante também foi aplicado, as autoridades sanitárias já iniciaram uma campanha de reforço voltada aos idosos.
Na terça-feira (12/8), a própria Sinovac divulgou estudos que sugerem uma terceira dose da fórmula para adultos com 60 anos ou mais. Os resultados mostraram que o reforço pode representar um aumento significativo nos anticorpos que neutralizam o vírus que provoca a Covid-19.
O infectologista Alexandre Cunha, que atende no Hospital Sírio-Libanês e é vice-presidente da Sociedade de Infectologia do Distrito Federal, acredita que a dose reforço da Coronavac deve ser um assunto para logo mais. “No momento, a prioridade deve ser ampliar a vacinação”, defende.
A infectologista Ana Helena Germoglio concorda com o colega. “Na atual conjuntura, é injusto e inviável que um grupo receba a terceira dose, enquanto há muitas pessoas que não tiveram chance de tomar a primeira dose”, afirma. De acordo com ela, o esforço de vacinação coletivo faz com que o vírus circule menos, o que é melhor para todos os grupos etários.
Outro ponto é que a morte de Tarcísio Meira seria um caso excepcional, que comprova a informação já conhecida de que as vacinas não são 100% eficazes. Um levantamento divulgado pela Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Estadual Paulista (Unesp) na segunda-feira (12/8) informa que, entre os brasileiros que tomaram a segunda dose da vacina, 9.878 morreram, o que equivale a apenas 3,7% do total de vacinados.