Tarcísio Meira: como alguém pode morrer após as 2 doses da vacina?
Ator global de 85 anos já havia concluído o esquema de vacinação e, ainda assim, foi infectado e faleceu em decorrência da Covid-19
atualizado
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A morte do ator Tarcísio Meira, de 85 anos, nesta quinta-feira (12/8), levou alguns grupos antivacina a questionarem a eficácia dos imunizantes contra o coronavírus aplicados no Brasil. Isso porque o ator e a esposa dele, Glória Menezes, de 86 anos, estavam vacinados contra a Covid-19 há quase cinco meses. Os dois completaram o esquema de imunização em São Paulo e, no entanto, foram infectados pelo coronavírus.
Glória teve apenas sintomas leves e deve receber alta nesta quinta-feira (12/8). A infectologista Ana Helena Germoglio explica que o fato de o casal ter adoecido não quer dizer que os imunizantes sejam ineficazes. Ao contrário: segundo ela, esse é mais um argumento que reforça a importância de mais pessoas se vacinarem, para a construção da imunidade coletiva.
“Por melhor que seja a efetividade da vacina, ela não vai proteger 100%. Além disso, existem fatores intrínsecos que podem fazer com que a resposta ao estímulo provocado pela vacina seja menor que o esperado. A idade é um desses fatores”, ressalta a infectologista.
Em suas redes sociais, Germoglio fez uma comparação que ajuda a esclarecer como pessoas vacinadas, mesmo com as duas doses, ainda correm riscos de se infectar e vir a óbito. Para tornar o assunto mais claro, ela dá o exemplo do carro Volvo XC60, tido como o “carro mais seguro do mundo”.
Ana Helena observa que, mesmo dirigindo um Volvo, a pessoa pode sofrer sérios danos e até morrer, caso bata de frente com um caminhão. Sobre o ator, a especialista nota que, embora já estivesse vacinado com as duas doses, ele desenvolveu a forma grave da Covid-19.
“Com base em várias pesquisas anteriores, com as vacinas de influenza e pneumococo, já sabemos que idosos respondem menos às vacinas pelo princípio da imunossenescência. Sim, nosso sistema imune também envelhece”, explica.
A infectologista sugere que, além de se vacinarem, as pessoas não descuidem das medidas de proteção que viraram hábitos na pandemia: máscara, limpeza constante das mãos e distanciamento social.
“Por melhor que seja o carro, use o cinto de segurança e respeite os limites de velocidade. Por melhor que seja a vacina, use máscara e mantenha o distanciamento (até quando tivermos alta circulação viral). Por mais idoso, imunodeficiente ou outra comorbidade que tenha, vacine-se. A vacina reduz sua chance de ‘bater em alta velocidade contra um caminhão'”, afirma.