Suplementos podem reduzir risco de Covid-19 em mulheres, sugere estudo
Levantamento aponta que multivitamínicos, ômega-3, probióticos e vitamina D podem fortalecer sistema imunológico, prevenindo a infecção
atualizado
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Um estudo conduzido pela King’s College London sugere que a ingestão de alguns multivitamínicos, ômega-3, probióticos ou suplementos de vitamina D podem diminuir o risco de desenvolver Covid-19, especialmente entre mulheres. Em contrapartida, o trabalho, publicado na revista científica BMJ Nutrition Prevention & Health, aponta que o efeito não foi observado entre aqueles que tomaram suplementos de vitamina C, zinco ou alho.
O objetivo da pesquisa foi descobrir quais suplementos específicos poderiam ajudar, de fato, a fortalecer o sistema imunológico contra a infecção provocada pelo Sars-CoV-2. Para tentar responder a essa pergunta, os pesquisadores recorreram a dados de usuários do aplicativo Covid-19 Symptom Study. A meta foi avaliar se pessoas que tomavam regularmente suplementos eram menos propensas a testar positivo para Covid-19.
O aplicativo foi lançado no Reino Unido, nos Estados Unidos e na Suécia em março de 2020 para capturar informações relatadas pelos usuários sobre a evolução da pandemia. Além de dados como idade, localização e principais fatores de risco, os participantes fornecem atualizações diárias sobre sintomas, resultados de testes de coronavírus e cuidados de saúde.
Os pesquisadores analisaram dados de 372.720 assinantes do aplicativo no Reino Unido sobre o uso regular de suplementos em maio, junho e julho de 2020 durante a primeira onda da pandemia, bem como os resultados de qualquer teste de esfregaço de coronavírus.
Entre maio e julho, 175.652 usuários britânicos tomaram suplementos regularmente e 197.068 não o fizeram. Cerca de dois terços (67%) dos voluntários eram mulheres e mais da metade apresentava excesso de peso. Ao todo, 23.521 pessoas testaram positivo para Sars-CoV-2 e 349.199 testaram negativo entre maio e julho.
De acordo com os pesquisadores, tomar probióticos, ácidos graxos ômega-3, multivitamínicos ou vitamina D foi associado a um risco menor de apresentar a infecção provocada pelo Sars-CoV-2 em 14%, 12%, 13% e 9%, respectivamente. Nenhum desses efeitos foi observado entre aqueles que tomam suplementos de vitamina C, zinco ou alho.
Ao analisarem especificamente o gênero, idade e Índice de Massa Corporal (IMC), as associações protetoras para probióticos, ácidos graxos ômega-3, multivitamínicos e vitamina D foram observadas apenas em mulheres de todas as idades e pesos. Nenhuma associação tão clara foi observada em homens.
Polêmica
Embora a notícia pareça animadora, os pesquisadores chamam atenção para o fato do estudo ser observacional e, como tal, não ser capaz de estabelecer uma relação de causa e efeito a partir dos resultados. Outra limitação da pesquisa é ela ser baseada em dados relatados pelos próprios participantes. Também faltam informações sobre as doses ingeridas ou os ingredientes específicos de cada suplemento.
“Sabemos que uma variedade de micronutrientes, incluindo a vitamina D, são essenciais para um sistema imunológico saudável. Isso, por sua vez, é a chave para a prevenção e recuperação de infecções. Mas, até o momento, há poucas evidências convincentes de que tomar suplementos nutricionais tenha qualquer valor terapêutico além de manter a resposta imunológica normal do corpo”, afirmou Sumantra Ray, principal pesquisador do trabalho.
Ainda de acordo com Ray, o estudo não foi projetado especificamente para desvendar o papel dos suplementos nutricionais na prevenção da Covid-19. “Esta ainda é uma área emergente de pesquisa que necessita de estudos mais rigorosos antes que conclusões firmes possam ser tiradas sobre se suplementos nutricionais específicos podem ou não diminuir o risco de infecção por Sars-CoV-2”, reforça.
O uso de suplementos, como a vitamina D, no combate ou prevenção da Covid-19 é polêmico. Ao mesmo tempo em que alguns estudos mostram que a maioria dos internados com coronavírus tem níveis baixos de vitamina D e que a falta da substância pode aumentar o risco de quadros graves da doença, outros trabalhos recentes demonstram que a suplementação é ineficaz no tratamento da Covid-19.
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