Suplementação de vitamina D não funciona tão bem em obesos, diz estudo
Cientistas acreditam que o excesso de gordura atrapalha a absorção da vitamina D, relacionada à melhora do sistema imunológico e dos ossos
atualizado
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As pessoas com sobrepeso e as obesas têm uma resposta menor à suplementação de vitamina D, de acordo com um estudo publicado nessa terça-feira (17/1) na revista JAMA Network Open. Cientistas da Harvard Medical School, nos Estados Unidos, sugerem que o excesso de peso poderia prejudicar a capacidade do corpo de produzir ou processar a vitamina, levando a níveis mais baixos dela.
A vitamina D é conhecida como um importante hormônio para o fortalecimento do sistema imunológico, contribuindo com a prevenção de doenças, além de atuar na saúde dos ossos, musculatura e metabolismo.
O estudo foi baseado na análise de dados de 26 mil americanos saudáveis, com mais de 50 anos, inscritos em um grande estudo sobre suplementação de vitamina D, o The VITamin D and OmegA-3 TriaL (VITAL).
Os participantes foram acompanhados entre 2010 e 2018. Neste período, metade deles fez o uso diário de cápsulas de 2 mil UI de vitamina D, quantidade cinco vezes maior do que a recomendada pelas autoridades de saúde dos EUA. Os demais integraram o grupo controle, com placebo.
Os pesquisadores do Brigham and Women’s Hospital, um dos hospitais universitários da Harvard Medical School, observaram um risco geral 20% menor de morte por câncer entre as pessoas que suplementavam a vitamina. A ameaça foi ainda mais reduzida entre as pessoas com índice de massa corporal (IMC) mais baixos, variando de 30% a 40%.
Eles decidiram, então, analisar se o peso dos participantes tinha relação com a redução de risco e reanalisaram os dados de 16 mil pessoas – dessas, 6,6 mil tinham IMC que indicava sobrepeso e 4,4 mil, obesidade ou obesidade mórbida.
Os dois grupos tiveram aumento dos níveis de vitamina D no sangue durante o estudo de suplementação, mas ele foi significativamente menor do que em comparação ao grupo de pessoas com IMC abaixo de 25, considerado saudável. Os cientistas acreditam que as pessoas com excesso de gordura têm mais dificuldade para metabolizar os suplementos de vitamina D.
“Parece haver algo diferente acontecendo com o metabolismo da vitamina D em pessoas com IMC mais alto, e este estudo pode ajudar a explicar os resultados piores da suplementação para indivíduos com peso elevado”, escreve a epidemiologista Deirdre Tobias, principal autora do estudo, em um comunicado.
Os pesquisadores também sugerem que esse grupo pode ter níveis mais baixos de vitamina D porque as células adiposas a absorvem melhor do que outras e podem extraí-las do sangue, ou que o excesso de peso poderia “prejudicar” a capacidade do corpo de produzir ou processar a vitamina D, levando a níveis mais baixos. A personalização da dosagem poderia, então, ser uma opção para estas pessoas.
“Benefício mínimo naqueles com IMCs mais altos sugerem que pode ser possível obter bons resultados em toda a população com uma dosagem mais personalizada de vitamina D”, explica Deirdre.
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