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Subvariante XBB.1.5 pode causar nova onda de Covid no mundo? Entenda

Autoridades em saúde de todo o mundo tentam entender como a XBB.1.5 pode impactar o quarto ano da pandemia de Covid-19

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1 de 1 Na imagem colorida, uma mão segura um frasco com uma embalagem escrito ômicron - Foto: Getty Images

Os casos de Covid-19 provocados pela subvariante XBB.1.5 do coronavírus vêm aumentando nos Estados Unidos nas últimas semanas. O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) estima que a cepa representa cerca de 28% dos diagnósticos da doença no país e já esteja entre as mais prevalentes, colocando autoridades de saúde em alerta no quarto ano da pandemia.

Estudos sobre a XBB.1.5, apelidada por alguns cientistas como Kraken – uma espécie de monstro da mitologia nórdica que ameaçava os navegantes –, tentam prever se ela seria capaz de provocar uma nova onda global de Covid-19.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) acredita que sim, porém, classifica a avaliação de risco da cepa como “baixa”. “Com base em suas características genéticas e estimativas da taxa de crescimento inicial, a XBB.1.5 pode contribuir para aumentos na incidência de casos”, afirma o Grupo Consultivo Técnico sobre Evolução de Vírus (TAG-VE) da OMS.

Representantes do TAG-VE se reuniram na última semana para tratar da nova subvariante e fazer uma avaliação de risco pautada nas evidências disponíveis. Eles recomendam que os países priorizem estudos para abordar corretamente as incertezas relacionadas à vantagem de crescimento, fuga de anticorpos e gravidade da XBB.1.5.

Mais transmissível

A XBB.1.5 é uma sublinhagem de XBB, uma recombinante de duas sublinhagens BA.2, e carrega uma mutação vista com pouca frequência, mas que pode aumentar sua infectividade e garantir sua sobrevivência. A diretora da OMS, Maria Van Kerkhove, a classificou como a “mais transmissível já identificada”.

“A razão para isso são as mutações que estão dentro dessa subvariante da Ômicron, permitindo a esse vírus aderir à célula e se replicar facilmente. Estamos preocupados com a sua vantagem de crescimento, em particular em países europeus e nos Estados Unidos”, disse Maria em coletiva de imprensa no dia 4 de janeiro.

XBB.1.5 no mundo

Especialistas acreditam que, assim como ocorreu em ondas passadas, a XBB.1.5 deve se tornar dominante em alguns países porque não existem concorrentes compatíveis com as suas características.

Entre 22 de outubro de 2022 e 11 de janeiro de 2023, testes de sequenciamento genético confirmaram 5.288 casos de Covid-19 por XBB.1.5 em 38 países. Os Estados Unidos concentram a grande maioria deles (82,2%), seguidos pelo Reino Unido (8,1%) e Dinamarca (2,2%).

O primeiro caso brasileiro foi confirmado na última sexta-feira (6/1). A paciente é uma mulher de 54 anos, moradora da cidade de Indaiatuba, em São Paulo. Ela viajou para os Estados Unidos em outubro de 2022 e fez a coleta de exame de detecção do coronavírus no mês seguinte.

A prefeitura da cidade informou, em nota, que a paciente apresentou apenas sintomas leves e não precisou de internação. O marido e os dois filhos dela também cumpriram o isolamento domiciliar, embora não tenham manifestado sintomas.

O professor do Departamento de Saúde Coletiva da Universidade de Brasília (DSC/Faculdade UnB Ceilândia), Wildo Navegantes de Araújo, acredita que o vírus já esteja em circulação no país. “Quando um laboratório detecta a presença de um vírus, ele provavelmente já está em circulação há algum tempo. Pode estar em outros territórios brasileiros”, avalia.

Araújo afirma que o risco de uma nova onda está atrelado ao comportamento da população. “O surgimento de novas subvariantes por si só não deve provocar novas ondas. O que influencia é o comportamento do ser humano. Se nos posicionarmos em fazer a nossa parte, completando o esquema de vacinação e, sempre que possível, respeitar o uso das máscaras, vamos evitar mais casos graves, com risco de morte”, diz.

O especialista avalia que a retomada à “vida normal”, com encontros nas festas de fim de ano, férias, seguidas pela volta às aulas e Carnaval, podem contribuir para a transmissão da nova subvariante no país.

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A dose de reforço deve ser administrada com um intervalo mínimo de quatro meses após o indivíduo completar o esquema vacinal inicial. A aplicação extra serve para aumentar a quantidade de células de memória e fortalecer, ainda mais, os anticorpos que elas produzem
Especialistas destacam que uma das principais medidas proporcionadas pela dose de reforço consiste na ampliação da resposta imune. A terceira dose ocasiona o aumento da quantidade de anticorpos circulantes no organismo, o que reduz a chance de a pessoa imunizada ficar doente
Aos idosos e aos imunossuprimidos, a dose de reforço amplia a efetividade da imunização, uma vez que esses grupos não desenvolvem resposta imunológica adequada
Outra medida importante é a redução da chance de infecção em caso de novas variantes.  O anticorpo promovido pela vacina é direcionado para a cepa que deu origem à fórmula e, nesse processo, as pessoas também produzem anticorpos que possuem diversidade. Quanto maior o alcance das proteínas que defendem o organismo, maior é a probabilidade que alguns se liguem à variante nova
O diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e membro do Comitê Técnico Assessor do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, Renato Kfouri afirma que o esquema de mistura de vacinas de laboratórios diferentes é uma
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Diante do cenário de pandemia e da ampliação da dose de reforço, algumas pessoas ainda se perguntam qual é a importância da terceira dose da vacina contra a Covid-19

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A dose de reforço deve ser administrada com um intervalo mínimo de quatro meses após o indivíduo completar o esquema vacinal inicial. A aplicação extra serve para aumentar a quantidade de células de memória e fortalecer, ainda mais, os anticorpos que elas produzem

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Especialistas destacam que uma das principais medidas proporcionadas pela dose de reforço consiste na ampliação da resposta imune. A terceira dose ocasiona o aumento da quantidade de anticorpos circulantes no organismo, o que reduz a chance de a pessoa imunizada ficar doente

Tomaz Silva/Agência Brasil
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Aos idosos e aos imunossuprimidos, a dose de reforço amplia a efetividade da imunização, uma vez que esses grupos não desenvolvem resposta imunológica adequada

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Outra medida importante é a redução da chance de infecção em caso de novas variantes. O anticorpo promovido pela vacina é direcionado para a cepa que deu origem à fórmula e, nesse processo, as pessoas também produzem anticorpos que possuem diversidade. Quanto maior o alcance das proteínas que defendem o organismo, maior é a probabilidade que alguns se liguem à variante nova

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O diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e membro do Comitê Técnico Assessor do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, Renato Kfouri afirma que o esquema de mistura de vacinas de laboratórios diferentes é uma

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Um estudo conduzido pela University Hospital Southampton NHS Foundation Trust, no Reino Unido, mostrou que pessoas que receberam duas doses da AstraZeneca tiveram um aumento de 30 vezes nos níveis de anticorpos após reforço da vacina da Moderna, e aumento de 25 vezes com o reforço da Pfizer

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As reações à dose de reforço são semelhantes às duas doses anteriores. É esperado que ocorram sintomas leves a moderados, como cansaço excessivo e dor no local da injeção. Porém, há também relatos de sintomas que incluem vermelhidão ou inchaço local, dor de cabeça, dor muscular, calafrios, febre ou náusea

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Vale ressaltar que o uso de três doses tem o principal objetivo de diminuir a quantidade de casos graves e o número de hospitalizações por Covid-19

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Monitoramento

Desde o pico da variante Ômicron, em fevereiro de 2022, a quantidade de sequenciamentos do vírus compartilhados caiu mais de 90% em todo o mundo e o número de países que compartilham essas informações foi reduzido a dois terços, segundo afirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, esta semana.

Os testes e sequenciamento são fundamentais para entender o comportamento do vírus na população e rastrear o surgimento de novas variantes ou sublinhagens.

“O monitoramento é a forma que temos de detectar a emergência de uma nova variante de preocupação, contribuindo para que as tomadas de decisão dos gestores não sejam tardias e causem fenômenos mais complexos”, explica o professor da UnB especializado em Saúde Coletiva.

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