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Subvariante BA.2 pode provocar novo pico de casos de Covid no Brasil?

Especialistas analisam possibilidade de a BA.2 se disseminar no país da mesma maneira que está ocorrendo em partes da Europa e Ásia

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Imagem colorida: mão de cientista com luva segura pote com amostra de variante Ômicron - MKetrópoles
1 de 1 Imagem colorida: mão de cientista com luva segura pote com amostra de variante Ômicron - MKetrópoles - Foto: Getty Images

A atual onda de Covid-19 na Ásia e em parte da Europa colocou novamente o mundo em alerta sobre a possibilidade do coronavírus provocar novos picos em países onde a doença já está praticamente controlada.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) informou, nesta quarta-feira (23/3), que a BA.2, subvariante da Ômicron, é responsável por 86% dos casos globais de Covid-19, segundo os dados de sequenciamento genômico disponíveis. Mais uma vez, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, foi enfático ao afirmar que a pandemia não acabou.

Nos Estados Unidos, cerca de um em cada três casos de Covid-19 já são causados pela BA.2. No nordeste do país, incluindo os estados de Nova York, Nova Jersey e Massachusetts, a BA.2 representa mais da metade dos casos.

Especialistas em saúde ouvidos pelo Metrópoles avaliam que é possível que a subvariante provoque uma nova onda de infecções também no Brasil, assim como ocorreu no início do ano com a variante inicial, a BA.1.

No entanto, desta vez, por conta do avanço da vacinação e das características da subvariante, os diagnósticos positivos não seriam capazes de pressionar o sistema público de saúde.

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No início de fevereiro deste ano, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) identificou pela primeira vez a presença da subvariante BA.2 da Ômicron no Brasil
Estudos realizados em outros países indicam que o subtipo BA.2 é até 33% mais transmissível do que a versão original da variante Ômicron (BA.1) e tem maior capacidade de infectar pessoas já vacinadas
Apesar de só ter sido identificado agora no país, o subtipo já é dominante na Dinamarca e vem crescendo em outros países, como o Reino Unido
A doença repete uma característica que a Ômicron já apresentava: tendência a ter um quadro muito mais nas vias aéreas superiores do que nas vias aéreas inferiores, o que torna a infecção mais branda
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a subvariante é mais difícil de ser identificada em testes de sequenciamento genômico. Segundo a OMS, que realiza o monitoramento constante da evolução do SARS-CoV-2, até o momento não foi possível estabelecer como e onde as subvariantes da Ômicron se originaram e evoluíram
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No início de fevereiro deste ano, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) identificou pela primeira vez a presença da subvariante BA.2 da Ômicron no Brasil

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Estudos realizados em outros países indicam que o subtipo BA.2 é até 33% mais transmissível do que a versão original da variante Ômicron (BA.1) e tem maior capacidade de infectar pessoas já vacinadas

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Apesar de só ter sido identificado agora no país, o subtipo já é dominante na Dinamarca e vem crescendo em outros países, como o Reino Unido

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A doença repete uma característica que a Ômicron já apresentava: tendência a ter um quadro muito mais nas vias aéreas superiores do que nas vias aéreas inferiores, o que torna a infecção mais branda

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De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a subvariante é mais difícil de ser identificada em testes de sequenciamento genômico. Segundo a OMS, que realiza o monitoramento constante da evolução do SARS-CoV-2, até o momento não foi possível estabelecer como e onde as subvariantes da Ômicron se originaram e evoluíram

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Pesquisa aponta que a BA.2 infecta mais as pessoas imunizadas com o esquema primário de vacinação e pacientes que tomaram a dose de reforço, em comparação com a BA.1

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Vacina contra Covid-19 astrazeneca

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De acordo com o governo da Dinamarca, o subtipo BA.2 da variante Ômicron é 1,5 vezes mais transmissível que a forma original da cepa

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Vacinação

A vacinação é o fator chave para definir como a nova variante se comportará no país. O Brasil tem atualmente 74,9% da população totalmente vacinada contra a Covid-19, com as duas doses. O reforço foi aplicado em 34% das pessoas, segundo dados do levantamento Our World In Data, ligado à Universidade de Oxford.

“Nós temos muitas pessoas vacinadas no Brasil e isso diminui muito a circulação do vírus e a probabilidade de ter um aumento muito grande de casos e mortes, como aconteceu antes”, explica Bergmann Ribeiro, professor do Instituto de Biologia da UnB e especialista em mutações de vírus.

A pesquisadora Ana Brito, da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), afirma que Reino Unido, Itália e França estão vivendo uma nova onda de casos porque têm grupos significativos de pessoas que se recusam a tomar a vacina por questões ideológicas.

“É essa população que pressiona o sistema hospitalar, com casos mais graves da doença. Felizmente, o Brasil não tem uma população considerável de pessoas que não querem se vacinar”, afirma Ana, que também é vinculada à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Pernambuco.

Brito explica que monitorar o crescimento de doenças respiratórias via testagem será fundamental para acompanhar qual versão do vírus está aqui, entender como está se verificando a disseminação e isolar pessoas com Covid rapidamente.

Reinfecção

A chegada da subvariante coincide com um momento no qual o nível de proteção natural é alto em razão do pico anterior provocado pela BA.1.

Apesar de a possibilidade de reinfecção existir, ela é menor devido à resposta imunológica induzida pelas vacinas ou pelo contágio recente. “A probabilidade de reinfecção é maior entre as pessoas que não se vacinaram, não tomaram todas as doses, as que estão imunocomprometidas e as pessoas mais velhas, que já têm o sistema imunológico mais frágil”, explica Ribeiro.

O conselho para esses grupos é tomar todas as doses disponibilizadas pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) e manter as medidas de proteção, como o uso de máscaras e distanciamento, ainda que eles estejam liberados na maior parte do país.

Transmissão e letalidade

Assim como a linhagem original da Ômicron, a BA.2 possui maior poder de transmissibilidade em comparação às linhagens anteriores. Por outro lado, tem causado menos hospitalizações e mortes.

“É natural e se observa com frequência que rapidamente esses variantes mais transmissíveis começam a impactar na ocorrência de casos. É possível que a gente tenha uma explosão de casos, sim, mas não acredito que veremos o colapso da rede de saúde”, analisa Brito.

Sequenciamento genético

Dados de sequenciamento genômico do projeto Corona-ômica, que envolve laboratórios de todo o Brasil, mostram que ainda há uma baixa circulação da BA.2 no país.

Ribeiro acredita que muitos casos estejam sendo subnotificados devido ao baixo volume de amostras sequenciadas, um problema que já foi levantado pela OMS.

Na última semana, a entidade internacional afirmou que o número de casos notificados relacionados à Ômicron é apenas a ponta do iceberg de um problema muito maior velado pela falta de testagem.

 

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