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Sonho bizarro e repulsa à comida: usuários relatam efeitos do Ozempic

Vários efeitos colaterais incomuns estão sendo associados ao remédio à base de semaglutida

atualizado

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Mulher asiática dormindo em uma cama - Metrópoles
1 de 1 Mulher asiática dormindo em uma cama - Metrópoles - Foto: Pexels

Usuários de injeções semanais para o controle da diabetes tipo 2 e para a perda de peso, como o Ozempic e o Wegovy – ambos com a semaglutida como princípio ativo –, estão usando as redes sociais para compartilhar experiências pessoais com os medicamentos.

No TikTok, há relatos de uma série de efeitos colaterais físicos e psicológicos desagradáveis, como flacidez na pele, perda da vontade de comer alimentos que antes eram prazerosos, ganho de peso após interromper o tratamento e até sonhos bizarros com celebridades – os #OzempicDreams.

Rosto de Ozempic

A rápida perda de peso após o início do tratamento tem causado em algumas pessoas o chamado “rosto de Ozempic” ou “corpo de Ozempic”, caracterizado pela flacidez da pele.

Isso ocorre porque a pele não tem tempo suficiente para se adaptar ao novo tamanho do corpo e regiões como o rosto, braços, barriga e nádegas podem ganhar um aspecto mais flácido.

Sonhos estranhos

A americana Chery McLemore contou ao Wall Street Journal que, desde fevereiro, quando começou a usar Ozempic para perda de peso, tem tido sonhos recorrentes com o ator Matthew McConaughey. Neles, os dois vão juntos a leilões de gado e, depois de uma conversa agradável, o ator vai embora montado em uma lhama.

Entre os relatos há ainda o de uma pessoa que diz ter sido resgatada por Oprah Winfrey em um kart; um roubo a museu com Jennifer Lopez e Ben Affleck e o de uma noite comprando móveis de cozinha com Clint Eastwood.

Embora a causa não esteja clara, especialistas disseram ao jornal que isso pode ser atribuído ao aumento do gasto de energia provocado pela medicação ou à possibilidade de o remédio tornar mais fácil as pessoas se lembrarem de seus sonhos.

Perda muscular

Além de gordura, algumas pessoas estão observando a perda rápida de músculos. “O que vemos geralmente é mais perda muscular do que gordura. Pelo menos 50% de nossos pacientes apresentaram perda muscular”, afirmou a endocrinologista Florence Comite, ao jornal Daily Mail.

A médica explica que, quando as pessoas seguem uma dieta com restrição calórica, é mais provável que o corpo consuma primeiro os músculos do que a gordura, porque é mais caro mantê-los.

Efeito rebote

O ganho de peso após a interrupção do tratamento é esperado. Uma representante da farmacêutica Novo Nordisk informou, em março, que os pacientes que interrompem o uso dos medicamentos costumam voltar a engordar e recuperar o peso original em cinco anos.

Um estudo anterior mostrava que as pessoas recuperavam dois terços do peso original no intervalo de apenas um ano após encerrar o tratamento.

Alimentação mais saudável

Há também relatos de pessoas que mudaram seus hábitos alimentares depois do início do tratamento. Comidas que despertavam o seu desejo, como doces, frituras e café, perderam a graça. Por outro lado, alimentos saudáveis se tornaram mais apetitosos. Uma paciente contou que perdeu a vontade de comer frango frito e tomar café e, repentinamente, passou a ter vontade de salada de couve.

Estudos clínicos que testaram a semaglutida, principalmente com a dose mais alta, mostraram que os voluntários tinham tendência a ter menos desejo por alimentos doces, salgados e gordurosos.

O gerente médico da Novo Nordisk, Carlos Eduardo Travassos contou ao Metrópoles que a semaglutida tem um efeito amplo no corpo humano e o cérebro é uma área importante neste processo. O princípio ativo teria ação sobre o apetite hedônico, aquele que nos faz comer simplesmente pelo prazer e não pela necessidade.

“Esse efeito foi identificado no estudo. Alguns participantes tinham menos tendência a precisar desses alimentos. Provavelmente, a causa tem relação com o próprio mecanismo de ação da semaglutida”, afirmou.

Sem vontade de beber

Recentemente, circulou na internet o relato de um homem que disse ter perdido a vontade de consumir bebidas alcoólicas após começar o tratamento para perda de peso. “Antes do remédio, eu não conseguia tomar só uma garrafa de cerveja. Tomava oito, dez, quase religiosamente”, disse o norte-americano Erin Bradley McAleer, de 43 anos, à revista Insider.

A relação entre o uso da semaglutida e a perda do interesse por bebidas alcoólicas ainda não foi estudada a fundo pela fabricante Novo Nordisk e não há dados que comprovem a relação. Segundo Travassos, o efeito colateral pode ser justificado por um mecanismo semelhante ao que ocorre com a alimentação pelo desejo.

“Esse mesmo processo poderia levar à diminuição da vontade de consumir álcool. Alguns estudos com animais mostram que houve a redução do consumo de etanol, mas não existem pesquisas que comprovem essa relação com humanos”, pondera.

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