Sistema imunológico é ativado só de ver alguém doente, diz estudo
Bióloga portuguesa reuniu evidências de que animais e humanos antecipam o risco de infecção ao ver companheiros que parecem estar doentes
atualizado
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Você sente incômodo ao ver alguém espirrando ou tossindo próximo a você? Estar perto de uma pessoa com uma doença transmissível aumenta, claro, as chances de contágio, mas há indícios de que nosso corpo é capaz de se preparar para o impacto de uma infecção futura só de ver alguém doente.
É o que indica uma pesquisa conduzida pela bióloga portuguesa Patricia Lopes, professora da Universidade de Chapman, nos Estados Unidos, publicada em setembro na revista Trends in Ecology & Evolution.
“Sinais de doença, como comportamentos erráticos e odores, estimulam uma resposta no metabolismo de indivíduos que cercam o doente para evitar o espalhamento da infecção”, resume o estudo.
O levantamento foi feito de modo observacional, comparando referências bibliográficas de outros estudos sobre estratégias imunológicas de diferentes espécies de animais.
Segundo Patrícia, humanos saudáveis, assim como outros animais, ativam suas respostas imunológicas ao interagir com doentes. Isso acontece antes do contato com os vírus ou bactérias — basta conviver com o enfermo.
Ver um doente ativa a imunidade
Um dos estudos citados por Lopes colocou voluntários de forma aleatória para ver fotos em slides que poderiam ser de pessoas ameaçadoras ou de indivíduos aparentemente doentes. Ao analisar o sangue dos voluntários que viram os doentes, foram encontradas mais células de defesa circulando do que nos participantes que olharam imagens ameaçadoras.
Outro levantamento incluído na revisão mostra que uma das explicações para o comportamento seria evitar que a doença chegue à prole. As fêmeas de codorna, por exemplo, ativam o sistema imunológico e reduzem as chances de fertilidade ao conviver com animais doentes — elas colocam ovos com mais hormônios de estresse, o que reduz as chances de eles vingarem.
As pesquisas ainda não sabem quantificar quanto tempo as respostas antecipadas duram, mas, ao serem comparadas com medidas preventivas criadas pela ciência, como as vacinas, elas são consideradas ineficazes.
Graças a este estudo, Patricia ganhou um prêmio da National Science Foundation, dos EUA, de 600 mil dólares para estudar o fenômeno de imunidade prévia ao longo dos próximos dois anos.
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