Sistema imune se degrada mais cedo do que se imaginava, diz estudo
Pesquisa revela como o envelhecimento do timo e de outras glândulas do sistema imune ocorre e sua aposentadoria começa mais cedo
atualizado
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Um estudo publicado na revista científica Nature Immunology em 7 de agosto revelou que as defesas do sistema imunológico do organismo se degradam mais rapidamente do que se imaginava.
Os médicos australianos que chefiaram o estudo conseguiram provar pela primeira vez que os mesmos marcadores que levam ao envelhecimento do timo, uma das principais glândulas do sistema imune, são os responsáveis pela queda de desempenho da defesa do corpo.
Este processo se retroalimenta, o que leva à uma atrofia do timo a ponto de ele desaparecer do organismo. Antes, os médicos acreditavam que a atrofia levava à perda da função, mas o novo estudo indica que a queda da imunidade é anterior à diminuição de tamanho.
Como funciona o timo?
O órgão é o principal produtor das células T. Os pesquisadores do Walter and Eliza Hall Institute of Medical Research (WEHI), na Austrália, descobriram que ele é diretamente atacado pelo envelhecimento e seu espaço (localizado atrás do esterno, no centro da caixa torácica) é substituído por um depósito de gordura.
“O número de novas células T produzidas no corpo diminui significativamente após a puberdade, independente de quão em forma você esteja. Aos 65 anos, o timo está virtualmente aposentado. Esse enfraquecimento do timo torna mais difícil para o corpo lidar com novas infecções, cânceres e regular a imunidade à medida que envelhecemos”, resume o professor Daniel Gray, um dos autores do texto, em entrevista ao WEHI.
Os dados foram encontrados em duas pesquisas combinadas: uma explorou novas técnicas de tomografia computadorizada que permitiram ver a degeneração do timo ao comparar voluntários de diferentes idades, e a outra acompanhou a deterioração do órgão ao longo da vida de ratos em laboratório para avaliar o comprometimento do timo e, simultaneamente, das defesas corporais.
Envelhecimento cicatriza a glândula
As pesquisas apontaram que o órgão lida mal com o envelhecimento: ele passa a produzir cada vez mais células atípicas que formam aglomeradas ao redor do órgão e acabam acelerando a perda de funcionalidade dele.
Estas células, chamadas de aaTECs, formam cicatrizes que são irreparáveis naturalmente. Quanto mais se proliferam, mais o timo vai deixando de ser capaz de produzir as células T e, com o passar do tempo, se atrofia até ser substituído por gordura.
“Nossa pesquisa prova que não só o órgão se atrofia, como se modifica internamente e vai se tornando cada vez menos eficiente. Ao descobrir como esse relógio biológico anda para frente, buscaremos um meio de fazê-lo voltar atrás e levar o corpo a aumentar a função das células T à medida que envelhecemos”, conclui a pesquisadora Kelin Zhao.
Para os médicos que participaram do estudo, a pesquisa pode ajudar a melhorar o tratamento de pessoas mais velhas ao focar em terapias que consigam estimular a regeneração do timo e aumentar a produção de células de defesa do corpo.
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