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Homem com síndrome rara aplica botox na garganta para poder arrotar

O engenheiro Marco Enes, 46 anos, tem a Síndrome do Não-Arrotar. Ele passou a vida sem poder beber refrigerante para evitar sentir dores

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Marco Enes/ Imagem cedida ao Metrópoles
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1 de 1 Foto colorida de homem de barba sorrindo - Metrópoles - Foto: Marco Enes/ Imagem cedida ao Metrópoles

Há quem considere o ato de arrotar falta de educação, mas ele é fundamental para expelirmos os gases produzidos no estômago. O engenheiro carioca Marco Enes, 46 anos, passou a vida inteira sem conseguir arrotar devido a uma condição rara chamada Disfunção Cricofaríngea Retrógrada (DCF-R).

Beber refrigerante, água com gás e cerveja, ou comer uma feijoada, era uma tortura para Marco, que passava o dia seguinte com dores no estômago e estufamento. “Era praticamente impossível tomar qualquer bebida com gás sem passar mal”, lembra.

O problema só foi resolvido em setembro deste ano, após o carioca ser submetido à aplicação de toxina botulínica (botox) na garganta. O procedimento foi feito na Santa Casa de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, e Marco foi uma das primeiras pessoas do país a passar pelo tratamento.

“Entre os pacientes, brincamos que uma latinha de refrigerante é a morte: o ar que entra não sai naturalmente, como para a maioria das pessoas”, conta Enes. Fazendo pesquisas sobre o assunto, ele encontrou um grupo de indivíduos com a doença que compartilha suas experiências e se apoia.

Síndrome do Não-Arrotar

Enes foi diagnosticado em outubro de 2022 com a Disfunção Cricofaríngea Retrógrada (DCF-R), também conhecida como Síndrome do Não-Arrotar. A condição é caracterizada pela tensão excessiva no cricofaríngeo, um músculo que faz parte da deglutição, localizado no esfíncter esofágico superior – logo abaixo da garganta, entre a laringe e o esôfago. Ela impede que o excesso de gás do estômago saia pela boca.

“O músculo precisa de coordenação tanto para o alimento descer, quanto para o ar voltar e a pessoa arrotar”, explica o otorrinolaringologista Geraldo Druck Sant’Anna, especialista no diagnóstico e tratamento de doenças da laringe, via aérea e deglutição.

Os principais sintomas da Síndrome do Não-Arrotar são a inabilidade de arrotar; flatulência; pressão no peito e na parte inferior do pescoço; sons estranhos na garganta; e inchaço e dor principalmente na parte central superior do abdômen, podendo ser sentidos também na barriga, costas e ombros.

Outros sinais comuns são falta de ar, dificuldade ou inabilidade de vomitar, constipação, náusea e hipersalivação, soluços dolorosos, ansiedade e inibição social. “Muitos pacientes que sofrem com a síndrome se sentem frustrados e até mesmo enfrentam desafios sociais por não conseguirem arrotar”, explica Druck Sant’Anna.

Foto colorida de mulher, menina e homem com copo na mão após corrigir síndrome do não-arrotar - Metrópoles
Marco com a esposa e filha

Marco lembra do constrangimento de sofrer com o excesso de gases, que acabavam sendo expelidos como flatulências. “Nunca pude aproveitar uma socialização com espumante, cerveja, sem passar mal”, recorda.

A síndrome foi descrita pela primeira vez em 2019 pelo médico americano Robert Bastian. Por isso, acredita-se que muitas pessoas convivam com ela sem ter o diagnóstico correto.

Tratamento

O tratamento é feito com a aplicação de toxina botulínica (botox) no músculo do esfíncter esofágico com o objetivo de relaxá-lo, permitindo que os pacientes possam arrotar normalmente em até 14 dias. “O procedimento é uma alternativa promissora para aqueles que enfrentam a condição”, afirma o médico.

Marco procurou uma solução para acabar com o desconforto causado pelos gases por anos, com a ajuda de remédios que aliviam a contenção de gases e de compostos naturais feitos em farmácias de manipulação. Nenhum deles atingiu o resultado esperado, uma vez que o problema estava na tensão muscular. O quadro só foi solucionado com a aplicação do botox.

O engenheiro conta que o efeito foi quase imediato. “É como se eu fosse uma outra pessoa, com uma vida nova. Hoje, posso comer bem e socializar, algo que, para mim, era impossível. Era um incômodo diário. Depois do botox, tomei uma cerveja e me senti uma pessoa normal”, afirma Marco.

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