Sidarta Ribeiro explica a importância do sonho e como se lembrar dele
Neurocientista e professor da UFRN concedeu entrevista ao Metrópoles sobre o papel dos sonhos para o bem estar físico e psicológico
atualizado
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O cientista Sidarta Ribeiro tem dedicado parte de sua carreira a convencer as pessoas sobre a importância de sonhar. Formado pela Universidade de Brasília (UnB) em Ciências Biológicas, com doutorado e pós-doutorado em importantes instituições de ensino dos Estados Unidos, Sidarta se tornou um bem sucedido divulgador científico.
Sua obra mais recente, Sonho Manifesto (Companhia das Letras, 2022), ele propõe o sonhar coletivo como uma maneira de achar respostas para enfrentar o aquecimento global e as desigualdade sociais. O doutor acredita que, tal qual nossos antepassados e as civilizações tradicionais, juntos podemos engendrar um futuro melhor ao revigorarmos a capacidade de empatia.
“O jeito de sonhar da sociedade urbana contemporânea é muito ruim. Os sonhos não são sobre a comunidade. Precisamos unir a ciência com os saberes não científicos para construir sonhos que aumentem o vigor da coesão social. Precisamos revolucionar a nossa relação com as outras espécies e com a nossa própria para estar bem no planeta de novo. Isso é uma questão crítica e urgente”, afirma.
No livro anterior, O Oráculo da Noite (Companhia das Letras, 2019), Ribeiro detalhou as pesquisas científicas que mapeiam a importância do sono e dos sonhos para a saúde e para a evolução. Também compartilhou conhecimentos sobre psicanálise, mitologia e a história de diferentes civilizações, demonstrando o quanto a interpretação dos sonhos já nos foi útil nos campos individual e coletivo.
“Os sonhos têm a ver com o nosso bem estar biopsicológico. O sonho é uma forma ancestral de construção de adaptação, de futuro, de alternativas e de possibilidades. É importante para termos criatividade e flexibilidade cognitiva. E não é sobre nós mesmos, sobre o nosso próprio umbigo, é sobre as relações”, aponta.
Sono de qualidade
Em entrevista ao Metrópoles, Ribeiro destaca que para sonhar é imprescindível dormir bem. Acrescenta que as pessoas não devem aceitar o descanso de baixa qualidade como parte de um estilo de vida e que os remédios para dormir quase nunca são a melhor saída para resolver o problema. O cientista também dá dicas sobre como é possível reverter esse quadro.
“Uma pessoa que dorme mal cronicamente está construindo um futuro, a curto prazo, de problemas cognitivos, problemas emocionais e afetivos, uma irritabilidade crescente, isso é uma bola de neve social. A médio prazo, dormir mal representa tendência à depressão, diabetes, obesidade e problemas cardiovasculares. E lá na frente, essa pessoa está aumentando seu risco de Alzheimer”, afirma.
Como lembrar
Para os que têm dificuldades de lembrar dos sonhos, o cientista ensina que é necessário ter calma ao acordar, tentar reconstruir a narrativa do sonho antes de partir para outras atividades e, assim que possível, contar o enredo do sonho a alguém que tenha disponibilidade para ouvir.
“É importante compartilhar o sonho com alguém que se importa e compreende o seu contexto. Quem pode interpretar o sonho é o próprio sonhador ou sonhadora, mas as pessoas da família, os amigos e os de convívio próximo podem ajudar muito a decifrar e a expandir o sentido dos sonhos, desde que eles conheçam o contexto que a pessoa vive e tenham empatia”, explica.
Confira a entrevista completa do neurocientista Sidarta Ribeiro, professor titular de neurociência e fundador do Instituto do Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN):
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