Sentindo-se observado? Alucinação pode ser um sintoma de Parkinson
Pesquisadores constataram que a sensação de ser observado aparece antes mesmo dos tremores para um terço dos pacientes com Parkinson
atualizado
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A sensação de estar sendo observado pode ser preocupante: mesmo sozinhas, algumas pessoas acham que há alguém as vigiando. Segundo um estudo publicado na revista Nature Mental Health nessa quinta-feira (29/6), esse sentimento pode ser um sinal da doença de Parkinson e indicaria o início do declínio cognitivo.
De acordo com a equipe de pesquisadores da Suíça e Espanha responsável pelo estudo, metade das pessoas com Parkinson tem alucinações regularmente. Para um terço dos pacientes, a sensação de estar sendo observado aparece antes mesmo dos tremores, que são os sintomas mais conhecidos da doença.
Os resultados da pesquisa têm como base a análise de 75 pacientes com Parkinson. Os participantes, com idades entre 60 e 70 anos, passaram por entrevistas neuropsicológicas para avaliar o declínio cognitivo e exame de eletroencefalograma (EEG) para analisar o cérebro em repouso.
A equipe constatou que o declínio cognitivo da função executiva frontal – que abrange atenção, resolução de problemas, regulação emocional e controle de impulsos – foi mais rápido ao longo de cinco anos entre os pacientes que tiveram alucinações no início da doença.
“Agora sabemos que alucinações precoces devem ser levadas a sério na doença de Parkinson”, alerta o neurologista Olaf Blanke, da Escola Politécnica Federal de Lausanne, na Suíça, em entrevista ao Eureka Alert.
Alteração de ritmo
O nível de declínio cognitivo ao longo dos cinco anos analisados está associado ainda a uma oscilação na atividade da parte do cérebro associada ao controle cognitivo e à resolução de conflitos.
Os pesquisadores acreditam que uma oscilação nesse ritmo é o motivo da sensação de ser observado, pois apenas pacientes com esse sintoma apresentaram a alteração cerebral. Os cientistas reconhecem que ainda são necessárias mais análises para confirmar a relação entre o sintoma e a doença.
A equipe alerta que qualquer pessoa com Parkinson que tenha alucinações de presença deve relatar a experiência a seus médicos. A sensação de ser observado muitas vezes é negligenciada pelos pacientes.
As alucinações são definidas como falsas percepções da experiência sensorial, geralmente decorrentes de anormalidades na função cerebral e, portanto, não é de surpreender que elas se tornem mais prevalentes em doenças neurológicas, como o Parkinson.
O próximo passo dos pesquisadores é investigar se a alucinação pode aparecer em outras doenças neurodegenerativas. “Até agora, só temos evidências que ligam o declínio cognitivo e as alucinações precoces para a doença de Parkinson, mas também podem ser válidas para outras doenças neurodegenerativas“, diz Blanke.
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