Tirar selfies pode ser questão de saúde pública, dizem pesquisadores
Cientistas da Universidade de Nova Gales do Sul, na Austrália, apontam que 379 pessoas morreram ao tirar selfies entre 2008 e 2021
atualizado
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As selfies fazem parte da vida contemporânea: que atire a primeira pedra quem nunca virou a câmera do celular e tirou uma foto de si mesmo. Porém, a busca por curtidas pode tornar uma ação simples em algo perigoso
Estima-se que, entre 2008 e 2021, 379 pessoas morreram na tentativa de tirar fotos em paisagens como montanhas, cachoeiras, quedas d’água e poços naturais. Entre as vítimas, a maioria é composta de homens jovens.
Muitas das vítimas das selfies são turistas que se machucam e morrem sozinhos, uma vez que geralmente buscam lugares de difícil acesso para conseguir um bom ângulo. Geralmente, são regiões onde os serviços de emergência e de celular costumam falhar.
“O ideal seria criar e sinalizar zonas proibidas para tirar selfie ou institucionalizar algo como a Rússia fez, com o guia de ‘selfie segura’. Embora as instruções russas não sejam claras, é importante alertar o mundo quanto ao risco das fotos desatentas”, destacam os cientistas da Universidade de Nova Gales do Sul, na Austrália, em artigo publicado na plataforma de divulgação científica The Conversation.
Segundo os pesquisadores, a mídia raramente cobre os acidentes por selfie e, quando os noticia, trata as vítimas como tolas ou bobas. Repercutir as mortes com maior seriedade pode contribuir para alertar as pessoas quanto ao problema.
“Tirar selfie é uma parte normal da vida cotidiana de milhões de pessoas. Precisamos parar de julgar quem tira fotos arriscadas e, em vez disso, entender a ação como um problema de saúde pública”, alerta a equipe.
Onda de selfie
Um dos lugares mais perigosos para tirar uma selfie no mundo é o Figure Eight Pools, no Royal National Park, na Austrália. O local possui belas piscinas naturais, mas também está sujeito a ondas violentas capazes de provocar acidentes fatais.
Contudo, as autoridades desenvolveram um sistema de cores para informar as pessoas do risco de ondas. Os turistas podem acessar o site e ver qual o grau de agressividade das ondas em determinado dia.
Os pesquisadores defendem a implementação de um sistema como esse para evitar mais acidentes com selfies não só no Figure Eight Pools, mas no mundo inteiro. “Precisamos encontrar uma forma melhor de educar a população e prevenir problemas”, destaca o artigo.
Como estratégia de comunicação, a equipe da Universidade de Nova Gales do Sul sugere cinco pontos para evitar acidentes enquanto tiram uma selfie. Confira:
1. Pense nas condições climáticas
As condições meteorológicas podem mudar rapidamente e os riscos são maiores em regiões costeiras onde há praia. As ondas, a maré e as trilhas podem ser arriscadas em dias com o tempo fechado, que indicam possíveis tempestades.
2. Não ultrapasse sinais e barreiras de segurança
“Os sinais de alerta existem para delimitar as regiões seguras e impedir que as pessoas entrem em um local de perigo. Não é aconselhável pulá-los ou contorná-los — o ideal é fazer a visita com um guia turístico que conheça o terreno”, diz o artigo.
3. Fique no caminho designado
Além de mais seguro, permanecer no caminho ou trilha designada é uma forma de preservar o ecossistema do local.
4. Não fique na beira dos lugares
“Evite confiar na beira de penhascos, pois ainda que a vista seja linda, o chão pode ser instável. A ponta de lugares altos e locais de escalada não está imune aos efeitos da erosão, que modificam e fragilizam pedras e rochas”, apontam os pesquisadores.
5. Alguns likes não valem sua vida
“É prudente considerar o te que motiva tirar a selfie. São os likes nas redes sociais? A recordação? Uma coisa é certa: a vida de ninguém merece ser desperdiçada por algumas curtidas. O mundo é mais bonito fora da tela do celular. Talvez o ideal seja simplesmente apreciar a paisagem”, sugere o artigo.
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