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Segunda onda de Covid-19 no Brasil? Entenda o que está acontecendo

Com aumento de infectados e óbitos em vários estados, especialistas alertam que medidas de controle e prevenção devem ser reforçadas

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Segunda onda da Covid-19
1 de 1 Segunda onda da Covid-19 - Foto: Arte/Metrópoles

Nos últimos dias, o Brasil vem registrando alta no número de infecções e óbitos por Covid-19 em várias unidades federativas. Alguns hospitais particulares chegaram a alertar que o crescimento é expressivo e que a ocupação dos leitos específicos para tratar pacientes com coronavírus está perto de atingir o limite de vagas.

Apesar disso, o Ministério da Saúde acredita que não há dados sólidos o suficiente para confirmar uma segunda onda da doença — o ataque hacker sofrido pela pasta gerou instabilidade nos sistemas do órgão – o problema ainda não foi solucionado.

Com a flexibilização das medidas de distanciamento social e o cansaço da população decorrente do isolamento, a tendência é de que os números realmente cresçam. Porém, para Leonardo Weissmann, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia, o Brasil ainda não está na segunda onda da Covid-19 — basicamente porque ainda nem saiu da primeira.

“Diferentemente do que aconteceu em outros países, não reduzimos a primeira onda a praticamente zero. O que se pode afirmar com certeza é que o número de casos voltou a subir no país. E isso é mais importante do que o nome”, frisa.

O professor de saúde coletiva da Universidade de Brasília (UnB) Jonas Lotufo concorda com o posicionamento de Weissmann. O docente explica que, há mais de duas semanas, é possível observar uma tendência de aumento da epidemia em alguns estados. O DF, até aqui, está fora desse cenário, pois ainda há uma estabilidade. “Mas a situação do país como um todo é preocupante”, salienta.

O alerta está aceso porque esse cenário tem surgido antes da época sazonal de vírus respiratórios (nos meses de outono e inverno) e precede o verão e as festas de fim de ano, quando as pessoas tendem a se encontrar mais. Caso a tendência se consolide, a segunda onda chegaria antes de termos saído da primeira.

Estamos preparados?

Apesar da convivência com a Covid-19 desde março e o aprendizado em relação ao tratamento dos pacientes, especialistas avaliam que o Brasil não está preparado para uma possível segunda onda ou um aumento expressivo no número de casos.

Segundo Jonas Lotufo, além de o país não ter conseguido controlar a doença efetivamente, estamos em um período muitíssimo vulnerável. Com as eleições municipais e as mudanças na administração pública, acontece uma transição nas equipes de vigilância e de assistência em saúde, o que pode acabar prejudicando o combate à pandemia.

“Isso fragiliza muito a nossa capacidade de resposta. Além disso, muitos hospitais de campanha não estão mais estruturados, e corremos um risco grande de ter sobrecarga no serviço de saúde novamente”, explica o professor.

O que podemos fazer?

O único jeito de evitar colapso do sistema de saúde e cenas como as que acompanhamos no auge da pandemia é não deixando que os números cresçam desordenadamente. “Até porque já está nítido que não vamos ter quantidades adequadas da vacina a curto prazo”, afirma o professor da UnB.

Lotufo explica que o governo precisa organizar melhor a detecção de casos, com aumento da testagem e rastreamento de contatos, a fim de romper as cadeias de transmissão do vírus. Garantir apoio social e econômico para que as famílias possam manter a quarentena se contaminadas também é essencial.

É preciso ainda fortalecer a vigilância sanitária para que os técnicos inspecionem comércios, academias, restaurantes, consultórios médicos e qualquer lugar que tem de seguir normas de biossegurança.

Além das políticas de governo, a população deve entender os riscos da situação, para que todos façam sua parte. “É compreensível que as pessoas estejam cansadas da pandemia, mas devemos manter rigorosamente os cuidados e não podemos relaxar nas medidas de prevenção”, ressalta o infectologista Leonardo Weissmann.

As principais ações são: usar máscara, manter a higiene das mãos e superfícies, evitar aglomerações, não ficar a menos de um metro de outras pessoas e apostar na etiqueta respiratória.

A junção de todas essas medidas é chamada de modelo do queijo suíço. Cada fatia do queijo tem furos e representa uma medida de controle — sozinha, tem falhas e não é suficiente. Porém, com várias fatias juntas, o bloco parece sólido, e onde uma deixa a desejar, a outra cobre.

“É uma somatória de ações que farão com que a gente consiga controlar o vírus. Nenhuma medida funciona sozinha. Porém, estamos vendo o contrário: tanto os protocolos individuais quanto os coletivos estão sendo cada vez menos exigidos”, lamenta Jonas Lotufo.

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