Médicos se posicionam contra uso de ozonioterapia para tratar hepatite
Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) aponta falhas em textos publicados na internet que relacionam ozonioterapia à melhora da hepatite
atualizado
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A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) publicou, nesta terça-feira (24/10), uma nota de esclarecimento em que se posiciona contra textos divulgados pelo blog Saúde com Ozônio, que relacionam a ozonioterapia à melhora de pacientes com hepatite B crônica, hepatite C crônica e cirrose hepática.
“A literatura científica atual não corrobora a ozonioterapia como um tratamento eficaz e seguro para a hepatite B crônica, hepatite C crônica e cirrose hepática, uma vez que ainda faltam ensaios clínicos bem conduzidos e resultados consistentes”, afirma a SBI.
A SBI questiona os textos “Como o tratamento com auto-hemoterapia auxilia nos pacientes com hepatite B crônica?”, “A ozonioterapia no tratamento contra a hepatite C” e “A ozonioterapia no tratamento da cirrose hepática” publicados no blog.
Ozonioterapia no tratamento da hepatite
No artigo sobre hepatite B crônica não são apresentadas informações importantes que garantem a qualidade de uma pesquisa científica, como os critérios de seleção dos participantes, a duração do estudo e os procedimentos de randomização e cegamento dos dados. O estudo em questão envolve apenas 28 pacientes, número que representa uma amostra pequena do ponto de vista científico.
Além disso, de acordo com a SBI, a publicação falha em fornecer informações essenciais sobre a proveniência do estudo, incluindo onde foi publicado, quem são os autores e se passou pela revisão por pares.
“Essas lacunas metodológicas são cruciais e impedem a atribuição dos efeitos observados exclusivamente ao tratamento com ozonioterapia. Qualquer proposta de novo tratamento deve ser rigorosamente comparada em termos de eficácia e segurança com as terapias convencionais comprovadas”, considera a sociedade.
Outro texto promove a ozonioterapia como um tratamento eficaz para a hepatite C, alegando que o ozônio medicinal é considerado o “melhor virucida que existe” e que aumenta a oxigenação dos tecidos, melhorando as atividades metabólicas do corpo. A SBI pondera que tais afirmações carecem de evidências científicas sólidas para respaldá-las.
A ozonioterapia não é reconhecida pela comunidade médica internacional como um tratamento eficaz para a hepatite C. O texto também sugere que a ozonioterapia é segura e não tem efeitos colaterais, o que ainda não é comprovado.
O blog Saúde com Ozônio também cita que a terapia pode ser uma esperança para pacientes com cirrose hepática provocada pela hepatite C, devido a uma possível ativação do sistema imunológico e às propriedades do ozônio.
A Sociedade Brasileira de Infectologia orienta que o manejo dessas doenças deve seguir estritamente as diretrizes clínicas estabelecidas, comprovadas para reduzir a carga viral e minimizar o risco de complicações dos pacientes. “Desviar-se desses protocolos estabelecidos sem evidências científicas robustas pode resultar em sérios riscos à saúde dos pacientes”, considera.
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