Saúde mental: quando o excesso de jogos eletrônicos vira um problema
De acordo com um estudo realizado pela USP, 28% dos jovens fazem uso problemático de jogos eletrônicos. Psiquiatra explica consequências
atualizado
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Na última semana, a declaração feita pela ministra do Esporte, Ana Moser, sobre jogos eletrônicos não serem considerados esportes provocou revolta na sociedade gamer. No Brasil, a modalidade é muito popular: um estudo realizado pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP) mostra que 85% dos adolescentes entre 12 e 14 anos jogam videogame, e o país está no topo de rankings internacionais sobre o tempo de uso de consoles.
No entanto, apesar de muita gente jogar diariamente, outra questão é pouco debatida: até que ponto o consumo de jogos eletrônicos é considerado saudável?
A pesquisa da USP mostra que 28% dos quatro mil adolescentes entrevistados fazem uso problemático de jogos eletrônicos e se encaixam nos critérios do Transtorno de Jogo pela Internet (TJI).
O TJI é um tipo de comportamento aditivo considerado uma dependência comportamental. Os principais sintomas são diminuição de controle sobre o início, frequência, intensidade, duração, término e contexto do jogo; aumento da prioridade (as outras atividades diárias se tornam menos importantes do que o jogo); e aumento da frequência no jogo mesmo com todas as ocorrências negativas na rotina.
Saúde mental em risco
De acordo com o psiquiatra Renato Silva, os recursos eletrônicos podem se tornar uma forma de diminuir o estresse e o medo da vida real, e os jovens acabam encontrando maior satisfação on-line do que na vida real. De acordo com ele, é nesse ponto que a diversão pode virar um problema.
“O uso excessivo de redes sociais e videogames pode trazer prejuízos para a saúde mental das pessoas quando ela deixa de fazer atividades importantes, como a alimentação, sono, estudos, trabalho e socialização, para jogar videogame”, explica.
Silva explica que algumas pesquisas sugerem que o uso de jogos eletrônicos pode gerar benefícios, como o desenvolvimento de habilidades tanto cognitivas quanto motoras. Em contrapartida, o profissional diz que alguns autores sugerem que muitos dos usuários que fazem uso excessivo de videogames e internet apresentam formas exacerbadas de vulnerabilidade pessoal, como, por exemplo, uma baixa tolerância à frustração, ansiedade social, e problemas relacionados à autoestima.
O psiquiatra diz que também existe uma possível relação entre a dependência e transtornos mentais como depressão, transtorno bipolar e de déficit de atenção e hiperatividade. Porém, a ciência ainda não sabe afirmar se o vício na internet precede esses transtornos ou é uma consequência deles.
Sintomas no corpo
Entre os problemas físicos que podem ser causados pela prática descompensada dos jogos eletrônicos estão a falta de concentração, obesidade, síndrome do olho seco, problemas de audição e postura inadequada. Especialistas alertam que os primeiros sintomas do exagero são dores nas articulações e na cabeça, má postura, alterações no sono e estresse.
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