Saúde afirma que não vai recuar da cloroquina após OMS cancelar testes
Representante do Ministério da Saúde diz que país não abandonará novo protocolo do medicamento apesar de decisão da agência internacional
atualizado
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Em entrevista coletiva na tarde desta segunda-feira (25/05), Mayra Pinheiro, secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, do Ministério da Saúde, afirmou que a pasta não irá recuar no protocolo da cloroquina para pacientes leves, mesmo após a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciar a pausa no estudo de larga escala que envolve o medicamento.
A decisão da OMS foi tomada após os resultados de uma pesquisa feita pela Universidade de Harvard serem publicados na respeitada revista científica The Lancet na sexta-feira (22/05). O levantamento, que acompanhou os dados de 96 mil pacientes de vários países, não encontrou eficácia na cloroquina, e alertou para a possibilidade de o medicamento estar relacionado a um aumento no risco de morte por problemas cardíacos. O órgão internacional decidiu pausar sua pesquisa até que a segurança do remédio seja avaliada em detalhes.
A secretária afirma que não haverá modificação na nota emitida pelo governo brasileiro, e que médico e paciente continuam tendo direito à prescrição. Segundo ela, a pesquisa feita pela Universidade de Harvard usou um banco de dados de pessoas de vários países. “Não entram nos critérios clínicos para servir de referência para nenhum país do mundo e nem para o Brasil. Eles não usavam uma medicação, dose ou duração padrão, o que nos faz refutar qualquer possibilidade de citar esse estudo e voltar atrás na orientação de respeitar a autonomia médica”, diz Mayra.
Mayra afirma que o Ministério da Saúde está conduzindo pesquisas e vai ajudar trabalhos a fim de determinar a segurança e a eficácia da cloroquina. “Se constatarmos que não há comprovação, podemos recuar. Por enquanto, estamos muito confiantes. Recebemos respostas de segmentos que tiveram boas respostas, mas muitos ainda não tiveram os estudos regulamentados”, explica a secretária.
Segundo ela, a pasta continua monitorando pesquisas feitas no mundo inteiro e tem um banco de informações com 216 protocolos de cloroquina com uso profilático em outros países, como Estados Unidos e Índia.
No Brasil, a utilização do medicamento é permitida em casos leves, moderados e graves. Em pessoas que ainda não estão críticas, a decisão deve ser tomada pelo médico e o paciente precisa assinar um termo no qual declara estar ciente dos possíveis riscos associados à cloroquina.