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Saúde adota cautela sobre vacina russa e fará reunião com representantes

Pasta considera que ainda não há provas de segurança e eficácia suficientes para abrir negociações de compra do medicamento

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1 de 1 vacina laboratório - Foto: Divulgação/Louis Reed/Unsplash

O Ministério da Saúde considera que ainda não há provas de segurança e eficácia da vacina russa contra a Covid-19 que justifiquem abrir negociações para a compra do produto com recursos do governo federal. Segundo integrantes da cúpula da pasta, deve ser realizada nos próximos dias uma nova reunião com desenvolvedores da droga, anunciada pelo presidente Vladimir Putin nesta terça-feira (11/8), como a primeira registrada para imunizar a população.

A expectativa é que representantes da embaixada da Rússia participem do novo encontro, previsto para acontecer nesta ou na próxima semana. Na primeira conversa sobre a vacina, feita há uma semana, técnicos do ministério questionaram as características e estimativas de preço. Eles também sinalizaram interesse em manter diálogo sobre o desenvolvimento das drogas. As tratativas iniciais foram feitas com representantes do Fundo de Investimento Direto da Rússia (RDIF).

Na mesma data, o ministério recebeu representantes da farmacêutica chinesa Sinopharm, que tem uma vacina em fase 3 de estudos, a última etapa antes de a droga poder ser registrada. Presente nas reuniões, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) demonstrou interesse em apoiar a pesquisa clínica das empresas da Rússia e da China.

Procurado, o Ministério da Saúde não se manifestou oficialmente sobre discussões que envolvem a vacina desenvolvida na Rússia.

Comunidade científica tem dúvidas
Os estudos sobre o produto russo geram dúvida na comunidade científica. As pesquisas para a vacina estão na fase 3, segundo o governo Putin, mas a Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que a droga está na primeira etapa dos estudos. Os desenvolvedores russos ainda não divulgaram detalhes sobre os resultados, duração e dados sobre as fases anteriores. Além disso, a imunização para a Covid-19 foi aprovada após menos de dois meses do início dos testes em humanos.

O governo do Paraná discute parceria para desenvolver tanto a vacina da Rússia como da chinesa Sinopharm por meio do Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar).

Técnicos do Ministério da Saúde procuraram a Tecpar nesta terça-feira, após o anúncio de Putin. A análise no governo federal é de que a empresa do Paraná precisaria de meses e grande investimento para conseguir produzir qualquer vacina.

“Possivelmente nesta semana será assinado um termo de cooperação entre o governo do Paraná e a Rússia para iniciar as tratativas técnicas. Nós não vamos avançar se não tivermos a anuência dos órgãos reguladores como a Anvisa e a Comissão Nacional de Ética e Pesquisa. Ainda é uma fase inicial”, afirma o biólogo Jorge Augusto Callado Afonso, diretor-presidente do Tecpar. Ele citou o segundo semestre de 2021 com “prazo responsável” para começar a vacinação.

Por enquanto, a aposta do governo Jair Bolsonaro é no modelo desenvolvido pela farmacêutica britânica AstraZeneca e a universidade de Oxford, do Reino Unido. Na última quinta-feira (6/8), o governo federal liberou cerca de R$ 2 bilhões, via medida provisória, para viabilizar o processamento e distribuição de 100 milhões de doses da droga pela Fiocruz.

O ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, tem dito a auxiliares que é preciso “ter calma” em discussões sobre a vacina. A pasta não descarta investir em mais de um modelo, mas ainda vê a droga da Oxford como mais promissora.

A OMS aponta que seis vacinas estão em fase 3 de pesquisa, a última antes do pedido de registro para comercialização.

Críticas de Bolsonaro
Bolsonaro tem feito críticas indiretas à iniciativa do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), de negociar com a empresa chinesa Sinovac Biotech para receber a CoronaVac, também em testes contra a Covid-19.

“O mais importante, diferente daquela outra (vacina) que um governador resolveu acertar com outro país, vem a tecnologia para nós”, disse o presidente na última quinta-feira.

Apesar das falas de Bolsonaro, o secretário nacional de Vigilância em Saúde, Arnaldo Correa de Medeiros, disse na última quarta-feira (5/8), que o governo federal pretende comprar “a primeira vacina que chegar ao mercado”, independentemente do país que a produzir.

Em audiência na Câmara dos Deputados, Medeiros afirmou que fará uma visita ao Instituto Butantã, que participa do desenvolvimento da vacina contra o novo coronavírus Coronavac com a empresa chinesa Sinovac Biotech.

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