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Saiba quais são os perigos dos remédios usados para emagrecer

Medicamentos prometem aumentar a queima de gordura, reduzir apetite e diminuir retenção de líquido, mas riscos à saúde devem ser ponderados

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1 de 1 remedios para emagrecer - Foto: Getty Images

No Brasil existem quatro tipos de remédios sintéticos registrados na Anvisa como medicamentos específicos para o emagrecimento. Há ainda uma gama de remédios antidepressivos que acabam sendo usados para esta finalidade por diminuírem a ansiedade. Todos são tarja preta, vendidos nas farmácias somente com prescrição médica e, seu uso indiscriminado e provoca efeitos colaterais que precisam ser avaliados por médicos e pacientes.

Sibutramina é o princípio ativo com registro mais antigo no país, de março de 1998. Hoje são 22 tipos para comercialização. Já orlistat chegou no Brasil no final dos anos 90 e também possui 22 registros para venda. Os mais recentes são cloridrato de Iorcasserina e liraglutida.

Esses medicamentos inibem o apetite e favorecem a queima de gordura. O liraglutida, por exemplo, é um remédio usado também no tratamento para diabetes e tem como efeito colateral a falta de apetite e perda de peso. Já a sibutramina tem ação semelhante aos antidepressivos, reduzindo a ansiedade.

Nos últimos anos, por falta de comprovação sobre a real eficácia, a Anvisa retirou três medicamentos do mercado – Anfepramona, Femproporex e Mazindol. O primeiro ainda é vendido nos EUA, mas não na Europa. Já os outros dois são proibidos nos EUA e Europa.

“A medicação nunca é a primeira alternativa. Não adianta medicação sem mudança de hábito, prática de atividade física. Tudo é um conjunto”, afirma o nutrólogo Allan Ferreira, membro da Sociedade Brasileira de Nutrologia (SBN). “A medicação é uma muleta, ela não pode ser usada para sempre”. No entanto, o médico é taxativo: não dá para julgar quem prescreve o uso de remédios para pacientes obesos, por exemplo. “A decisão é do paciente em conjunto com o médico, pois é preciso pesar os malefícios e benefícios”, pondera.

Em muitas vezes, o ganho de peso pode ser associado a problemas mentais. Segundo Ferreira, cerca de 80% dos pacientes obesos têm padrão beliscador, ou seja, comem como válvula de escape para ansiedade. Por isso, ele afirma que muitas vezes os antidepressivos são usados em consultórios para reduzir a ansiedade e isso, consequentemente, leva a uma estabilização do paciente. No entanto, ele defende o uso controlado como uma solução temporária, sempre com acompanhamento médico e psicológico.

No caso de antidepressivos usados com a finalidade de ajudar no processo de emagrecimento, o nutricionista clínico e esportivo funcional Omar de Faria Neto, explica que os princípios ativos mais comuns são: fluoxetina, bupropiona e naltrexona. Apesar de serem autorizados pela Anvisa e vendidos em farmácia, esses medicamentos mascaram muitos perigos para saúde. Se usados por períodos prolongados e sem acompanhamento, costumam potencializar problemas cardiovasculares e cerebrovasculares, como acidente vascular cerebral (AVC) ou aneurisma cerebral. Além de efeitos colaterais como náuseas, vômitos, diarreias e dores musculares.

“Vendidos como algo milagroso, eles têm efeitos e as pessoas sabem. No entanto, profissionais sérios vão exigir acompanhamento psicológico e regularidade nas atividades físicas. Nesses casos, o medicamento entra como parcela do tratamento, em doses pequenas. Não como a única solução”, indica o clínico geral Marcos Pontes, do Hospital Santa Lúcia. Segundo o médico, os remédios têm os mesmos efeitos de uma droga. “A partir do momento que tira, causa depressão, ansiedade”, conclui.

Saiba mais sobre os remédios:

A sibutramina é uma substância que atua diminuindo a fome. Com isso, a sensação de saciedade chega mais rápido ao cérebro e a pessoa ingere menos comida. O remédio não pode ser usado por gestantes, lactantes, pessoas com doenças cardíacas, distúrbios alimentares ou que façam uso contínuo de descongestionantes nasais e antidepressivos.

  • Já o Xenical (princípio ativo orlistat) impede a absorção de gordura pelo intestino. Esse remédio também é contraindicado para gestantes, mulheres que amamentam e pessoas com problemas de má absorção intestinal ou tendência a ter diarreia.
  • Saxenda (do princípio ativo liraglutida) é uma injeção que tem como principal função o controle da saciedade. Seu uso faz com que a pessoa tenha menos apetite. Um dos efeitos colaterais é a mudança no paladar, deixando os alimentos com um gosto pouco agradável.

Por fim, Belviq (princípio ativo cloridrato de Iorcasserina) é considerado um dos remédios com menos efeitos colaterais. Sua composição atua nos níveis de serotonina do cérebro, diminuindo o apetite e aumentando a saciedade.

Para a nutróloga Tamara Goes, da Aliança Instituto de Oncologia em Brasília, há mais pontos negativos do que positivos sobre o uso de remédios para emagrecer. “Acredito que não devemos dar ao nosso corpo algo que ele não á capaz de produzir”, explica. “Os remédios mexem muito com a química cerebral. Alguns viciam ou sobrecarregam o fígado outros, quando retirados, podem gerar convulsões”, critica a especialista.

“Volta e meia o paciente já chega com uma prescrição antiga no consultório e quer somente a renovação”, conta Tamara. A nutróloga, então, prescreve exames para verificar qual o quadro daquela pessoa. Pode ser uma queda hormonal ou deficiência de alguma coisa no organismo, por exemplo. “A chave de tudo é a pessoa procurar um profissional que entenda o seu metabolismo, para deixá-lo em dia”, conclui.

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