Saiba o que é peste bubônica. Suspeita da doença assustou o país
Bactéria teria sido encontrada em paciente de 57 anos internada em São Gonçalo (RJ), mas Ministério da Saúde descartou a doença
atualizado
Compartilhar notícia
Você já deve ter ouvido falar na peste negra durante as aulas de história. Na Idade Média, a também chamada peste bubônica dizimou cerca de um terço da população europeia. No último domingo (13/1), surgiu a suspeita de que uma paciente de 57 anos internada em São Gonçalo, no Rio de Janeiro, estivesse contaminada pela bactéria responsável pela enfermidade. Nesta segunda-feira (14/01), o Ministério da Saúde emitiu nota informando que os sintomas apresentados por ela não a enquadram como caso suspeito e esclareceu que amostras laboratoriais seguirão para análise da FioCruz.
Segundo o infectologista Leandro Machado, existem três tipos de peste: a bubônica, a pneumônica e a septicêmica – a depender da quantidade de bactéria transmitida e da imunidade do paciente. Os sintomas da bubônica são dor no corpo, febre e o aparecimento de bulbos vermelhos e dolorosos bem no local onde a pulga picou (normalmente, nas pernas) ou em linfonodos (axilas e pescoço). Há cura e o tratamento para a doença é feito por meio de antibióticos. “A peste tem letalidade elevada, por isso é importante o tratamento precoce”, explica o médico.
Apesar de parecer uma doença há muito erradicada, a peste bubônica segue presente. Nos Estados Unidos, por exemplo, o Novo México e a Califórnia são estados considerados perigosos pela quantidade de casos. Já na América do Sul, o Peru é o campeão de registros da doença. No Brasil, o último caso registrado foi em 2005, e as regiões de Teresópolis, no Rio de Janeiro, e do Polígono da Seca, no Nordeste, são endêmicas. “Na época de dengue, é complicado fazer o diagnóstico se você não está ou esteve nessas áreas. É importante buscar atendimento médico para identificar as causas dos sintomas”, continua Machado.
O ciclo da peste começa em ratos, que carregam a bactéria. Como na dengue, o animal é picado por uma pulga, que pode picar o homem e transmitir a doença. “É claro que, melhorando as condições de saneamento, se combate também os roedores, que somem das cidades. Mas não há como controlar os ratos silvestres, por exemplo. O que podemos fazer é dificultar a infecção no ser humano”, ensina. Na variação pneumônica da peste, a mais letal, a bactéria é transmitida também por gotículas de saliva.
NOTA
O Ministério da Saúde informa que não se confirma como peste bubônica o caso no município de São Gonçalo (RJ), pois não atende à definição de caso suspeito, ou seja, o quadro clínico apresentado pela paciente não se enquadra na definição de casos suspeitos para peste bubônica.
O Laboratório Central de Saúde Pública (LACEN) do estado do Rio de Janeiro refez a análise e identificou a bactéria Morganella morganni. Trata-se de um microrganismo amplamente distribuído no meio ambiente e não causa infecções em indivíduos com boa imunidade. Em pessoas com comprometimento imunológico, pode causar infecções oportunistas do trato respiratório, urinário e infectar feridas.
Amostras laboratoriais foram coletadas e devem chegar, nesta segunda-feira (14), no laboratório de referência Instituto de Pesquisa Aggeu Magalhães – FioCruz (PE) para outras análises e fechamento da investigação. O Ministério da Saúde informa que o último caso de peste bubônica registrado no Brasil ocorreu no estado do Ceará, em 2005, e evoluiu para cura.