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Saiba como identificar sinais de problemas de visão em crianças

No Brasil, são 12,8 milhões de crianças entre cinco e 15 anos com deficiência visual por erros de refração não corrigidos

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1 de 1 Imagem de perto do olho de uma criança branca com óculos roxo - Metrópoles - Foto: Annie Otzen/GettyImages

Dor de cabeça frequente, forçar os olhos para ver de longe e pedir para sentar próximo ao quadro para enxergar melhor podem ser alguns dos sinais de problemas na visão em crianças e adolescentes. De acordo com a oftalmopediatra Diana Danda, pais e professores devem ficar atentos, pois quanto mais cedo o diagnóstico, maior a possibilidade de correção ou tratamento.

No Brasil, são 12,8 milhões de crianças entre cinco e 15 anos com deficiência visual por erros de refração não corrigidos, conforme levantamento do Ministério da Saúde.

Segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), os erros de refração não retificados como miopia, astigmatismo e hipermetropia são as principais causas de deficiência visual em meninos e meninas. Além disso, outras disfunções como catarata e glaucoma congênitos podem comprometer a visão dos pequenos de forma grave, quando não tratados.

Ainda de acordo com o CBO, com base na estimativa da Agência Internacional de Prevenção à Cegueira, é possível considerar que no Brasil cerca de 26 mil crianças estejam cegas por doenças oculares que poderiam ter sido evitadas ou controladas precocemente. “A melhor estratégia para evitar problemas na visão nas crianças é, portanto, prevenir, diagnosticar e tratar a queixa ocular logo no seu início”, afirma Diana Danda.

Ela dá dicas de como identificar problemas na visão:

Pisca ou esfrega os olhos com frequência: o motivo talvez seja erro de refração (miopia, astigmatismo ou hipermetropia), reação alérgica a algum corpo estranho no olho, tique por ansiedade ou estresse. O ideal é consultar um oftalmopediatra.

Fica desatenta às atividades escolares: crianças com problema de visão costumam perder interesse por atividades em sala de aula. Evitam ler, desenhar, jogar ou fazer outros projetos que precisam de foco de perto. Elas podem ser sutis sobre isso e não falar sobre o que estão sentido.

Tem manchas no branco do olho: vermelha brilhante sugere hemorragia na conjuntiva, provavelmente um vaso se rompeu, normalmente, sem danos maiores. Mancha cinza indica alteração benigna, mas deve ser examinada por oftalmologista. Mancha marrom geralmente é nevo ou sarda e é mais comum em pessoas com cabelos ou olhos escuros, porque produzem mais melanina. Um nevo por si só não aponta anormalidade, porém a criança deve ser acompanhada por oftalmologista.

Tem olhos desalinhados: um olho pode estar fixando para frente, enquanto o outro para dentro, fora, cima ou baixo. Assim, os olhos não fixam exatamente na mesma direção ao mesmo tempo. Se não for resolvido, há risco de perda de visão no olho com desvio.

Olhos dilatados ou pupilas grandes: É comum que as pupilas das crianças pareçam maiores do que as dos adultos, principalmente nos olhos claros expostos à luz natural ou artificial. Certos medicamentos afetam o tamanho da pupila, como, por exemplo, os fármacos receitados para transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH). Se uma pupila parece consistentemente maior do que a outra ou há dúvida, consulte um oftalmopediatra.

Desconforto ou coceira: A coceira ou desconforto costuma ser condição temporária associada a alergias. Pode ser acompanhada de lacrimejamento, sensação de queimação ou pálpebras inchadas. Se a queixa for acompanhada de vermelhidão e secreção pegajosa, desconfie de conjuntivite. Evite que a criança crie o hábito de coçar os olhos, porque isso é prejudicial à córnea e pode produzir ceratocone, alteração grave na visão.

Dorme com os olhos abertos: Quando as crianças entram em sono profundo, é comum que seus olhos se abram um pouco e até se movam. Isso, geralmente, não deve ser motivo de preocupação. Se costumam dormir com os olhos abertos em local com ar-condicionado ou ventilador, os olhos podem ficar secos e vermelhos ao acordar. O oftalmologista receita, se necessário, pomada ou colírio para manter os olhos suficientemente úmidos e evitar danos à córnea.

Apresenta crosta ou gosma nos olhos: A secreção do olho pode secar nas pálpebras e nos cílios e formar crostas. A inflamação das bordas das pálpebras (blefarite) e nas glândulas sebáceas das pálpebras pode ser o motivo. O entupimento do canal lacrimal também forma crostas. Nesses casos, é preciso consultar um oftalmopediatra.

Inclina a cabeça ou cobre um olho: Isso acontece porque a criança sente necessidade de ajustar o ângulo para uma melhor visão. A consulta a um oftalmopediatra vai esclarecer se o comportamento é decorrente de desalinhamento dos olhos, olho preguiçoso (ambliopia) ou outra disfunção. Inclinar a cabeça também pode ser hábito por erro de refração. Algumas crianças com astigmatismo viram o rosto para o lado para ver com mais clareza.

Prevenção

Para Diana Danda,  a prevenção deve começar no pré-natal. Nessa fase, o especialista diagnostica e acompanha condições nas gestantes que colocam em risco a visão do feto. Ao nascer ou logo na primeira semana do pós-parto, de preferência, os recém-nascidos precisam ser submetidos ao teste do olhinho, pois ele é essencial para investigar males que exigem cuidado urgente.

No prematuro, é impreterível o exame ocular nas primeiras quatro a seis semanas após o nascimento, ou 31 semanas de idade gestacional corrigida, para averiguação de retinopatia da prematuridade” (alteração grave na retina).

Se estiver tudo bem com a visão, um exame completo deverá ser feito no primeiro ano de vida e daí em diante anualmente. Na pré-escola e na segunda infância, as crianças devem ser examinadas, porque nessa fase são comuns os casos de miopia, astigmatismo e hipermetropia”, reforça Diana.

Outra disfunção que pode afetar a capacidade de visual na infância é o estrabismo, desalinhamento dos olhos, condição que atinge cerca de 5% da população infantil. De acordo com a oftalmopediatra, até os seis meses de idade é normal desvio nos olhos, mas o oftalmopediatra deve ser consultado se passar disso.

“Com a falha, os olhos não focam a imagem no mesmo sentido, ao mesmo tempo, o que pode levar à diminuição da capacidade de enxergar, perda da percepção de profundidade e visão dupla”, afirma.

(*) Jéssica Ribeiro é estagiária do Programa Mentor e está sob supervisão da editora Maria Eugênia

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