Saiba como crises ambientais e econômicas impactam a sua saúde mental
A pressão em períodos de crises econômicas e uma má relação com a natureza podem impactar diretamente a saúde mental das pessoas
atualizado
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Com o aumento da competitividade no ambiente de trabalho e do próprio desemprego, a pressão de crises econômicas exerce uma influência direta nas relações das pessoas e também na saúde mental.
O psicoterapeuta Flávio Santos comenta que a atual organização da sociedade é excludente para alguns grupos de pessoas. Para esses setores, que estão afastados das principais relações econômicas e ambientais, as crises econômicas e sociais podem estar vinculadas a algum grau de angústia.
Pressão no trabalho
O especialista indica que as relações de trabalho são um dos tópicos mais abalados na atual condição econômica. De acordo com ele, há uma pressão cada vez maior para alcançar resultados que, quando não são atendidos, geram uma pressão psicológica fortíssima.
Santos expõe que, com essas situações econômicas, vem junto a pressão por resultado e o senso de competitividade que prejudicam algumas pessoas, causando, inclusive, doenças como a síndrome de Burnout. “Antigamente, chamavam puramente de estresse. Você está ali diariamente trabalhando em condições de pressão e de repente pode ser substituído por outros funcionários”, afirma.
Para ele, os trabalhadores são colocados em condições em que vivem pressionados por ansiedade, situações depressivas e situações que provocam psicopatologias ou algum grau de sofrimento.
“Obviamente, o sofrimento é diferenciado. Você imagina, por exemplo, um luto em uma família muito rica, com pessoas que estão lá, que possuem suporte. O luto de uma pequena família, em contrapartida, que o pai é trabalhador e a mãe dona de casa. Essa família não só perde uma relação, mas um conjunto de funções desempenhadas por alguém. Essa crise vai provocar sofrimentos diferenciados”, declara.
Relação com a natureza
Santos explica que há uma área na psicologia chamada ecopsicologia. Para os cientistas, a falta do vínculo entre humanos e a natureza, aliada às pressões do trabalho e do dia a dia, traz grandes prejuízos à nossa saúde mental e física.
“Eles acreditam que teríamos sido formados a partir dessa matriz, que condiciona a nossa vida com a natureza, e com a revolução industrial passamos a nos afastar dessa relação. Isso geraria um problema até biológico, porque nosso organismo foi construído a partir dessa relação com a natureza“, afirma o psicólogo.
O especialista explica que, para a ecopsicologia, a falta da relação humana com a natureza seria adoecedora e estaria vinculada a vários distúrbios psicológicos, incluindo desde o alto grau de estresse até crises de ansiedade.
Santos revela que essa abordagem psicológica já é presente entre cientistas e pesquisadores do mundo inteiro, inclusive do Brasil. Ele menciona uma ação do governo japonês: os banhos de floresta.
Chamada de Shinrin-Yoku, a técnica terapêutica consiste em ir para florestas e espaços verdes por uma hora ou mais. A prática, implementada na década de 1980, fortaleceria o sistema imunológico e ajudaria na prevenção de condições como depressão e síndrome de Burnout por reduzir a concentração de hormônios do estresse.
“Eu digo que o contato com a natureza é positivo para a manutenção da sua saúde. E que nós estamos cada vez mais afastados disso. Agora, o nosso modelo de organização econômica e social não dá colher de chá pra ninguém fazer isso”, diz o psicoterapeuta.