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Rita Lobo puxa a orelha de consumidores de alimentos ultraprocessados

Em seu perfil do Instagram, a chef divulgou um relatório da ONU que relaciona alimentos industrializados a doenças crônicas, como câncer

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1 de 1 rita lobo - Foto: Twitter/ Reprodução

Conhecida por ser uma defensora da comida “de verdade”, Rita Lobo publicou em seu perfil do Instagram um alerta com jeito de puxão de orelha. “Tenho certeza que você já sabe que o consumo de ultraprocessados piora a saúde. Mas se precisa de mais argumentos (até para convencer outras pessoas), confira o relatório que a @fao, agência da ONU para alimentação, publicou este mês”, escreveu a chef, referindo-se à publicação Ultra-processed foods, diet quality, and health using the NOVA classification system.

O documento é uma compilação de estudos feita pela Agência das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e divulgada no início do mês. Organizado pelo Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (Nupens/USP), o texto apresenta evidências científicas que provam que ingerir alimentos ultraprocessados aumenta as chances de desenvolver obesidade, doenças cardiovasculares e metabólicas, câncer, depressão e desordens alimentares, além de aumentar a fragilidade na velhice e a mortalidade por causas diversas.

A classificação NOVA foi criada em 2009 por Carlos Monteiro, chefe do Nupens/USP. As pesquisas baseiam-se na separação dos alimentos por grau de processamento: não processados ​​e minimamente processados (como frutas, sementes e raízes, ou de animais, como ovos e leite); minimamente processados (com refrigeração, fermentação não alcoólica, pasteurização e congelamento, bem como ingredientes culinários processados, ​​como óleos, manteiga, banha, açúcar e sal); processados (vegetais enlatados e conservas) e ultraprocessados, alimentos feitos à base de farinha de trigo, açúcar e óleo, com aditivos de cor, sabor, textura e outras substâncias químicas.

Refrigerantes, pizzas, hambúrgueres, salsichas e outros alimentos afins entram na lista das comidas ultraprocessadas. Cheios de gordura trans, sódio, amido e açúcares, levam a doenças graves não só pela alta densidade energética da dieta, mas também pelo baixo ou insuficiente teor de proteínas, fibras e potássio, de acordo com o documento.

Motivos não faltam para abandonar comidas artificiais. Estudos feitos em animais sobre os efeitos de alimentos ultraprocessados identificaram, por exemplo, que ingredientes como adoçantes artificiais e emulsificantes criam um ambiente intestinal favorável a micróbios que promovem inflamação de baixo grau associada à obesidade e a outras doenças.

O relatório reforça estudos anteriores divulgados pela FAO, que alertam líderes de países e organizações internacionais a respeito dos perigos de uma alimentação baseada em ultraprocessados. De acordo com a FAO, se as políticas alimentares e fatores como as mudanças climáticas e o crescimento populacional continuarem os mesmos, até 2030 o número de pessoas obesas e com sobrepeso terá aumentado de 1,33 bilhão, em 2005, para 3,28 bilhões.

Ainda conforme o documento, uma das principais causas do aumento da obesidade e do excesso de peso seria a correria do dia a dia, especialmente nas nações mais ricas. A falta de tempo e de costume de cozinhar atinge sobretudo pessoas que vivem em ambientes urbanos de países de renda média alta e alta renda, segundo os pesquisadores. Em 2000, as vendas de bebidas e alimentos ultraprocessadas ​​nos países de renda média alta representaram um terço das realizadas nas nações de alta renda. Quinze anos depois, eles eram mais da metade.

Uma necessidade específica agora, de acordo com os pesquisadores, é um exame minucioso e cuidadoso do custo, em tempo e dinheiro, dos padrões alimentares baseados em alimentos ultraprocessados, bem como daqueles com base na preparação ou aquisição de refeições frescas.

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