“Risco de ter Covid-19 é maior que reação à vacina”, diz Anthony Fauci
Infectologista dos EUA, que é uma das principais vozes no combate ao coronavírus, participou da coletiva de imprensa da OMS nesta segunda
atualizado
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Em entrevista coletiva com a Organização Mundial de Saúde (OMS), nesta segunda-feira (22/2), o diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças infecciosas dos Estados Unidos, Anthony Fauci, afirmou que, apesar dos relatos de reações alérgicas sérias em alguns pacientes após a administração das vacinas da Moderna e da Pfizer/BioNTech, a população deve ser vacinada. “Não é uma contraindicação. O risco de pegar Covid-19 é maior do que o de desenvolver algum problema relacionado ao imunizante”, explicou.
Uma das principais vozes no combate ao coronavírus do mundo, Fauci sugeriu ainda que pessoas que vão tomar as duas vacinas e tiverem histórico de reação alérgica fiquem no local de aplicação, sob supervisão médica, por 30 minutos. Quem nunca teve problemas, deve permanecer por 15 minutos.
O infectologista disse ainda que a pandemia é mundial e, por isso, é preciso uma resposta global, promovendo a distribuição igualitária das vacinas em todo o mundo. Ele lembrou que a melhor maneira de responder a futuros surtos de qualquer doença é garantir que os países, inclusive os em desenvolvimento, sejam sustentáveis na capacidade de produzir medicamentos e imunizantes. “Agora não temos tempo para construir nada em duas semanas, mas, no futuro, precisamos que os países sejam independentes e não precisem de doações”, explica.
A cientista-chefe da OMS, Soumya Swaminathan, pediu que países que possuem capacidade de produção façam investimentos para que as tecnologias sejam implantadas, e as vacinas, desenvolvidas mais rapidamente. “Vai ser bom para todo o mundo se tivermos a capacidade de fabricação espalhada pelo mundo”, explica.
Para que isso seja possível, será necessário, entretanto, negociar com as empresas que possuem os direitos de propriedade intelectual sobre as fórmulas dos imunizantes. Fauci é otimista quanto a esse quadro, lembrando que, nos anos 1990, quando a indústria de medicamentos para a aids foi desafiada, os medicamentos genéricos se multiplicaram, chegaram a populações vulneráveis e não houve prejuízo para as farmacêuticas.
“Não tenho certeza como seria esse modelo com as vacinas da Covid-19, mas há precedente de que é possível conversar com as empresas”, explica.
Mariângela Simão, diretora-assistente da OMS para a área de medicamentos e produtos de saúde, afirma que não será possível esperar 10 anos, como aconteceu com os medicamentos da aids, para garantir remessas a países que não têm condições financeiras de arcar com os remédios. “A propriedade intelectual é algo que precisamos lidar, mas não é tudo. O objetivo final é aumentar a capacidade de produção e garantir que as vacinas cheguem a países em desenvolvimento”, diz.
Por fim, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, lembrou que não adianta todo o dinheiro do mundo, se não houverem vacinas suficientes e se a população não estiver disposta a se imunizar. “Não vivemos mais um momento de teste para a ciência. Agora, é um teste de caráter”, afirma.
Veja, na galeria, como cada tipo de vacina funciona: