Repelente combate a dengue, mas está fora da rotina de cuidados
Pesquisa feita pelo Ibope descobriu que 91% dos brasilienses cuidam de água parada e 66% usam repelente – mas hábito não é diário
atualizado
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Em época de chuva e com estado de emergência ativado por causa da dengue, os cuidados para evitar a doença precisam ser intensificados. Apesar de ser um assunto muito difundido, a população brasiliense ainda não adotou métodos de prevenção como, por exemplo, o uso de repelentes.
De acordo com uma pesquisa encomendada pela Cruz Vermelha e a marca SBP ao Ibope, o morador de Brasília sabe que precisa evitar a água parada, mas tem dificuldades para incorporar o uso de repelentes na rotina diária. Enquanto isso, os casos de dengue seguem subindo. Em janeiro de 2019, foram registrados 704 casos da doença na capital. No mesmo mês de 2020, o número cresceu para 1.296 e uma pessoa já morreu.
A pesquisa, que entrevistou 3,1 mil pessoas, mostra que 91% entendem a importância de tampar a caixa d’água. O mesmo percentual verifica se há água parada em baldes, calhas, garrafas, ralos e tanques. Mas apenas 38% afirmam utilizar repelente elétrico; 21%, a versão em aerossol e 66%, a loção para o corpo.
Dos que usam alguma forma de prevenção, só 45% disseram passar repelente todos os dias: 30% usam quase todos os dias; 14%, apenas uma vez por semana; e 3%, uma vez por mês. E, apesar do cuidado ser importante durante todo o ano, 22% dos participantes só se preocupam nos períodos de surto e 4% acham que não correm risco de contaminação na região onde moram.
Segundo Julio Cals, presidente da Cruz Vermelha no Brasil, ainda falta orientação à população sobre os métodos complementares de prevenção. “São passos importantes e precisamos fazer. Às vezes, a pessoa até se cuida, mas sabe que o vizinho não. Tem que ir lá, bater na porta, avisar. Só cuidando um do outro, venceremos a doença”, afirma.
Para evitar mais uma epidemia de dengue, zika e chikungunya, além do autocuidado, são necessárias ações efetivas de controle ambiental, que devem ser compartilhadas entre a sociedade e o governo. “Precisamos eliminar o mosquito. Ele é mutante e vem passando por várias mutações. Se não fizermos nada, daqui a pouco estaremos assolados por essas doenças novamente”, afirma Cals.
Para ajudar na batalha, a Cruz Vermelha e a SBP se juntam, pelo terceiro ano consecutivo, em uma campanha que vai de casa em casa entregando material informativo e repelentes. Várias cidades de São Paulo, Ceará e Rio de Janeiro já participaram da ação – Brasília deve receber equipes no futuro.
Como se proteger com repelentes
O uso dos repelentes contribui para manter os mosquitos afastados da pele. A indicação é que se reaplique o repelente a cada 10 horas e depois de tomar banho ou suar muito. Se for usar a variedade aerossol, não passe direto no rosto: aplique na mão e, depois, na face.
Segundo o infectologista André Bon, do Hospital Brasília, o uso exagerado, de mais de quatro vezes por dia, pode causar reação alérgica na pele e, em alguns casos, intoxicação.
“E é importante procurar o repelente certo. O produto precisa ter icaridina 120% ou DEET de 30% a 50%. Essas concentrações garantem a eficácia. A orientação é passar nas áreas que ficam expostas e não precisa passar debaixo da roupa”, afirma o especialista.
Ele conta ainda que o mosquito se guia pelo calor, mas também pelas cores das roupas. “É por isso que nos safáris, por exemplo, se usam vestimentas beges”, conta o médico.