Remédio indutor de parto reduz risco de ter Alzheimer, sugere estudo
Medicamento que induz o parto mostrou-se promissor para melhorar a eliminação de toxinas causadoras do Alzheimer em pesquisa feita com ratos
atualizado
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Um dos principais desafios da medicina é evitar o desenvolvimento do Alzheimer ou demências graves relacionadas ao envelhecimento. Uma possível resposta para esse desafio, porém, veio de um remédio inesperado: um medicamento que induz o parto é considerado promissor para evitar o acúmulo de resíduos tóxicos no cérebro que levam ao declínio cognitivo.
Em linhas gerais, o Alzheimer é causado por um acúmulo de proteínas no cérebro que se emaranham e não conseguem ser eliminadas, pressionando o órgão e diminuindo sua capacidade de processamento. Além disso, elas emitem toxinas que aceleram a deterioração do órgão.
Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Rochester, nos Estados Unidos, em camundongos sugere que, em pequenas doses, o hormônio prostaglandina (indutor de parto) leva a contrações musculares não no útero, mas nos vasos linfáticos do pescoço, que filtram o fluido cerebrospinal e permitem que as substâncias tóxicas acumuladas no cérebro sejam escoadas. Com isso, o órgão parece se manter saudável por mais tempo e com menor risco de desenvolvimento de demências.
Remédio melhorou a higiene cerebral
A investigação publicada em 15/8 na revista científica Nature Aging foi feita em duas fases. A primeira comparou a capacidade de funcionamento dos vasos linfáticos de ratos jovens com a de idosos. Os mais velhos se mostraram 63% mais lentos na filtragem dos fluidos.
Em uma segunda fase, os cientistas analisaram dois grupos de ratos idosos: o primeiro usou a prostaglandina em diferentes doses para estudar quais impactos ela teria na higiene cerebral, e o segundo não recebeu o remédio.
O uso do hormônio “rejuvenesceu” o funcionamento das válvulas, permitindo que elas trabalhassem em ritmo parecido com o dos ratos jovens, o que reduz o risco de desenvolvimento de Alzheimer e pode até funcionar como tratamento para a demência em estados iniciais.
Como humanos têm um sistema parecido de válvulas, que filtram o líquido cerebral cerca de três vezes ao dia, os médicos acreditam que a descoberta em camundongos poderá ser replicada em pessoas futuramente.
“Ao contrário do sistema cardiovascular, que tem uma grande bomba — o coração — o fluido no sistema linfático é transportado por uma rede de pequenas bombas”, explica Douglas Kelley, professor de engenharia biomecânica e líder do estudo. “Esses vasos estão localizados perto da superfície da pele e distribuídos no pescoço. Sabemos que eles são importantes e agora entendemos como acelerar a função. Essa pode até ser uma base para futuras terapias contra doenças neurodegenerativas”, indica ele em entrevista ao site da universidade.
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