Relação entre vacina da AstraZeneca e trombose “é clara”, diz agência
Ao menos 30 casos foram registrados por pessoas que receberam a imunização. Agências internacionais investigam as possíveis causas
atualizado
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O chefe de vacinas da Agência Europeia de Medicamentos (EMA, na sigla em inglês), Marco Cavaleri, afirmou nesta terça-feira (6/4) estar “claro que existe uma ligação” entre a vacina Oxford/AstraZeneca e os recentes casos de uma manifestação rara de coágulo sanguíneo. Ao menos 30 casos foram relatados após a injeção, sete deles resultando em morte.
“Na minha opinião, podemos falar agora, é claro que existe uma ligação com o imunizante. Mas ainda não sabemos o que causa essa reação ”, disse o chefe de vacinas da EMA ao jornal italiano Il Messaggero.
Cavaleri informou que o órgão regulador de medicamentos fará uma declaração oficial sobre o assunto nas próximas horas desta terça. O comitê de segurança da EMA inicia hoje uma série de reuniões sobre o tema que devem seguir até sexta-feira (9/4).
A atualização das recomendações de uso do imunizante deve ser um dos pontos abordados.
As dúvidas geradas sobre a vacina da empresa anglo-sueca fizeram com que países, como Alemanha, Itália, França, Espanha e Holanda, fizessem restrições para a inoculação das injeções em suas populações.
A Agência Reguladora de Medicamentos e Saúde do Reino Unido (MHRA) afirmou, no sábado (3/4), que faz uma “revisão rigorosa dos relatórios do país sobre tipos raros e específicos de coágulos sanguíneos”. E pediu à população que continue a se vacinar, uma vez que os benefícios da imunização “continuam a superar quaisquer riscos”.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) segue o mesmo posicionamento, insistindo que a vacinação continue para conter os novos casos de Covid-19.
Os 30 casos foram notificados entre um total de 18,1 milhões doses de AstraZeneca administradas até 24 de março. A taxa de incidência seria muito inferior à recorrência de pessoas que desenvolvem trombose por outros fatores na Europa.
Estudos
Dois estudos feitos separadamente na Alemanha e Noruega, publicados na última semana em versão de pré-print – ou seja, ainda sem revisão pela comunidade científica –, sinalizam que, em casos muito raros, o imunizante poderia desencadear um ataque do organismo às plaquetas do sangue.
Como resposta, o corpo produziria uma quantidade exagerada de plaquetas, tornando o sangue mais espesso e, consequentemente, criando os coágulos. Quando o trombo chega ao cérebro, provoca sintomas como dores de cabeça severas, tontura e perda da visão nos dias após a aplicação da dose.
Mas os cientistas alertam que ainda não há provas concretas de que o quadro tenha relação direta com a vacina.
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