Reino Unido e Ômicron: medidas restritivas são exagero ou necessidade?
País parece estar vivendo mais uma onda da pandemia de Covid-19, e voltou atrás em algumas medidas de flexibilização, como o uso de máscaras
atualizado
Compartilhar notícia
Com o aumento no número de casos de Covid-19 no Reino Unido, atingindo mais um pico de diagnósticos diários, e a alta transmissão da variante Ômicron, o governo britânico instalou o chamado “Plano B” contra o coronavírus. A expectativa é que a nova cepa seja predominante na nação até o final da semana e, caso não seja controlada, pressione o sistema de saúde no início de janeiro.
A população deve voltar a usar máscaras em locais fechados, e retornar ao home office se possível. O passaporte da vacina fica sendo obrigatório para entrar em eventos grandes e em locais fechados. O governo não proibiu festas de Natal, e nem confraternizações.
Se a situação não melhorar, deve ser instalado o “Plano C”, com mais medidas de restrição, mas sem outro lockdown, a princípio.
As informações iniciais dão conta de que a variante Ômicron é responsável por sintomas leves e poucas hospitalizações, apesar de ser muito mais transmissível. No Reino Unido, onde 69,8% da população já terminou o esquema vacinal, foram registrados 78,6 mil casos novos de Covid-19 nesta quarta-feira (15/12) e 165 mortes.
Saiba mais sobre a variante Ômicron do coronavírus:
Pesquisadores e especialistas do país discutem se as medidas são um exagero, uma vez que a variante não parece ter trazido pressão ao sistema de saúde até o momento, ou se são necessárias para evitar problemas nas próximas semanas.
Abertura precoce
Para o epidemiologista Claudio Maierovitch, vice-presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), as medidas tomadas pelos britânicos são “absolutamente justificadas”, uma vez que o país já vinha enfrentando problemas para controlar a pandemia desde antes da chegada da Ômicron.
“Mesmo tendo conseguido vacinar uma parcela importante da população e oferecendo testes com muita facilidade, inclusive para assintomáticos, eles não vinham conseguindo um controle consistente desde que suspenderam as medidas”, explica Maierovitch.
Ele acredita que os britânicos estavam aceitando que o futuro incluiria conviver com o coronavírus, mas o fator surpresa representado pela emergência da Ômicron acabou assustando os responsáveis pela resposta à pandemia. “Não temos segurança alguma de que a Ômicron não trará um novo desastre. É tudo muito recente, não temos nenhum estudo como base”, afirma o epidemiologista.
Maierovitch diz que, mesmo com as indicações de que a nova variante será menos letal, não se pode afirmar que este realmente é o caso. Ele lembra que a maioria dos infectados já estava vacinada, e é esperado que a doença seja mais branda nesses pacientes.
Ômicron no Brasil
Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil tem, até o momento, 12 casos confirmados de infecção pela variante Ômicron. Com medo da nova cepa, vários estados já anunciaram o cancelamento das festas de Réveillon e já pensam em proibir grandes aglomerações durante o Carnaval.
Maierovitch acredita que o país deveria estar reafirmando medidas de proteção óbvias independente da entrada da Ômicron, já que a pandemia ainda não acabou — a nova cepa seria apenas mais um motivo para não abandonar as restrições.
“A primeira delas é exigir o comprovante de vacinação nos ambientes de trabalho, escolas, eventos e o passaporte da vacina de quem entra e sai do país. A segundo é o uso de máscaras de boa qualidade em todos os locais, é uma medida barata, acessível, e que não tem contraindicação. Precisamos insistir nisso”, afirma o epidemiologista.