Reforço mais eficaz após Coronavac é da Pfizer, diz estudo brasileiro
Pesquisa avaliou a terceira dose com as fórmulas da Coronavac, AstraZeneca, Janssen e Pfizer, e encontrou maior eficácia na vacina de RNA
atualizado
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De acordo com um estudo que deve ser publicado na seção de pré-prints da revista científica The Lancet nos próximos dias, pacientes que receberam duas doses da vacina Coronavac contra a Covid-19 têm maior aumento de anticorpos quando a vacina da Pfizer é aplicada como reforço.
A pesquisa, feita por um conjunto de instituições brasileiras, incluindo a Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal da Bahia (UFBA) e Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (Idor), em parceria com a Universidade de Oxford, no Reino Unido, a Universidade de Siena, na Itália, e o Instituto Internacional de Vacinas, na Coreia do Sul, ainda deve ser revisado pela comunidade científica.
Os 1.240 pacientes que participaram do estudo receberam as duas doses da Coronavac e, seis meses depois, compareceram para receber o reforço. Eles foram divididos em quatro grupos, e cada um recebeu uma fórmula diferente como terceira dose. Foram testados os imunizantes da Pfizer, AstraZeneca, Janssen e Coronavac.
Todos os grupos tiveram aumento nos anticorpos, mas as vacinas diferentes apresentaram alta mais expressiva do que continuar com a Coronavac para o reforço. Entre elas, o melhor resultado foi com a fórmula da Pfizer, que apresentou aumento de 152 vezes nos anticorpos neutralizantes, seguida da AstraZeneca (90 vezes), Janssen (77 vezes) e Coronavac (12 vezes).
Esse estudo deve desestimular o governo a usar a Coronavac como dose de reforço, deixando o imunizante como última alternativa, apenas quando não houver outra fórmula e em esquema primário de vacinação.
“Todos os regimes heterólogos de reforço induziram altos níveis de anticorpos neutralizantes com 100% de soro positividade em todos os grupos, menos em idosos que receberam booster homólogo. Este grupo teve 66,7% de soro positividade”, escrevem os pesquisadores. A soro positividade avalia a eficácia da fórmula frente ao coronavírus.
Os efeitos adversos mais comuns são dor no local (76% para Pfizer, 63% para AstraZeneca, 60% para Janssen e 39% para Coronavac) e dor de cabeça (30%, 49%, 46% e 20%, respectivamente). Foram registrados cinco casos de efeitos colaterais graves, que podem estar relacionados à vacina, mas não há confirmação de causa e efeito.
Os pesquisadores confirmam que todas as vacinas usadas são seguras e induzem aumento nos anticorpos, mas a fórmula de RNA da Pfizer foi a que apresentou melhor resultado.