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“Reforço com Pfizer é melhor para idosos”, diz Edecio Cunha-Neto, da USP

Pesquisador que lidera estudo sobre queda de eficácia da Coronavac detalha por que vacina de RNAm complementa proteção de grupos vulneráveis

atualizado

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Edecio Cunha Neto
1 de 1 Edecio Cunha Neto - Foto: Reprodução/Zoom

Sete meses após o início da vacinação contra a Covid-19, o Ministério da Saúde se prepara para dar início à aplicação da terceira dose de imunizantes em idosos e imunossuprimidos, grupos mais vulneráveis às infecções provocadas pelo novo coronavírus. A administração do reforço não ocorre apenas no Brasil, ao menos seis países já estão vacinando novamente parte da população.

A decisão se justifica pelo aumento do número de idosos internados com a Covid-19 – após um período de queda nas hospitalizações – e pela alta na circulação das variantes de preocupação, em especial a Delta, encontrada pela primeira vez na Índia.

“É importante dar a terceira dose para os mais vulneráveis, porque estão acontecendo óbitos de vacinados daquela primeira leva. As pessoas acima de 80 anos foram vacinadas em janeiro e fevereiro”, afirma Edecio Cunha-Neto, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).

Em entrevista ao Metrópoles, o pesquisador conta por que defende que o reforço comece a ser aplicado antes do fim da vacinação dos mais jovens e também esclarece os benefícios de usar o imunizante da Pfizer/BioNTech como terceira dose.

Queda da proteção

Cunha-Neto é um dos principais autores do estudo divulgado recentemente com evidências de que as pessoas com mais de 55 anos de idade – em especial os homens – vacinadas com a Coronavac têm resposta imunológica contra o vírus reduzida em comparação aos pacientes recuperados da Covid-19.

As explicações para isso estão no tipo de tecnologia usada pela vacina produzida pelo Instituto Butantan e no envelhecimento natural do sistema imunológico – um processo denominado de imunossenescência, que atrapalha a indução de anticorpos em vacinados.

“Já se sabia que a resposta de idosos às vacinas de vírus inativado, como é o caso da Coronavac e das vacinas de gripe que tomamos todos os anos, seria menor. São vacinas que provocam resposta imunológica que não é a ideal para pessoas acima de 60 anos. Elas imunizam uma proporção desses pacientes, mas se compararmos com pessoas mais jovens, os resultados serão menores”, frisa o pesquisador.

Troca de vacinas

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que a dose de reforço para as pessoas com mais de 70 anos e os imunossuprimidos, como os transplantados, será com a vacina da Pfizer. Para o professor da USP, a estratégia está correta, uma vez que estudos demonstram que jovens e idosos apresentam respostas semelhantes às vacinas que usam tecnologia de RNA mensageiro. “Na oportunidade de fazer uma terceira dose, a vacina Pfizer é uma indicação melhor para completar a proteção dos idosos”, afirma.

Além disso, o reforço com um imunizante heterólogo – de um fabricante diferente do esquema inicial – pode oferecer melhores níveis de proteção. De acordo com o especialista, a intercambialidade de vacinas já é respaldada por vários estudos. Ele pontou que, recentemente, a revista The Lancet publicou resultados positivos na associação das plataformas de vacina com vetor de adenovírus, como a AstraZeneca, e de RNA mensageiro, como a Pfizer.

Saiba como as vacinas contra Covid-19 atuam:

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