Realidade virtual: tecnologia brasileira é usada em cirurgia de ombro
Grupo de ortopedistas desenvolveu software que simula a cirurgia de ombro. Técnica visa melhorar a precisão no posicionamento de próteses
atualizado
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Ortopedistas brasileiros estão desenvolvendo um software que pode ser um avanço na realização de cirurgias de ombro no país. Com o uso de óculos especiais de realidade aumentada comandado por voz e movimento, a equipe do Hospital Santa Paula, localizado em São Paulo, foi capaz de criar hologramas idênticos à estrutura óssea de mais de 15 pacientes antes mesmo de eles serem encaminhados para a sala de operação.
A tecnologia – presente em video games e no metaverso – é pioneira no Brasil. Ela permite à equipe simular em consultório as artroplastias, cirurgias de ombro que substituem articulações por próteses para aliviar dores e devolver funcionalidades que possam ter sido prejudicadas. O objetivo é ajudar o cirurgião e melhorar a precisão no posicionamento dessas próteses, contribuindo com os resultados do procedimento.
Os óculos Hololens 2, da Microsoft, criam ambientes virtuais de alta definição com o software instalado. Eles também podem ser usados na sala de operação, possibilitando que o cirurgião faça teleconferências com outros profissionais para ter uma segunda opinião.
“Para o cirurgião, é como ter a anatomia dos pacientes nas mãos. Isso dá mais segurança e rapidez para a tomada de decisões”, afirma o médico Nicola Archetti, ortopedista do Hospital Santa Paula, da rede Dasa.
Outra vantagem é o custo do equipamento. “Provavelmente será uma tecnologia muito mais barata do que as que temos hoje. Custará cerca de US$ 3,5 mil (cerca de R$ 19 mil) para o hospital”, avalia o ortopedista.
Archetti integra o grupo de pesquisa ao lado dos médicos Fábio Anauate e Marcel Jun. Eles contam com o auxílio de uma equipe de engenheiros da Commonwealth Virginia University, nos Estados Unidos, para efetivar a ferramenta.
Para que se torne realidade, o protótipo ainda precisa passar por um longo caminho, que inclui conseguir financiamento para a realização de pesquisa para avaliar sua eficácia e benefícios para o desfecho clínico.
Os resultados preliminares do projeto de pesquisa em estudo no Brasil serão apresentados no Masters Shoulder Symposium, realizado entre os dias 8 e 10 de dezembro em Nova York, nos Estados Unidos.
“Essa é uma ferramenta fantástica que permite replicar a cirurgia de forma bastante precisa. A partir dos hologramas criados, é possível antever problemas e programar uma série de correções necessárias durante o procedimento cirúrgico”, explica Archetti.
Os hologramas são formados por realidade aumentada mista, unindo o ambiente virtual gerado pelo computador a partir de exames de tomografia e o meio físico real. Com eles, os médicos conseguem ter uma visão 360 graus dos ossos dos pacientes em tamanho real.
No futuro, eles querem refinar a técnica a ponto de espelhar a imagem acima do osso do paciente para ter ainda mais precisão e ajudar o profissional a saber onde implantar determinado tipo de parafuso ou outro implante.
Segundo Archetti, pacientes submetidos a outras cirurgias ortopédicas, como a de coluna, também serão beneficiados pela tecnologia. Ela também poderá ser utilizada no ensino de de jovens cirurgiões e na telemedicina.
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