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Queda em casos de Covid representa fim da pandemia no Brasil?

País vive um bom momento, com baixa nos diagnósticos e nas mortes, que pode ser atribuído à vacinação, surtos anteriores e máscaras

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1 de 1 ilustração pessoas de máscara - Foto: GettyImages

Desde o final de junho de 2021, a Organização Pan-Americana (Opas) tem percebido que os casos e óbitos por Covid-19 na América do Sul vêm caindo. Ao contrário de outras regiões do mundo, onde a chegada da variante Delta e a hesitação vacinal estão criando o ambiente perfeito para a transmissão do coronavírus, por aqui, o cenário é mais animador.

No Brasil, especificamente, das últimas nove semanas oito tiveram queda de casos, de acordo com análise do (M)Dados, núcleo de jornalismo de dados do Metrópoles. A semana que fugiu à regra foi a do feriado de 7 de Setembro, quando as informações represadas aumentaram a média móvel.

Segundo o Ministério da Saúde, entre quinta-feira (23/9) e sexta-feira (24/9), 1.840 municípios brasileiros não registraram nenhum óbito pela doença e 1.311 não tiveram novos casos de Covid-19.

A epidemiologista e vice-presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), Lígia Kerr, explica que ainda não há consenso para esclarecer exatamente o que causou a queda nos diagnósticos de Covid-19 na região. Mas a vacinação é, com certeza, um dos motivos.

“A vacinação segura a disseminação da doença: quanto mais gente vacinada menor a chance de a transmissão crescer de forma descontrolada”, diz. A especialista conta que países onde a campanha está sendo mais irregular, como os Estados Unidos, estão tendo que lidar com uma nova onda de diagnósticos, que lota os hospitais.

A América Latina, em geral, ainda não havia vivido um momento em que a baixa de casos tivesse se mantido. Na maior parte do tempo, estivemos em um platô, estabilizados numa quantidade alta de novos diagnósticos. Jarbas Barbosa, diretor assistente da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), afirma que a transmissão intensa anterior – quando muitas pessoas foram infectadas e desenvolveram anticorpos – é um dos fatores que explicam o atual cenário.

“Mas é muito importante combater mitos. Pessoas acham que por já terem tido a doença não precisam se vacinar, isso não tem nenhuma base científica. Todos precisam se vacinar”, afirma Barbosa, lembrando que nenhum imunizante é 100% eficaz, mas todos protegem contra casos graves e óbitos decorrentes da Covid-19.

O fato de a população da América Latina, inclusive a brasileira, ter adotado o uso de máscaras também influencia o cenário atual. “Temos estudos muito confiáveis que mostram uma redução de 10% a 20% na transmissão ao se usar o item de proteção”, explica Barbosa.

Lígia lembra que outros países, como os Estados Unidos, decidiram pelo fim das máscaras precocemente e agora, quando os casos voltaram a subir, a população se recusa a usar o item de segurança. “Vários epidemiologistas condenaram, foi uma das piores medidas tomadas. Não podemos abrir mão das máscaras enquanto não tivermos certeza do cenário no restante do mundo. É chatinha de usar, mas protege você e o outro”, diz.

Os especialistas lembram, no entanto, que o Brasil viveu uma queda expressiva nos casos e óbitos em outubro de 2020, situação revertida com uma nova onda bastante forte da variante Gama que foi potencializada pelas festas de fim de ano, férias e abertura da economia. O cenário agora é bem diferente, temos vacinas, já passamos por algumas ondas de transmissão, mas não é hora de abrir a guarda.

“O que pode acontecer agora é ter uma terceira onda, mas acho pouco provável que seja da mesma intensidade das outras. Dependemos de como a variante Delta vai se apresentar no Brasil“, analisa Lígia.

Veja quais são os sintomas mais frequentes de Covid-19:

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Idosos e pessoas com comorbidades, como doenças cardíacas, pulmonares ou obesidade, e os imunossuprimidos apresentam maior risco de desenvolver complicações mais sérias da Covid-19
No início da pandemia, os principais sintomas associados à doença eram febre, cansaço, tosse seca, dores no corpo, congestão nasal, coriza e diarreia
Pacientes passaram a relatar também calafrios, falta de ar ou dificuldade para respirar. Fadiga, dores musculares ou corporais, dor de cabeça, perda de olfato e/ou paladar, dor de garganta, náusea, vômito e diarreia também fazem parte dos sintomas
A variante Delta, identificada pela primeira vez na Índia, espalhou-se rapidamente pelo mundo e gerou um novo perfil da doença
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Os testes laboratoriais confirmaram que o medicamento é capaz de conter a capacidade viral de mutações, como a Ômicron e a Delta, classificadas como variantes de preocupação pela Organização Mundial da Saúde (OMS)

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Idosos e pessoas com comorbidades, como doenças cardíacas, pulmonares ou obesidade, e os imunossuprimidos apresentam maior risco de desenvolver complicações mais sérias da Covid-19

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No início da pandemia, os principais sintomas associados à doença eram febre, cansaço, tosse seca, dores no corpo, congestão nasal, coriza e diarreia

Andrea Piacquadio/Pexels
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Pacientes passaram a relatar também calafrios, falta de ar ou dificuldade para respirar. Fadiga, dores musculares ou corporais, dor de cabeça, perda de olfato e/ou paladar, dor de garganta, náusea, vômito e diarreia também fazem parte dos sintomas

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A variante Delta, identificada pela primeira vez na Índia, espalhou-se rapidamente pelo mundo e gerou um novo perfil da doença

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A mudança no perfil dos sintomas é um desafio no controle da pandemia, uma vez que as pessoas podem associá-los a uma gripe comum e não respeitar a quarentena, aumentando a circulação viral

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Um estudo feito no Reino Unido, com 38 mil pessoas, mostrou que os sintomas da Covid-19 são diferentes entre homens e mulheres

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Os sintomas também mudam entre jovens e idosos. As pessoas com mais de 60 anos relatam diarreia com maior frequência, enquanto a perda de olfato é menos comum

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A maioria das pessoas infectadas que tomaram as duas doses da vacina sofre com sintomas considerados leves, como dor de cabeça, coriza, espirros e dor de garganta

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“Estamos num momento melhor do que antes, temos redução de casos e óbitos, é uma boa notícia. Mas é preciso manter essa redução de maneira sustentável, continuar com o monitoramento. Se as tendências se inverterem, precisaremos de medidas imediatas”, diz o dirigente da Opas.

O fim da pandemia vem aí?

Apesar de o cenário ser positivo e um dos melhores que vivemos desde o começo da pandemia, Jarbas e Lígia concordam que ainda é muito cedo para dizer que estamos próximos do fim da pandemia. “De jeito nenhum está acabando. Tudo depende do nosso comportamento, das vacinas, da nossa capacidade de continuar aplicando os imunizantes, da diminuição da transmissão do vírus. São muitas variáveis”, explica a vice-presidente da Abrasco.

Ela diz que mesmo quando toda a população do país estiver completamente vacinada, ainda será preciso manter o monitoramento de casos e continuar usando máscaras. Com um mundo cada vez mais globalizado, onde o transporte entre países é fácil, em um instante podemos receber uma nova variante.

“Não podemos abrir a guarda enquanto não tivermos certeza do que está acontecendo no resto do mundo. Tudo o que acontece internacionalmente respinga no Brasil”, ensina Lígia Kerr.

O diretor da Opas diz que ainda não é garantido que a doença poderá ser erradicada, ou se vamos lidar com novos surtos esporádicos. Segundo ele, só poderemos falar em fim da pandemia quando o número de casos e mortes não for expressivo. “No Brasil, agora estamos falando de centenas de mortes por dia. É um cenário melhor do que o anterior, mas ainda é impactante”, afirma.

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