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Quarta onda? Entenda por que Europa volta a ser ameaçada pela Covid

Variante Delta e falta de cobertura vacinal em níveis ideais são as principais causas para o novo avanço da Covid-19 no continente

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1 de 1 arte coronavirus COVID-19 mundo mundial - Foto: Getty Images

Nas últimas semanas, a Europa voltou a enfrentar um recrudescimento da pandemia de Covid-19. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o ritmo atual de transmissão é motivo de grande preocupação, pois os casos da doença voltam a se aproximar de níveis recordes. A variante Delta e a falta de uma boa cobertura vacinal em alguns países são as principais causas para o novo avanço da Covid no continente.

De acordo com o informe da OMS, a Europa observou aumento de 55% em relação a novos casos de Covid-19 em quatro semanas. Além disso, o continente e a Ásia Central foram responsáveis ​​por 59% das novas ocorrências e 48% das mortes relatadas em todo o planeta no período.

Países da Europa e da Ásia Central estão em diferentes estágios no combate à Covid-19. Nas duas regiões, cerca de 47% das pessoas completaram o esquema de imunização. Enquanto oito nações já ultrapassaram a cobertura vacinal de 70% – entre eles, Espanha, Portugal e Itália –, em muitas outras, a campanha  segue a passos lentos e, consequentemente, as taxas de internação hospitalar registram altas.

De acordo com o escritório europeu da OMS, a variação no alcance da imunização reflete problemas de logística e falta de confiança em relação às vacinas entre alguns grupos da população. “É imperativo que as autoridades invistam todos os esforços para acelerar o ritmo de implantação da vacinação”, afirmou a OMS, em comunicado.

Variante Delta

Professor da Universidade de São Paulo (USP) e médico sanitarista, Gonzalo Vecina ressalta que a variante Delta tem um grande impacto na situação em que o continente se encontra. “Apesar de muitos desses países possuírem uma cobertura vacinal alta, eles não tinham tantos casos. Essa é uma diferença muito importante em relação ao Brasil”, diz.

Vecina explica que a chegada da Delta ao Brasil acabou não sendo tão ameaçadora devido a uma parte da população estar vacinada. Também colaborou para o cenário, o fato de muitas pessoas já terem sido infectadas pela Gama, conhecida como a variante de Manaus. “Aparentemente, a Gama e a Delta têm o mesmo perfil imunológico. Então, quem teve a Gama, possivelmente, está protegido contra a Delta, e quem está vacinado está protegido contra a Delta”, afirma.

O médico sanitarista Cláudio Maierovitch, ex-diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), acredita que o relaxamento das medidas de prevenção também contribuiu para o aumento da circulação do coronavírus no continente. “Uma vez que a prevenção contra a Covid-19 depende de uma série de ações conjuntas, como o uso de máscaras, impedimento de aglomerações em lugares fechados e distanciamento social, é possível que as retomadas tenham ultrapassado o patamar de segurança”, afirma.

Para Maierovitch, no caso de as medidas de proteção serem retiradas, a vacinação, sozinha, não será suficiente para manter a quantidade de ocorrências em queda. O especialista descarta, entretanto, que o aumento de notificações em áreas isoladas, onde há muitas pessoas resistentes à imunização, corresponda a uma quarta onda de Covid-19. Na opinião dele, a situação se assimila a de vários surtos entre os não vacinados. 

“Nós tivemos um efeito importante da vacinação em todos os países que atingiram níveis altos de imunização, porém, em muitos países ainda há resistência de uma parcela da população em se vacinar. Com isso, aquela queda no número de casos, de internações e de óbitos, que seria esperada em uma campanha ampla, acaba sendo muito lenta quando são suspendidas as outras medidas de prevenção”, afirma.

Apelo para medidas combinadas

Na última quinta-feira (4/11), o diretor regional da OMS para a Europa, Hans Henri Kluge, fez justamente um apelo para que os mandatários voltem a exigir o cumprimento de ações preventivas, como o uso de máscaras. De acordo com ele, as projeções ​​mostram que se a adesão ao equipamento atingir 95%, será possível salvar até 188 mil vidas entre as 500 mil que podem ser perdidas até fevereiro de 2022, caso o crescimento seja mantido.

Kluge lembrou ainda que testagens, rastreamento de casos e distanciamento físico precisam ser seguidos até que o vírus seja controlado. “Devemos mudar nossas táticas de reagir a surtos de Covid-19 para evitar que eles aconteçam”, reforça.

“Vamos manter todas as medidas e vamos nos comunicar muito, levar as informações para as pessoas que não dispõem dela. Especialmente, lembrando-os sobre a necessidade de que todos se vacinem”, cobrou o especialista.

Saiba como o coronavírus ataca o corpo humano:

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