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Psiquiatra desenvolve app para ajudar pessoas com bipolaridade

Aplicativo permite acompanhamento diário dos sintomas do paciente e da evolução do tratamento

atualizado

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Celular 5G
1 de 1 Celular 5G - Foto: The Good Brigade/Getty Images

O transtorno bipolar é uma doença que pode facilmente ser confundida com alterações de humor regulares. Mas, ao contrário das mudanças de ânimo que ocorrem no dia a dia, indivíduos com bipolaridade tendem a apresentar quadros de mania e são mais suscetíveis a terem depressão. Por isso, é essencial monitorar os sentimentos e comportamentos de pessoas com o diagnóstico bipolar.

Buscando o acompanhamento cotidiano dos pacientes e a redução do preconceito em torno da condição, o médico psiquiatra Renato Silva desenvolveu o aplicativo Estabiliza. O app foi lançado em julho de 2022 e está disponível nas versões iOS e Android.

Por meio das funcionalidades, é possível tracejar o progresso das pessoas diagnosticadas e trazer informações que descompliquem a condição. O app é totalmente gratuito e pode ser usado também para auxiliar pessoas com depressão e borderline.

“Existem apps estrangeiros com a finalidade de monitorar os sintomas, mas, no Brasil, esse é o primeiro. O meu principal objetivo é educar as pessoas sobre algo complexo e com muitas nuances, que é crônico, mas pode ser controlado”, afirma Renato Silva.

A estrutura de navegação é fácil e convidativa, composta de três seções principais que permitem acompanhar o humor, monitorar o estilo de vida e incentivar o aprendizado a respeito da bipolaridade.

No ambiente virtual, o paciente faz registros diários sobre sua disposição, as emoções que está sentindo e pode complementar com escalas sobre os níveis de ansiedade, concentração, irritabilidade, apetite, desejo sexual e impulso para gastos. As informações são importantes para rastrear os sintomas de mania e depressão.

Pelo aplicativo, o paciente agenda lembretes para fazer os registros em um horário específico, cadastra o uso de medicamentos e a marcação de consultas, além de acrescentar informações sobre qualidade do sono, exposição à luz natural e nutrição. Os dados podem ser visualizados em gráficos semanais, mensais e anuais.

“Como existe uma função na qual o usuário pode baixar o relatório do mês, é possível usar o Estabiliza para acompanhamento clínico. É muito difícil lembrar como você se sentia 20 dias atrás, por exemplo, então ter esse registro é importante para que os profissionais de saúde consigam tomar decisões adequadas de tratamento”, explica o psiquiatra.

O que é a bipolaridade

O transtorno bipolar é uma doença que gera mudanças anormais no humor, na energia e na disposição. Ele tem como principais sintomas episódios depressivos alternados com momentos de mania, apesar de haver possibilidade de os dois quadros se manifestarem ao mesmo tempo.

De acordo com o psiquiatra Renato Silva, a bipolaridade é uma condição neurológica causada por fatores genéticos. Ele explica que a disposição herdada torna o indivíduo mais vulnerável a desenvolver a doença, mas ela só é manifestada com a presença de gatilhos externos.

O diagnóstico tende a ser difícil, demorando em média nove anos em casos mais brandos e 15, quando é sutil. O médico alerta que o início da bipolaridade é manifestado antes dos 30 anos em 70% dos pacientes. Entre eles, a maioria apresenta os sintomas entre 13 e 15 anos. Ele destaca que, como em qualquer outra doença, quanto mais cedo o tratamento for iniciado, maior chance de a condição ser estabilizada e menos prejuízos trazer ao bem estar do indivíduo.

Segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), a bipolaridade afeta cerca de 6 milhões de brasileiros. Por serem mais propensas a desenvolverem quadros depressivos, pessoas com a condição têm 23 vezes mais chances de cometer suicídio do que a população em geral, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A doença atinge mais jovens entre 15 e 25 anos, mas um estudo epidemiológico recente identificou a existência de um pico tardio entre 45 e 55 anos.

Tratamento

O transtorno bipolar não tem cura, mas pode ser controlado com o uso de medicamentos, psicoterapias e mudanças no estilo de vida, evitando principalmente o consumo de cafeína e de álcool e adotando hábitos saudáveis de sono e alimentação.

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