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Psicologia: curso aborda efeitos do racismo para a saúde mental

Curso é ministrado pelo psicólogo Lucas Veiga, que vem passando por várias cidades do país para conversar com negras e negros sobre o impacto dos preconceitos da sociedade em cada um

atualizado

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1 de 1 psicologia preta - Foto: divulgação

No próximo sábado (08/06/2019), Brasília receberá, pela primeira vez, o curso Introdução à Psicologia Preta, com o psicólogo e professor carioca Lucas Veiga. A ideia do projeto, que já circula pelo país há um ano e deve ganhar uma versão on-line em breve, é ensinar, principalmente a psicólogos, como lidar com as subjetividades negras e os efeitos do racismo na saúde mental da população negra.

Em entrevista ao Metrópoles, Lucas conta que, na maioria das graduações em psicologia do país, o estudo em torno do assunto ainda é escasso e o tema só apareceu em sua vida quando, em 2015, começou a trabalhar em um abrigo para adolescentes usuários de drogas e em situação de rua. “Cerca de 99% das pessoas atendidas eram negras. Fui percebendo que eu não tinha ferramentas suficientes para realizar aquele trabalho com eles e, a partir daí, busquei algo para construir uma identidade negra”, lembra.

Neste processo, Lucas teve contato, pela primeira vez, com a Psicologia Preta. A vertente surgiu nos anos 1960, nos Estados Unidos, quando a comunidade negra se uniu para reivindicar direitos civis. Foi quando alguns intelectuais, entre eles Na’im Akbar e Wade Nobles, começaram a pensar nas subjetividades negras e na saúde mental dessa população. O tema caiu com uma luva para Lucas, que logo passou a aplicá-lo em seus pacientes. “Eles montaram uma rádio, assistiram alguns filmes e, a partir da aproximação, foram se fortalecendo como os jovens negros e poderosos que são. Minha vida também mudou ao me instrumentalizar e pensar no impacto do racismo e no fortalecimento da identidade negra, principalmente em um país antinegro como é o Brasil”, explica o psicólogo.

A experiência bem-sucedida serviu de inspiração para alguns textos explicando a Psicologia Preta e um convite do Encontro Nacional de Ensino de Ciências da Saúde, no qual apresentou um minicurso sobre o assunto. A aula, de três horas, foi gravada e assistida por mais de 60 mil pessoas. “A partir daí comecei a receber convites para um curso maior, e surgiu o Introdução à Psicologia Preta, que dura oito horas e onde eu trato de maneira mais contundente o assunto”, afirma.

O curso já passou por Salvador, Porto Alegre, Recife, São Paulo, Rio de Janeiro e, agora, chega a Brasília. O psicólogo conta que o retorno dos alunos tem sido sensacional — só de estar em um espaço de formação com um grupo majoritariamente negro (em geral, são minoria em ambientes de estudo), os alunos se sentem acolhidos e se identificam com os colegas. “Há uma sensação de pertencimento e de se sentir autorizado a falar sobre questões raciais sem ser cortado. Costumo dizer também que criamos um efeito de aquilombamento, entendendo os quilombos como um espaço de proteção onde a gente se reconhece, pensa maneiras de nos fortalecermos em meio a um mundo que quer nos exterminar. É um oásis em meio ao genocídio”, afirma.

As inscrições para a edição brasiliense já estão esgotadas, mas o professor conta que deve organizar uma versão on-line do curso para atender às demandas que só crescem.

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