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Má postura causa coceira em homem por 5 anos: “Me coçava até sangrar”

Em pacientes com prurido braquiorradial, o paciente tem coceira persistente e intensa devido à má postura, que comprime nervo

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Foto colorida de homem com óculos escuros, barba branca e camiseta preta - Metrópoles
1 de 1 Foto colorida de homem com óculos escuros, barba branca e camiseta preta - Metrópoles - Foto: Arquivo pessoal

Uma coceira que não passa é algo que irrita qualquer pessoa. Em condições normais, a situação pode levar minutos para ser resolvida, mas existem casos em que o prurido pode ser persistente a ponto de durar anos, tirando o sono, causando ferimentos e deixando o paciente completamente desesperado.

Foi o caso do aposentado Marcelo Luiz de Simone, de 65 anos, do Rio de Janeiro, que passou cinco anos com uma coceira intensa nos dois antebraços. Nos dois primeiros, ele não tinha ideia do que estava acontecendo e mesmo tentando diversos tratamentos, nada aliviava o problema.

“Eu não tinha qualidade de vida nenhuma. Qualquer objeto que aparecia na minha frente, eu usava para coçar os braços — cheguei a usar até garfos e faca. A pele sangrava e, quanto mais eu coçava, pior ficava”, lembra.

Ele conta que o sintoma começou durante uma viagem para os Estados Unidos. O aposentado tentou várias pomadas para a coceira, mas nada resolvia. Ao voltar para casa, Marcelo passou meses em consultas dermatológicas recebendo diversas receitas dos mais variados remédios. Nenhum funcionou.

“O último dermatologista que fui realizou uma biópsia da ferida que surgiu pela coceira e descartou qualquer problema dermatológico. Ele me falou que não havia mais nada que pudesse fazer por mim, mas me aconselhou a procurar um neurologista, pois poderia ser um prurido braquiorradial”, explica Marcelo.

Segundo o neurocirurgião de coluna Márcio Vinhal, do Hospital DF Star, em Brasília, o prurido braquiorradial é um sintoma da neuropatia periférica. “É um problema neurológico em que há compressão de um nervo da coluna que se ramifica para outras partes do corpo, como o braço”, diz.

A compressão do nervo pode irradiar e apresentar sintomas como coceira, dormencia e queimação nos braços, por exemplo. “É uma patologia muito comum entre pacientes com diabetes, problemas de tireoide e, cada vez mais, em pessoas com má postura”, explica Vinhal.

Coceira relacionada à má postura

Marcelo procurou neurologistas e ortopedistas para fechar o diagnóstico. Um deles receitou bolsa de gelo e hidratante no local irritado, o que aliviou um pouco a coceira. Porém, foi pesquisando na internet que ele descobriu que o problema poderia estar sendo causado pela má postura.

“Depois de dois anos sem saber o que eu tinha, minha namorada Denise, que via todo o meu sofrimento, achou um atendimento fisioterapêutico na internet e resolvi tentar”, conta o aposentado.

Durante a consulta, ele foi orientado a corrigir a postura, evitar alguns exercícios de musculação e acrescentar alongamentos na rotina.

“Sempre pratiquei ciclismo. Todos os dias pedalo e o fisioterapeuta pediu que eu levantasse um pouco mais o guidão da bicicleta, pois a baixa elevação podia ser o motivo da compressão no nervo da coluna. Em um mês, os resultados começaram a aparecer”, lembra Marcelo.

À medida que as coceiras diminuíam, ele entendeu a importância de realizar os exercícios e alongamentos orientados. A série de atividades deve ser realizada duas vezes na semana e toma apenas 15 minutos do dia de Marcelo.

Tratamento

Segundo o fisioterapeuta Abnel Alecrim, que trabalha com o Método McKenzie, o tratamento começa identificando a origem da lesão e a relação dela com os movimentos e posições para, em seguida, definir a conduta de intervenção.

“Os pacientes fazem os exercícios durante um a dois meses e vão ficando gradativamente livres dessa coceira desconfortável e escoriações nos braços”, conta Alecrim.

Em casos em que o tratamento fisioterapêutico não tem êxito, é necessária a intervenção cirúrgica para descomprimir o nervo. “Mas evitamos o processo cirúrgico, uma vez que é invasivo e existem outras terapias disponíveis”, explica o neurocirurgião Vinhal.

Hoje, cinco anos depois, Marcelo ainda sente as coceiras, mas com menos incômodo, sem sangramentos, e pôde voltar a dormir tranquilamente. “Hoje eu sei lidar com a coceira, mas há cinco anos, não. Agora está finalmente controlado”, desabafa.

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