Projeto oferece atendimento psicológico a brasileiros que moram fora
Iniciativa da psicóloga Laura Campestrini pretende ajudar pessoas que estão se preparando para migrar ou já mudaram de país
atualizado
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Antes da pandemia de Covid-19 estourar, a psicóloga Laura Campestrini estava se preparando para mudar para a Alemanha. A crise de saúde mundial cancelou os planos imediatos. Mas, no processo de pesquisa sobre como seria viver em outro país, ela se deparou com questões psicológicas sobre migração e interculturalidade e decidiu trazê-las de sua vida profissional.
Foi assim que nasceu o Escuta Intercultural. A ideia é promover psicoterapia para brasileiros que moram no exterior ou estão se preparando para ir. “Foi uma oportunidade que surgiu com a terapia online, que está regulamentada há alguns anos e permite essa ponte entre os brasileiros que moram fora e os psicólogos no Brasil. O principal ganho dessa relação é a comunicação: compartilhar da mesma língua quando se faz terapia permite abordar assuntos íntimos e subjetivos”, explica. De acordo com ela, as expressões e gírias que fazem parte do português dizem muito sobre o nosso jeito de ser.
As sessões oferecidas por Laura podem abordar questões inerentes para a migração, como o preparatório e a adaptação, mas também temas de saúde mental e autoconhecimento sem que o paciente precise lidar com um profissional de outra cultura, e sendo obrigado a se expressar em outra língua.
O projeto foi lançado na primeira semana de maio, e a recepção tem sido positiva. Brasileiros nos Estados Unidos, Europa e Japão já entraram em contato. Laura conta que muitas pessoas que moram no Brasil também conhecem alguém que está morando fora e procurando psicólogo. “Com o cenário que estamos passando, com o retorno de muitos brasileiros, existe a necessidade de fortalecer a rede de apoio aos brasileiros que ficaram no exterior. A adaptação em uma nova cultura requer ajuda”, diz.
Rompendo o isolamento emocional
Laura sugere que, durante a pandemia, o brasileiro migrante procure grupos no Facebook para amenizar o sentimento de isolamento. A maioria das cidades tem uma comunidade “Brasileiros em” que pode dar suporte às dificuldades e desafios. Outra dica é se inscrever em grupos que tenham interesses semelhantes aos seus. Se gosta de trabalho voluntário, ou jardinagem, busque comunidades que promovam encontros do gênero.
No Instagram do Escuta Intercultural, além de promover a terapia, a psicóloga está inserindo a temática da migração e pretende acrescentar dicas de como entrar em contato com a cultura brasileira mesmo à distância. A ideia é estabelecer um diálogo com quem mora fora e, quando a página estiver mais movimentada, criar grupos online para reunir expatriados vivendo ao redor do mundo.