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Presença de placas no cérebro pode explicar Covid longa, diz estudo

Tomografias mostram que pacientes com Covid longa têm placas no cérebro. Condição pode ser responsável pelos sintomas comuns da doença

atualizado

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exames de imagem de cérebro de pacientes com covid longa. Em vermelho há placas acumuladas
1 de 1 exames de imagem de cérebro de pacientes com covid longa. Em vermelho há placas acumuladas - Foto: Divulgação

Pesquisadores indianos identificaram a primeira evidência de que a Covid-19 pode causar alterações físicas no cérebro. O estudo será apresentado no encontro anual da Sociedade Norte-Americana de Radiologia, que acontece na próxima semana, e conta com exames de imagens detalhados de pacientes diagnosticados com Covid longa.

Nas imagens, é possível notar uma diferença entre os cérebros dos 46 participantes recuperados da Covid-19 e de 30 pessoas que nunca contraíram a doença.

A maioria dos indivíduos que se recuperaram da Covid-19 apresentava alterações na circulação de pequenos vasos sanguíneos no lobo frontal e nas áreas do tronco cerebral do cérebro, causando acúmulo de placas de minerais no órgão. Os participantes saudáveis não tinham a característica.

De acordo com a pesquisadora do Indian Institute of Technology e autora principal do estudo, Sapna Mishra, as regiões cerebrais analisadas têm relação com a fadiga, insônia, ansiedade, depressão e problemas cognitivos, como dificuldades na fala e na coordenação motora.

O acúmulo de placas observadas no lobo frontal revelou mudanças na massa branca do cérebro. Ela é encontrada nas camadas de tecido mais profundas do órgão e é feita de milhões de fibras nervosas que conectam as partes do cérebro e o ligam à medula espinhal.

Segundo os cientistas, as mudanças na massa branca podem causar dificuldade na troca de informações, levando a problemas de memória, mobilidade e equilíbrio.

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Composição das placas

As placas encontradas pelos cientistas no lobo frontal eram compostas de três elementos:

  • Porções do giro frontal orbital inferior esquerdo, que é uma região chave para a compreensão e produção da linguagem;
  • Partes do giro frontal orbital inferior direito, ligado à atenção, inibição motora, imaginação, processos cognitivos sociais e processamento de fala e linguagem;
  • Massa branca.

Outras descobertas

Os pesquisadores da equipe de Sapna também encontraram diferenças significativas na região ventral direita do diencéfalo no cérebro. A área coordena muitas funções corporais importantes, como liberação de hormônios e envio de sinais sensoriais e motores para a superfície externa do cérebro.

As funções destacadas são responsáveis pelo processamento do pensamento, emoções, linguagem e memória. Além disso, são elas que regulam o relógio natural do organismo.

Perspectiva futura

Os cientistas dizem que o estudo é o primeiro a destacar como o vírus Sars-CoV-2 afeta a composição real do cérebro, causando os sintomas de Covid longa.

“Nosso estudo destaca esse novo aspecto dos efeitos neurológicos da Covid-19 e relata anormalidades significativas em sobreviventes da infecção”, explica Sapna no artigo de divulgação do estudo enviado antes da apresentação à Sociedade Norte-Americana de Radiologia.

Ela acrescenta que o trabalho aponta para sérias complicações a longo prazo que podem ser causadas pelo coronavírus mesmo meses após a recuperação da infecção. A equipe continua acompanhando o mesmo grupo de pacientes para determinar se as anormalidades cerebrais persistem por um período de tempo mais longo.

Cabe lembrar que o acúmulo de placas no cérebro também é fortemente associado ao Alzheimer. Dessa forma, a pesquisa indiana também pode ajudar a entender a demência e acender um alerta para o diagnóstico da doença.

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