Presença de placas no cérebro pode explicar Covid longa, diz estudo
Tomografias mostram que pacientes com Covid longa têm placas no cérebro. Condição pode ser responsável pelos sintomas comuns da doença
atualizado
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![exames de imagem de cérebro de pacientes com covid longa. Em vermelho há placas acumuladas](/_next/image?url=https%3A%2F%2Ffly.metroimg.com%2Fupload%2Fq_85%2Cw_700%2Fhttps%3A%2F%2Fuploads.metroimg.com%2Fwp-content%2Fuploads%2F2022%2F11%2F22124945%2Fplacas-no-cerebro-covid-longa-1.jpg&w=1920&q=75)
Pesquisadores indianos identificaram a primeira evidência de que a Covid-19 pode causar alterações físicas no cérebro. O estudo será apresentado no encontro anual da Sociedade Norte-Americana de Radiologia, que acontece na próxima semana, e conta com exames de imagens detalhados de pacientes diagnosticados com Covid longa.
Nas imagens, é possível notar uma diferença entre os cérebros dos 46 participantes recuperados da Covid-19 e de 30 pessoas que nunca contraíram a doença.
A maioria dos indivíduos que se recuperaram da Covid-19 apresentava alterações na circulação de pequenos vasos sanguíneos no lobo frontal e nas áreas do tronco cerebral do cérebro, causando acúmulo de placas de minerais no órgão. Os participantes saudáveis não tinham a característica.
De acordo com a pesquisadora do Indian Institute of Technology e autora principal do estudo, Sapna Mishra, as regiões cerebrais analisadas têm relação com a fadiga, insônia, ansiedade, depressão e problemas cognitivos, como dificuldades na fala e na coordenação motora.
O acúmulo de placas observadas no lobo frontal revelou mudanças na massa branca do cérebro. Ela é encontrada nas camadas de tecido mais profundas do órgão e é feita de milhões de fibras nervosas que conectam as partes do cérebro e o ligam à medula espinhal.
Segundo os cientistas, as mudanças na massa branca podem causar dificuldade na troca de informações, levando a problemas de memória, mobilidade e equilíbrio.
![Fotografia colorida de mulher doente com máscara](https://fly.metroimg.com/upload/q_85,w_600/https://uploads.metroimg.com/wp-content/uploads/2022/01/27141126/Copia-de-3-Cards_Galeria_de_Fotos-16-1.jpg)
Sem ter um nome definitivo, o conjunto de sintomas que continua após a cura da infecção pelo coronavírus é chamado de Síndrome Pós-Covid, Covid longa, Covid persistente ou Covid prolongada Freepik
![Fotografia colorida de Criança doente febre](https://fly.metroimg.com/upload/q_85,w_600/https://uploads.metroimg.com/wp-content/uploads/2021/03/29130250/Crianca-doente-1.jpg)
Denominam-se Covid longa os casos em que os sintomas da infecção duram por mais de 4 semanas. Além disso, alguns outros pacientes até se recuperam rápido, mas apresentam problemas a longo prazo Pixabay
![Fotografia colorida de criança doente](https://fly.metroimg.com/upload/q_85,w_600/https://uploads.metroimg.com/wp-content/uploads/2017/08/24171117/iStock-513543170-e1643300800567.jpg)
Um dos artigos mais recentes e abrangentes sobre o tema é de um grupo de universidades dos Estados Unidos, do México e da Suécia. Os pesquisadores selecionaram as publicações mais relevantes sobre a Covid prolongada pelo mundo e identificaram 55 sintomas principais iStock
![Fotografia colorida de homem doente](https://fly.metroimg.com/upload/q_85,w_600/https://uploads.metroimg.com/wp-content/uploads/2022/01/27133044/Covid-Gripe-Omicron-Delta-1.jpeg)
Entre os 47.910 pacientes que integraram os estudos, os cinco principais sintomas detectados foram: fadiga, dor de cabeça, dificuldade de atenção, perda de cabelo e dificuldade para respirar Getty Images
![](https://fly.metroimg.com/upload/q_85,w_600/https://uploads.metroimg.com/wp-content/uploads/2022/01/27133156/Covid-Gripe-Omicron-Delta-3-1.jpeg)
A Covid prolongada também é comum após as versões leve e moderada da infecção, sem que o paciente tenha precisado de hospitalização. Cerca de 80% das pessoas que pegaram a doença ainda tinham algum sintoma pelo menos duas semanas após a cura do vírus Freepik
![Ilustração colorida do vírus da covid](https://fly.metroimg.com/upload/q_85,w_600/https://uploads.metroimg.com/wp-content/uploads/2022/01/27133915/covid-longa.jpg)
Além disso, um dos estudos analisados aponta que a fadiga após o coronavírus é mais comum entre as mulheres, assim como a perda de cabelo Metrópoles
![Fotografia colorida de Mulher sentada na cama -Metrópoles](https://fly.metroimg.com/upload/q_85,w_600/https://uploads.metroimg.com/wp-content/uploads/2021/11/12173958/ansiedade-isolamento-pandemia-sindrome-saude.jpg)
Especialistas acreditam que a Covid longa pode ser uma "segunda onda" dos danos causados pelo vírus no corpo. A infecção inicial faz com que o sistema imunológico de algumas pessoas fique sobrecarregado, atacando não apenas o vírus, mas os próprios tecidos do organismo Getty Images
![Fotografia colorida de Idoso hospitalizado](https://fly.metroimg.com/upload/q_85,w_600/https://uploads.metroimg.com/wp-content/uploads/2022/01/20143849/idoso-covid-omicron-hospitalizacao-saude.jpg)
Por enquanto, ainda não há um tratamento adequado para esse quadro clínico que aparece após a recuperação da Covid-19. O foco principal está no controle dos sintomas e no aumento gradual das atividades do dia a dia Getty Images
![mulher doente assoa nariz em papel. Ela está deitada no sofá ao lado de medicamentos, covid longa-Metrópoles](https://fly.metroimg.com/upload/q_85,w_600/https://uploads.metroimg.com/wp-content/uploads/2022/01/24182152/Covid-longa-1.jpg)
Apesar de uma total recuperação da doença, estudos recentes da Universidade de Washington em Saint Louis, nos Estados Unidos, alertam que qualquer pessoa recuperada da Covid-19 pode sofrer complicações no ano seguinte à infecção, uma covid longa Getty Images
![Homem internado em hospital usa máscara facial Covid - 19 -Metrópoles](https://fly.metroimg.com/upload/q_85,w_600/https://uploads.metroimg.com/wp-content/uploads/2022/01/24183139/Covid-longa1.jpg)
Foram analisados os dados de 150 mil pessoas que tiveram Covid-19 para chegar às complicações mais comuns Getty Images
![Homem coloca as mãos ao peito, com dor. Ele veste blusa azul-Metrópoles](https://fly.metroimg.com/upload/q_85,w_600/https://uploads.metroimg.com/wp-content/uploads/2022/01/24184350/Covid-longa2.jpg)
O risco de ter um ataque cardíaco, por exemplo, é 63% maior para quem já teve a infecção. A chance de doença arterial coronariana sobe para 72%, e para infarto, 52% Getty Images
![Na imagem uma mulher abraça um homem. Ela está de costas para a câmera](https://fly.metroimg.com/upload/q_85,w_600/https://uploads.metroimg.com/wp-content/uploads/2022/01/24184840/Covid-longa3.jpg)
Também chama a atenção dos cientistas o aumento da quantidade de pacientes com depressão e ansiedade Getty Images
![Idoso internado em hospital é atendido por médico e enfermeira-Metrópoles](https://fly.metroimg.com/upload/q_85,w_600/https://uploads.metroimg.com/wp-content/uploads/2022/01/24185107/Covid-longa4.jpg)
O estudo também registrou casos de Doença Arterial Coroniana, falência cardíaca, coágulos sanguíneos, batimentos irregulares e embolia pulmonar Getty Images
Composição das placas
As placas encontradas pelos cientistas no lobo frontal eram compostas de três elementos:
- Porções do giro frontal orbital inferior esquerdo, que é uma região chave para a compreensão e produção da linguagem;
- Partes do giro frontal orbital inferior direito, ligado à atenção, inibição motora, imaginação, processos cognitivos sociais e processamento de fala e linguagem;
- Massa branca.
Outras descobertas
Os pesquisadores da equipe de Sapna também encontraram diferenças significativas na região ventral direita do diencéfalo no cérebro. A área coordena muitas funções corporais importantes, como liberação de hormônios e envio de sinais sensoriais e motores para a superfície externa do cérebro.
As funções destacadas são responsáveis pelo processamento do pensamento, emoções, linguagem e memória. Além disso, são elas que regulam o relógio natural do organismo.
Perspectiva futura
Os cientistas dizem que o estudo é o primeiro a destacar como o vírus Sars-CoV-2 afeta a composição real do cérebro, causando os sintomas de Covid longa.
“Nosso estudo destaca esse novo aspecto dos efeitos neurológicos da Covid-19 e relata anormalidades significativas em sobreviventes da infecção”, explica Sapna no artigo de divulgação do estudo enviado antes da apresentação à Sociedade Norte-Americana de Radiologia.
Ela acrescenta que o trabalho aponta para sérias complicações a longo prazo que podem ser causadas pelo coronavírus mesmo meses após a recuperação da infecção. A equipe continua acompanhando o mesmo grupo de pacientes para determinar se as anormalidades cerebrais persistem por um período de tempo mais longo.
Cabe lembrar que o acúmulo de placas no cérebro também é fortemente associado ao Alzheimer. Dessa forma, a pesquisa indiana também pode ajudar a entender a demência e acender um alerta para o diagnóstico da doença.
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