metropoles.com

HIV: saiba quais são os riscos de confiar só na PrEP

Medicamentos da PrEP impedem que o usuário se infecte com o HIV, mas são apenas parte das estratégias de prevenção às ISTs

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Geovana Albuquerque/GDF
PrEP: profilaxia anti-HIV não exclui o uso de camisinha Medicamentos de uso contínuo que impedem que o usuário se contamine com o HIV devem ser pensados como parte das estatégias de prevenção
1 de 1 PrEP: profilaxia anti-HIV não exclui o uso de camisinha Medicamentos de uso contínuo que impedem que o usuário se contamine com o HIV devem ser pensados como parte das estatégias de prevenção - Foto: Geovana Albuquerque/GDF

Embora seja distribuída pelo Ministério da Saúde gratuitamente desde 2017, muita gente ainda tem dúvidas sobre a maneira correta de usar a PrEP, a Profilaxia Pré-Exposição ao HIV. O método consegue impedir que o indivíduo seja infectado com o HIV caso tenha contato com o vírus em uma relação desprotegida.

Algumas pessoas consideram que o uso da medicação é suficiente para que a camisinha seja abandonada durante as relações sexuais. Especialistas alertam, entretanto, que deve haver uma combinação de métodos para quem busca estar seguro na hora do sexo.

A PrEP é feita de forma continuada com a ingestão de uma pílula contendo dois medicamentos, o tenofovir e entricitabina. Eles também são usados por pessoas que possuem o HIV para impedir que o vírus se reproduza no organismo.

De acordo com o diretor do Departamento de HIV/AIDS, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis do Ministério da Saúde, Draurio Barreira, a eficácia da PrEP é de 99% contra o HIV caso o indivíduo a siga corretamente. “É um método seguro e eficaz de prevenção contra o HIV, desde que seja feito de forma adequada, com a adesão correta aos comprimidos”, diz.

Para alcançar este nível de proteção, é preciso ter o compromisso de tomar o remédio diariamente. Além disso, a PrEP só funciona para evitar infecções pelo HIV, sendo ineficaz para as outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), como as hapatites e a sífilis.

Cresce o número de usuários da PrEP

Os dados do Ministério da Saúde mostram uma constante adesão ao tratamento no país. Somente neste ano, até 30 de abril, 15.975 pessoas começaram a usar o tratamento. O número é superior a todas as pessoas que iniciaram o uso da profilaxia em 2020, 13.002. Em 2021, foram 23.162. No ano passado, foram 36.519.

A representante de Igualdade e Direitos do Unaids, Ariadne Ribeiro, aponta que a PrEP deve ser pensada como parte de uma rotina de proteção individual planejada por cada pessoa que tem uma vida sexual ativa.

“Ao ter uma relação desprotegida, a pessoa se expõe. Independente do formato dessa relação, mesmo se for com o parceiro de muitos anos e onde exista um pacto de fidelidade, a responsabilidade de prevenção é uma responsabilidade individual. Devemos ser sinceros conosco e saber que uma estratégia de prevenção não elimina a outra, ela complementa”, afirma Ariadne.

Quem pode usar a PrEP?

Atualmente, a PrEP está disponível apenas para públicos prioritários e não para todos que requisitarem seu acesso. Podem pedir o medicamento gratuitamente pessoas que rotineiramente fazem sexo sem proteção ou quem fez uso da PEP (tratamento de profilaxia pós-exposição ao vírus). Homens gays, pessoas transexuais, trabalhadores do sexo, trabalhadores da saúde e pessoas em um relacionamento sorodiferente, que ocorre quando uma pessoa tem o HIV e a outra não.

“Também é indicada a PrEP para quem faz o chamado chemsex, que é a prática sexual sob a influência de drogas psicoativas, como metanfetaminas, cocaína e poppers, com a finalidade de melhorar e facilitar as experiências sexuais”, aponta Barreira.

“A PrEP é muito mais difundida entre os homens que fazem sexo com homens, principalmente aqueles com maior nível educacional. É muito menos conhecida entre pessoas de um nível socioeconômico mais baixo. Ainda há muitas diferenças regionais a serem trabalhadas para universalizar o uso”, diz Ariadne.

13 imagens
A baixa imunidade permite o aparecimento de doenças oportunistas, que recebem esse nome por se aproveitarem da fraqueza do organismo. Com isso, atinge-se o estágio mais avançado da doença, a aids
Os medicamentos antirretrovirais (ARV) surgiram na década de 1980 para impedir a multiplicação do HIV no organismo. Esses medicamentos ajudam a evitar o enfraquecimento do sistema imunológico
O uso regular dos ARV é fundamental para aumentar o tempo e a qualidade de vida das pessoas que vivem com HIV e reduzir o número de internações e infecções por doenças oportunistas
O tratamento é uma combinação de medicamentos que podem variar de acordo com a carga viral, estado geral de saúde da pessoa e atividade profissional, devido aos efeitos colaterais
Em 2021, um novo medicamento para o tratamento de HIV, que combina duas diferentes substâncias em um único comprimido, foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)
1 de 13

HIV é a sigla em inglês do vírus da imunodeficiência humana. Causador da aids, ataca o sistema imunológico, responsável por defender o organismo de doenças. Os primeiros sintomas são muito parecidos com os de uma gripe, como febre e mal-estar. Por isso, a maioria dos casos passa despercebida

Getty Images
2 de 13

A baixa imunidade permite o aparecimento de doenças oportunistas, que recebem esse nome por se aproveitarem da fraqueza do organismo. Com isso, atinge-se o estágio mais avançado da doença, a aids

Anna Shvets/Pexels
3 de 13

Os medicamentos antirretrovirais (ARV) surgiram na década de 1980 para impedir a multiplicação do HIV no organismo. Esses medicamentos ajudam a evitar o enfraquecimento do sistema imunológico

Hugo Barreto/Metrópoles
4 de 13

O uso regular dos ARV é fundamental para aumentar o tempo e a qualidade de vida das pessoas que vivem com HIV e reduzir o número de internações e infecções por doenças oportunistas

iStock
5 de 13

O tratamento é uma combinação de medicamentos que podem variar de acordo com a carga viral, estado geral de saúde da pessoa e atividade profissional, devido aos efeitos colaterais

iStock
6 de 13

Em 2021, um novo medicamento para o tratamento de HIV, que combina duas diferentes substâncias em um único comprimido, foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)

Hugo Barreto/Metrópoles
7 de 13

A empresa de biotecnologia Moderna, junto com a organização de investigação científica Iavi, anunciou no início de 2022 a aplicação das primeiras doses de uma vacina experimental contra o HIV em humanos

Arthur Menescal/Especial Metrópoles
8 de 13

O ensaio de fase 1 busca analisar se as doses do imunizante, que utilizam RNA mensageiro, podem induzir resposta imunológica das células e orientar o desenvolvimento rápido de anticorpos amplamente neutralizantes (bnAb) contra o vírus

Arthur Menescal/Especial Metrópoles
9 de 13

Nos Estados Unidos, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças aprovou o primeiro medicamento injetável para prevenir o HIV em grupos de risco, inclusive para pessoas que mantém relações sexuais com indivíduos com o vírus

spukkato/iStock
10 de 13

O Apretude funciona com duas injeções iniciais, administradas com um mês de intervalo. Depois, o tratamento continua com aplicações a cada dois meses

iStock
11 de 13

O PrEP HIV é um tratamento disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) feito especificamente para prevenir a infecção pelo vírus da Aids com o uso de medicamentos antirretrovirais

Joshua Coleman/Unsplash
12 de 13

Esses medicamentos atuam diretamente no vírus, impedindo a sua replicação e entrada nas células, por isso é um método eficaz para a prevenção da infecção pelo HIV

iStock
13 de 13

É importante que, mesmo com a PrEP, a camisinha continue a ser usada nas relações sexuais: o medicamento não previne a gravidez e nem a transmissão de outras doenças sexualmente transmissíveis, como clamídia, gonorreia e sífilis, por exemplo

Keith Brofsky/Getty Images

Quem toma a PrEP não precisa usar preservativo?

Dados do Unaids mostram que há mais casos de sífilis e gonorreia entre pessoas que usam a PrEP. Para os pesquisadores, o sinal revela a outra face da mesma moeda. Por um lado, a população usando a profilaxia tem uma tendência a se testar com maior frequência e por isso as doenças detectados. Por outro, também pode ser um indicativo de um menor uso de preservativo entre eles.

“Entre os método preventivos, a camisinha é a que tem a maior cobertura de proteção, porque ela cria uma barreira exatamente aonde a infecção geralmente acontece. Mas não podemos culpar a PrEP pela negligência com o preservativo, muitas pessoas não gostam de usar camisinha e e vemos isso, especialmente, entre as populações mais jovens”, indica Ariadne.

Quem toma a PrEP não pode parar nunca?

De acordo com os especialistas, a PrEP é uma forma de prevenção que pode ser usada enquanto foi conveniente para pessoa, não existindo problema em interrompê-la. Cerca de 27% das pessoas que iniciaram o tratamento no Brasil já deixaram de usá-la.

O fundamental é que ao optar pelo metódo se tenha o compromisso de tomar o remédio todos os dias para manter a efetividade do tratamento. “O mais importante é haver o diálogo. Se você tem uma relação com uma pessoa, é importante ter uma conversa com ela sobre os históricos de ISTs e a frequência de exames para que o relacionamento flua melhor”, aponta Ariadne.

Receba notícias do Metrópoles no seu Telegram e fique por dentro de tudo! Basta acessar o canal: https://t.me/metropolesurgente.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comSaúde

Você quer ficar por dentro das notícias de saúde mais importantes e receber notificações em tempo real?