HIV: saiba quais são os riscos de confiar só na PrEP
Medicamentos da PrEP impedem que o usuário se infecte com o HIV, mas são apenas parte das estratégias de prevenção às ISTs
atualizado
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Embora seja distribuída pelo Ministério da Saúde gratuitamente desde 2017, muita gente ainda tem dúvidas sobre a maneira correta de usar a PrEP, a Profilaxia Pré-Exposição ao HIV. O método consegue impedir que o indivíduo seja infectado com o HIV caso tenha contato com o vírus em uma relação desprotegida.
Algumas pessoas consideram que o uso da medicação é suficiente para que a camisinha seja abandonada durante as relações sexuais. Especialistas alertam, entretanto, que deve haver uma combinação de métodos para quem busca estar seguro na hora do sexo.
A PrEP é feita de forma continuada com a ingestão de uma pílula contendo dois medicamentos, o tenofovir e entricitabina. Eles também são usados por pessoas que possuem o HIV para impedir que o vírus se reproduza no organismo.
De acordo com o diretor do Departamento de HIV/AIDS, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis do Ministério da Saúde, Draurio Barreira, a eficácia da PrEP é de 99% contra o HIV caso o indivíduo a siga corretamente. “É um método seguro e eficaz de prevenção contra o HIV, desde que seja feito de forma adequada, com a adesão correta aos comprimidos”, diz.
Para alcançar este nível de proteção, é preciso ter o compromisso de tomar o remédio diariamente. Além disso, a PrEP só funciona para evitar infecções pelo HIV, sendo ineficaz para as outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), como as hapatites e a sífilis.
Cresce o número de usuários da PrEP
Os dados do Ministério da Saúde mostram uma constante adesão ao tratamento no país. Somente neste ano, até 30 de abril, 15.975 pessoas começaram a usar o tratamento. O número é superior a todas as pessoas que iniciaram o uso da profilaxia em 2020, 13.002. Em 2021, foram 23.162. No ano passado, foram 36.519.
A representante de Igualdade e Direitos do Unaids, Ariadne Ribeiro, aponta que a PrEP deve ser pensada como parte de uma rotina de proteção individual planejada por cada pessoa que tem uma vida sexual ativa.
“Ao ter uma relação desprotegida, a pessoa se expõe. Independente do formato dessa relação, mesmo se for com o parceiro de muitos anos e onde exista um pacto de fidelidade, a responsabilidade de prevenção é uma responsabilidade individual. Devemos ser sinceros conosco e saber que uma estratégia de prevenção não elimina a outra, ela complementa”, afirma Ariadne.
Quem pode usar a PrEP?
Atualmente, a PrEP está disponível apenas para públicos prioritários e não para todos que requisitarem seu acesso. Podem pedir o medicamento gratuitamente pessoas que rotineiramente fazem sexo sem proteção ou quem fez uso da PEP (tratamento de profilaxia pós-exposição ao vírus). Homens gays, pessoas transexuais, trabalhadores do sexo, trabalhadores da saúde e pessoas em um relacionamento sorodiferente, que ocorre quando uma pessoa tem o HIV e a outra não.
“Também é indicada a PrEP para quem faz o chamado chemsex, que é a prática sexual sob a influência de drogas psicoativas, como metanfetaminas, cocaína e poppers, com a finalidade de melhorar e facilitar as experiências sexuais”, aponta Barreira.
“A PrEP é muito mais difundida entre os homens que fazem sexo com homens, principalmente aqueles com maior nível educacional. É muito menos conhecida entre pessoas de um nível socioeconômico mais baixo. Ainda há muitas diferenças regionais a serem trabalhadas para universalizar o uso”, diz Ariadne.
Quem toma a PrEP não precisa usar preservativo?
Dados do Unaids mostram que há mais casos de sífilis e gonorreia entre pessoas que usam a PrEP. Para os pesquisadores, o sinal revela a outra face da mesma moeda. Por um lado, a população usando a profilaxia tem uma tendência a se testar com maior frequência e por isso as doenças detectados. Por outro, também pode ser um indicativo de um menor uso de preservativo entre eles.
“Entre os método preventivos, a camisinha é a que tem a maior cobertura de proteção, porque ela cria uma barreira exatamente aonde a infecção geralmente acontece. Mas não podemos culpar a PrEP pela negligência com o preservativo, muitas pessoas não gostam de usar camisinha e e vemos isso, especialmente, entre as populações mais jovens”, indica Ariadne.
Quem toma a PrEP não pode parar nunca?
De acordo com os especialistas, a PrEP é uma forma de prevenção que pode ser usada enquanto foi conveniente para pessoa, não existindo problema em interrompê-la. Cerca de 27% das pessoas que iniciaram o tratamento no Brasil já deixaram de usá-la.
O fundamental é que ao optar pelo metódo se tenha o compromisso de tomar o remédio todos os dias para manter a efetividade do tratamento. “O mais importante é haver o diálogo. Se você tem uma relação com uma pessoa, é importante ter uma conversa com ela sobre os históricos de ISTs e a frequência de exames para que o relacionamento flua melhor”, aponta Ariadne.
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