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Preconceito: 46% da população associam dermatite atópica à falta de higiene

Especialista explica que a doença não contagiosa e o preconceito é um grande problema enfrentado pelos pacientes

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Imagem colorida de mulher com dermatite atópica
1 de 1 Imagem colorida de mulher com dermatite atópica - Foto: Getty Images

Os pacientes diagnosticados com dermatite atópica (DA) precisam lidar com uma série de sintomas desconfortáveis, como pele irritada com vermelhidão, erupções cutâneas e coceira intensa. Além disso, eles ainda enfrentam diariamente o preconceito, segundo revelou uma pesquisa da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), realizada pelo Instituto Datafolha com apoio institucional da biofarmacêutica AbbVie.

O levantamento, divulgado nesta quinta-feira (23/9), ouviu 1.001 pessoas de todas as regiões do país, com idade média de 43 anos. Elas foram entrevistadas por telefone entre 9 e 23 de outubro de 2020.

De acordo com a pesquisa, para 47% da população, a condição é causada por maus hábitos de higiene; enquanto 46% creem que os pacientes não podem ter contato com crianças. Para 36% dos entrevistados, as pessoas com manifestações visíveis da doença não deveriam sequer sair de casa para frequentar a escola ou o trabalho, e 33% acreditam que elas não poderiam usar o transporte público.

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Mulheres podem ter e escolher acompanhante durante consultas e exames, inclusive ginecológicos, em estabelecimentos públicos e privados de saúde no Distrito Federal
Os primeiros sintomas costumam surgir na infância, e a maioria dos pacientes é criança
Além de enfrentar uma condição que é caracterizada por lesões na pele, o paciente ainda sofre preconceito
Segundo levantamento do Datafolha, apesar de ser uma doença genética crônica, 47% dos entrevistados acreditam que a condição é causada por maus hábitos de higiene
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Os principais sintomas da dermatite atópica são coceira, pele seca, pele irritada com vermelhidão, descamação e pequenas bolhas

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Mulheres podem ter e escolher acompanhante durante consultas e exames, inclusive ginecológicos, em estabelecimentos públicos e privados de saúde no Distrito Federal

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Os primeiros sintomas costumam surgir na infância, e a maioria dos pacientes é criança

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Além de enfrentar uma condição que é caracterizada por lesões na pele, o paciente ainda sofre preconceito

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Segundo levantamento do Datafolha, apesar de ser uma doença genética crônica, 47% dos entrevistados acreditam que a condição é causada por maus hábitos de higiene

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A médica Maria Cecilia da Matta Rivitti Machado, assessora do Departamento de Dermatologia Pediátrica da SBD, explica que a dermatite atópica não é uma doença contagiosa e o preconceito é um grande problema para os pacientes. “Nós [dermatologistas] sabemos que existe muito preconceito em relação às lesões da pele”, afirma Maria Cecilia. “A maior parte delas não é contagiosa, ao contrário do que se imagina”, esclarece.

Natália Souza Medeiros, dermatologista do Hospital Santa Lúcia Sul, em Brasília, enfatiza que os pacientes que têm dermatite atópica precisam de apoio e compreensão de familiares, amigos, e da sociedade como um todo.

“Nem sempre é uma doença de fácil controle e, em alguns casos, os pacientes precisam até de internação devido à extensão de suas lesões e consequentes infecções. Dar apoio ajuda-os a aceitar e enfrentar a doença, seguindo o tratamento com maior adesão. O preconceito só aumenta o estresse nesse paciente, que pode ser um fator desencadeante para crises”, afirma.

A DA é uma doença genética, inflamatória, crônica e recidivante que afeta de 15% a 25% das crianças e cerca de 7% dos adultos. Eles sofrem com alterações na barreira cutânea e na resposta imunológica.

Os primeiros sintomas tendem a aparecer ainda na infância, mas em alguns casos podem ter início na vida adulta, acompanhados de outros quadros alérgicos, como rinite e sinusite. Metade dos pacientes apresenta pelo menos quatro dos cinco sintomas da doença, como coceira (87%), pele seca (86%), pele irritada com vermelhidão (73%), descamação (55%) e pequenas bolhas que se rompem e minam água (37%). Dentre eles, apenas 36% foram diagnosticados corretamente.

“A dermatite atópica afeta a vida do paciente e da família. O principal ponto disso é a coceira, que é contínua, às vezes com uma acentuação no período noturno. Isso atrapalha o sono, leva à dificuldade de manter a atenção durante o dia, de ter uma performance na escola e no trabalho”, afirma a médica da SBD.

Dificuldade na identificação

O diagnóstico correto ainda é um problema para a maioria das pessoas. De acordo com a pesquisa Datafolha, apenas 37% da população tem conhecimento para reconhecer os sintomas da doença e, mesmo entre esse público, a informação é parcial. Para 21% dos entrevistados, trata-se de uma reação alérgica, e outros 21% a veem apenas como uma doença de pele.

Até 59% dos brasileiros já apresentaram ao menos um dos sintomas característicos da doença, mas tanto entre os adultos (32%) quanto entre as crianças (46%), a alergia é dada como o principal diagnóstico. Até mesmo as pessoas que apresentam vários sinais – 34% dos adultos e 23% das crianças – saíram das consultas sem saber o que têm.

“O maior problema de tratar a dermatite atópica como uma alergia é a confusão sobre desencadeantes. A condição é uma doença inflamatória crônica da pele. Apenas uma parte dos pacientes têm um componente alérgico no quadro. A maior parte das pessoas pode ter alergias em outros órgãos e sistemas, mas o quadro cutâneo é mais relacionado a uma inflamação crônica e cíclica da pele, sem um desencadeante alérgico externo”, conta Maria Cecilia.

Entre os adultos que apresentaram três ou mais sintomas de dermatite atópica, 53% não procuraram um médico, enquanto 33% dos pacientes e 67% dos cuidadores que buscaram ajuda especializada precisaram ir em dois ou mais profissionais diferentes para chegarem ao tratamento adequado.

“Procure o seu médico dermatologista, o tratamento é demorado, mas os resultados são muito recompensadores, principalmente se você trata a doença no início”, completa Maria Cecilia.

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