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Prazos para atendimento dificultam o tratamento da diabetes no Brasil

Levantamento realizado pelo Vozes do Advocacy em Diabetes e Obesidade envolveu 1.843 pessoas diagnosticadas com a doença

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Glicosímetro plano com listras de teste e pílulas em fundo azul. Metrópoles
1 de 1 Glicosímetro plano com listras de teste e pílulas em fundo azul. Metrópoles - Foto: Getty Images

Uma pesquisa brasileira inédita aponta que o tempo de espera para agendamento de consultas médicas é uma das maiores barreiras no tratamento do diabetes no Brasil.

Segundo o levantamento intitulado Radar Nacional sobre Tratamento de Diabetes no Brasil, realizado pela consultoria Imagem Corporativa, 13% dos pacientes não recebem orientação regular para acompanhamento, o que representa cerca de 2 milhões de brasileiros.

Este cenário impacta diretamente no controle da glicemia, com 30% dos respondentes apresentando hemoglobina glicada acima de 7%, indicador de risco elevado.

Em relação ao acesso a especialistas, 58% dos pacientes com diabetes são atendidos por médicos da família em vez de endocrinologistas, que têm especialização sobre a condição. A falta de acompanhamento especializado reflete-se nas altas taxas de complicações da doença, como retinopatia diabética (27%), neuropatia (32%), problemas cardiovasculares (25%) e feridas nos pés (10%).

“As pessoas com diabetes no Brasil são acompanhadas na sua maioria por médicos da família ou clínicos, que nem sempre apresentam treinamento adequado para essa patologia”, explica Monica Gabbay, professora e coordenadora do ambulatório de tecnologia em diabetes na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

A pesquisa destaca que os prazos para agendamento e consultas médicas são mal avaliados pelos pacientes, recebendo uma média de 4,8 em uma escala de zero a dez.

Para 54% dos entrevistados, o tempo de espera para consulta com oftalmologistas, essenciais para o diagnóstico de complicações visuais, ultrapassa três meses. A quantidade de médicos disponíveis (nota 5,6) e o acesso a resultados de exames (nota 5,5) também foram classificados como insuficientes.

Populações mais vulneráveis sofrem os maiores impactos

Os dados mostram que as populações mais vulneráveis são as mais prejudicadas. Entre as classes D/E e pessoas que se identificam como pretas, a média de avaliação dos serviços é frequentemente inferior a cinco.

A coordenadora do Vozes do Advocacy em Diabetes e Obesidade, Vanessa Pirolo, afirma que o cenário reflete desigualdades no acesso ao tratamento.

“Problemas graves são apontados, principalmente pela população mais pobre, como barreiras que dificultam o acesso ao tratamento da doença no Brasil. Precisamos de mais investimentos, profissionais qualificados e atenção do poder público nessas questões”, alerta.

Apesar das dificuldades, 77% dos pacientes contam com serviços gratuitos, sendo o Sistema Único de Saúde (SUS) responsável por 72% desse atendimento.

Entre os que não têm plano de saúde, o tempo de espera é ainda mais crítico, recebendo nota média de 4,3. Em contrapartida, pacientes com convênio deram uma nota média de 6,3 para o atraso. Já entre os pacientes com diabetes tipo 1, que demandam um acompanhamento mais especializado, a taxa de insatisfação com o tempo de espera é maior.

A adesão ao tratamento também enfrenta obstáculos. Segundo Vanessa, o baixo número de especialistas disponíveis limita o atendimento tanto de diabetes quanto de condições associadas, como hipertensão e colesterol alto.

Para o professor Caio Regatieri, do Departamento de Oftalmologia da Unifesp, é essencial que o acompanhamento oftalmológico seja regular. “O diagnóstico precoce da retinopatia diabética é essencial para que pacientes com diabetes possam receber tratamento de forma oportuna, preservando a visão e evitando complicações irreversíveis”, explica.

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A diabetes surge devido ao aumento da glicose no sangue, que é chamado de hiperglicemia. Isso ocorre como consequência de defeitos na secreção ou na ação do hormônio insulina, que é produzido no pâncreas
A função principal da insulina é promover a entrada de glicose nas células, de forma que elas aproveitem o açúcar para as atividades celulares. A falta da insulina ou um defeito na sua ação ocasiona o acúmulo de glicose no sangue, que em circulação no organismo vai danificando os outros órgãos do corpo
Uma das principais causas da doença é a má alimentação. Dietas ruins baseadas em alimentos industrializados e açucarados, por exemplo, podem desencadear diabetes. Além disso, a falta de exercícios físicos também contribui para o mal
A diabetes pode ser dividida em três principais tipos. A tipo 1, em que o pâncreas para de produzir insulina, é a tipagem menos comum e surge desde o nascimento. Os portadores do tipo 1 necessitam de injeções diárias de insulina para manter a glicose no sangue em valores normais
Já a diabetes tipo 2 é considerada a mais comum da doença. Ocorre quando o paciente desenvolve resistência à insulina ou produz quantidade insuficiente do hormônio. O tratamento inclui atividades físicas regulares e controle da dieta
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A diabetes é uma doença que tem como principal característica o aumento dos níveis de açúcar no sangue. Grave e, durante boa parte do tempo, silenciosa, ela pode afetar vários órgãos do corpo, tais como: olhos, rins, nervos e coração, quando não tratada

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A diabetes surge devido ao aumento da glicose no sangue, que é chamado de hiperglicemia. Isso ocorre como consequência de defeitos na secreção ou na ação do hormônio insulina, que é produzido no pâncreas

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A função principal da insulina é promover a entrada de glicose nas células, de forma que elas aproveitem o açúcar para as atividades celulares. A falta da insulina ou um defeito na sua ação ocasiona o acúmulo de glicose no sangue, que em circulação no organismo vai danificando os outros órgãos do corpo

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Uma das principais causas da doença é a má alimentação. Dietas ruins baseadas em alimentos industrializados e açucarados, por exemplo, podem desencadear diabetes. Além disso, a falta de exercícios físicos também contribui para o mal

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A diabetes pode ser dividida em três principais tipos. A tipo 1, em que o pâncreas para de produzir insulina, é a tipagem menos comum e surge desde o nascimento. Os portadores do tipo 1 necessitam de injeções diárias de insulina para manter a glicose no sangue em valores normais

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Já a diabetes tipo 2 é considerada a mais comum da doença. Ocorre quando o paciente desenvolve resistência à insulina ou produz quantidade insuficiente do hormônio. O tratamento inclui atividades físicas regulares e controle da dieta

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A diabetes gestacional acomete grávidas que, em geral, apresentam histórico familiar da doença. A resistência à insulina ocorre especialmente a partir do segundo trimestre e pode causar complicações para o bebê, como má formação, prematuridade, problemas respiratórios, entre outros

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Além dessas, existem ainda outras formas de desenvolver a doença, apesar de raras. Algumas delas são: devido a doenças no pâncreas, defeito genético, por doenças endócrinas ou por uso de medicamento

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É comum também a utilização do termo pré-diabetes, que indica o aumento considerável de açúcar no sangue, mas não o suficiente para diagnosticar a doença

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Os sintomas da diabetes podem variar dependendo do tipo. No entanto, de forma geral, são: sede intensa, urina em excesso e coceira no corpo. Histórico familiar e obesidade são fatores de risco

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Alguns outros sinais também podem indicar a presença da doença, como saliências ósseas nos pés e insensibilidade na região, visão embaçada, presença frequente de micoses e infecções

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O diagnóstico é feito após exames de rotina, como o teste de glicemia em jejum, que mede a quantidade de glicose no sangue. Os valores de referência são: inferior a 99 mg/dL (normal), entre 100 a 125 mg/dL (pré-diabetes), acima de 126 mg/dL (Diabetes)

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Qualquer que seja o tipo da doença, o principal tratamento é controlar os níveis de glicose. Manter uma alimentação saudável e a prática regular de exercícios ajudam a manter o peso saudável e os índices glicêmicos e de colesterol sob controle

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Quando a diabetes não é tratada devidamente, os níveis de açúcar no sangue podem ficar elevados por muito tempo e causar sérios problemas ao paciente. Algumas das complicações geradas são surdez, neuropatia, doenças cardiovasculares, retinoplastia e até mesmo depressão

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Vacinação entre os que têm diabetes

Outro desafio destacado pela pesquisa é a baixa adesão às vacinas entre pessoas com diabetes. Apesar de a maioria (93%) utilizar vacinas gratuitas pelo SUS, apenas 11% já se vacinaram nos Centros de Referência de Imunobiológicos Especiais (CRIEs), destinados a grupos de risco.

“Isso só mostra a necessidade de campanhas informativas a respeito dos riscos que pacientes diabéticos têm em desenvolver formas graves de doenças evitáveis pela vacinação, bem como dos benefícios da imunização”, ressalta o pediatra Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

A pesquisa teve apoio da AstraZeneca, Bayer, Boehringher, Genom, GSK, Medtronic, NovoNordisk, Roche e Servier e foi realizada entre 1º de julho e 22 de agosto de 2024, com uma amostra de 1.843 pessoas com diagnóstico de diabetes e margem de erro de 2 pontos percentuais.

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