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PPK em chip: tecnologia testa tratamentos para infecções bacterianas

Chip de silicone revestido com tecido de doadoras humanas pode ajudar cientistas a testar medicamentos para infecções bacterianas

atualizado

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ilustração de uma vagina
1 de 1 ilustração de uma vagina - Foto: Getty Images

O bioengenheiro Don Ingber, da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, produz órgãos humanos usando pedaços flexíveis de silicone. Eles são esculpidos com pequenos canais e imitam as complexas interações físicas entre células e fluidos. Agora, o cientista acrescentou mais um órgão à lista: a vagina. O artigo foi publicado em 26/11 na revista científica BMC.

A “vagina em um chip” foi feita a partir de células vaginais doadas por duas mulheres. O modelo cresceu dentro de lascas de borracha de silicone do tamanho de um chiclete, formando canais que respondiam ao hormônio estrogênio e a bactérias.

O chip imitou com sucesso as principais características do microbioma vaginal, formado por comunidades de bactérias que garantem a saúde do órgão. De acordo com os cientistas, ele imita uma vagina real e responde a ambientes bacterianos bons e ruins.

Durante o experimento, os pesquisadores expuseram o tecido a um coquetel de lactobacilos, bactérias que digerem açúcares e produzem ácido lático. Elas criam um ambiente ácido dentro da vagina e a protegem de infecções.

Quando os cientistas cultivaram um tipo de bactéria infecciosa sem os lactobacilos, a inflamação aumentou e as células foram rapidamente danificadas. Essa reação é semelhante ao que acontece na vaginose bacteriana, quando bactérias nocivas controlam o microbioma vaginal, diminuindo a acidez dele. Isso provoca coceira e aumento da secreção.

A vaginose bacteriana, quando não tratada adequadamente com antibióticos, aumenta o risco de infecções sexualmente transmissíveis e de câncer cervical. Em mulheres grávidas, ela pode aumentar o risco de parto prematuro ou baixo peso ao nascer. Mesmo com tantos riscos, a doença ainda é pouco estudada.

O chip desenvolvido pela equipe de Ingber permite que infecções como a vaginose sejam estudadas em ambientes mais parecidos com o órgão feminino. Apesar disso, os cientistas alertam que há limitações.

“A vida real é muito mais complicada do que a vagina em um chip”, disse Lev-Sagie, pesquisador israelense que estudou os primeiros transplantes de microbioma vaginal do mundo.

De acordo com o especialista do Hadassah Medical Center, em Jerusalém, o microbioma vaginal muda substancialmente em resposta à menstruação, relações sexuais, flutuações hormonais e uso de antibióticos. Além dos fatores apontados, existem células na vagina que são importantes, mas não foram incluídas no estudo.

A criação de um modelo mais sofisticado do que a vagina de chip ainda exigirá estudos sobre como exatamente o microbioma funciona e como ele responde às doenças. Mesmo assim, o modelo criado pela equipe já é considerado um grande avanço para as pesquisas sobre doenças vaginais.

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